Capítulo 25

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Marília estava deitada na cama do seu quarto no galpão e Pyro nos seus pés, quietinho. Ela não sabia como processar as informações da carta e queria passar aquela noite sozinha. Disse para Gordon que teve um problema e por isso não apareceu. Ele entendeu e disse que tudo correu bem lá e quem nem foi preciso a presença dela.

Ela esqueceu de desejar boa noite para Maraisa, que tentou ligar para ela, mas ao olhar o nome da namorada no visor, Marília não teve coragem de atender. Colocou o celular no silencioso e o descartou em qualquer canto do quarto.

Agora ela olhava para o anel com total atenção, viajando em teorias e enigmas que ele carregava. Que ele era da família da sua mãe ela sabia, porque era oque Dung disse na carta, mas quem era a família de sua mãe? Ela se lembra de quando perguntou dos seus avós para a sua mãe. " Eles moram muito longe " a mais velha disse e quando Marília tentou insistir no assunto sua mãe lhe repreendeu.

Marília não perguntou mais dos seus avós para Ruth, porque foi a primeira vez que viu sua mãe falou daquele jeito com ela. Então ela decidiu não chatea-la mais com aquele assunto. Mas agora ela gostaria de ter insistido, porque parecia que ela não sabia nada da história dela. 

A irritou muito, pois além de ter esquecido boa parte do dia do incidente em que perdeu seus pais, ela ainda não sabia das suas origens. Marília pensava que as únicas pessoas que teriam a resposta estavam agora mortas. Aparentemente em Miami, em um endereço que Dung passou pela carta, existia uma pessoa que a tiraria um pouco da escuridão em que estava. 

Ela sentia que faltava alguma coisa dentro dela, sabia que a falta que ela sentia de Maraisa tinha bastante haver com isso. O problema era que o sentimento cresceu depois que ela saiu do restaurante e conseguiu apenas tranquilizar seu amigo para poder despacha-lo e se isolar. Estava sendo quase impossível permanecer quieta.

Ela sabia oque poderia aliviar a sua mente e lhe dar um pouco de anestesia de seu conflito interno, mas desde que conheceu Maraisa ela nunca mais usou essa droga em específico. Estava indo muito bem sem ela enquanto Camila era a dona de seus pensamentos, oque não era o caso naquele momento. 

No galpão não era permitido, mas ela tinha guardado numa caixa de sapatos dois saquinhos, um contendo cocaína pura e a outra maconha para entregar amanhã para um amigo pessoal dela. Marília se levantou da cama num pulo assustando Pyro que levantou a cabeça e ficou de orelhas em pé. 

Se agachou em um canto do amontoado de coisas que tinha naquele quarto e pegou a tal caixa. Lá estavam os dois saquinhos, ela pegou o de maconha e jogou ele duas vezes à poucos centímetros no ar, mas seus olhos foram para o pó logo ali. De repente ela sentiu seus batimentos já aumentando e sua boca secando, ela olhou para Pyro que voltou a repousar a sua cabeça, mas olhava para ela atento.

- É só desta vez. - o cachorro passou a língua no focinho e começou a abanar o rabo - não conta pro Vic, ele vai encher o meu saco. - Pyro grunhiu baixo ainda abanando o rabo e deu um latido - não vem me dar uma lição de moral você.

Marília jogou o saquinho que segurava e pegou o de pó branco. Pyro saiu da cama e abocanhou o pacote para o desespero dela, que começou a persegui-lo até encurrala-lo em cima da cama e tentar tirar o pacote sem que ele furasse e desse uma overdose no animal. Ela coçou a barriga dele que soltou o pacote na hora.

 - Olha oque você fez. - ela disse pegando o pacote com dois dedos - todo babado. 

Pyro veio pra brincar com ela, mas Marília o empurrou e se jogou na cama, enxugando o pacote com a camisa. Ela se inclinou e pegou a caixa de sapato colocando em seu colo, abriu para pegar um cartão de banco e fechou de novo. Passou a mão em cima algumas vezes para tirar a poeira e pegou o pacotinho de cocaína.

Firebird - Nascida das Cinzas - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora