Pov Helena
Depois que Clara foi embora, atendi outros alunos do prédio que estavam marcados para aquela manhã, quando chego em meu apartamento são quase meio-dia. Enquanto preparo meu almoço minha cabeça viaja até ela, Clara, desde que a conheci que não consigo tirar - la da cabeça, não acreditei quando me contou da situação que estava seu casamento, não entra na minha cabeça como alguém pode tratar aquela mulher mal que além de muito bonita é adorável com seu jeitinho tímido de ser. Quando a abracei senti um arrepio, como uma corrente elétrica percorrendo meu corpo, quase entro em um estado de hipnose ao sentir seu cheiro levemente adocicado.
Tenho medo dessas sensações, quando me apaixono sou muito intensa, realmente me doo por inteira, até agora não me relacionei com alguém que lide bem com esse meu jeito e Clara é roubada, além de ainda ser casada não faço a mínima se ela gosta de mulheres, então as chances de quebrar a cara são maiores, só que meu coração é traidor, não faz o que minha cabeça manda.
Não tenho certeza se consigo matar qualquer tipo de sentimento que está nascendo em mim em relação a ela, só a simples imagem daquela mulher na minha cabeça já me faz abrir um sorriso bobo, mesmo ainda que nós tivéssemos pouco contato. Tudo nela era tão bonito, o sorrisinho tímido, os olhinhos pequenos, as mechinhas loiras se destacando entre seus longos cabelos castanhos e suas curvas, uma pena que ela não se enxerga dessa maneira, não imagino quantas inseguranças o marido a causou.
Enfim, decidi deixar esses pensamentos de lado e almoço tranquila.
Estou sem nada para fazer hoje pois não tinha alunos marcados para o turno da tarde, então depois de tomar um belo banho resolvo dormir um pouco já que havia acordado muito cedo. Desperto quando escuto o som estridente do meu celular, o pego na mesinha estranhando por ser um número desconhecido mas atendo mesmo assim.- Alô? Quem é? - pergunto curiosa me surpreendendo com a voz que ressoa do outro lado da linha.
- Oi Helena, aqui é a Clara da academia, tudo bem?
- Ah oi Clara, tudo bem sim e com você? Que bom que salvou meu número!
- Por aqui tá tudo ok, é.. que eu queria te fazer um convite já que aparentemente somos amigas agora...
- Sou toda ouvidos - respondo um pouco ansiosa
- Eu queria saber se você não quer ir em um barzinho que fica aqui perto, meu filho saiu com uns amigos, o pai dele está viajando a negócios e eu não queria ficar sozinha, se não for te atrapalhar em nada claro - a escuto com atenção e topo na hora, ela me passa o endereço por mensagem e combinamos de nos encontrar lá às oito da noite.
Uma hora antes do combinado começo a me arrumar, tomando um banho morninho para acalmar a ansiedade, seco meus fios curtos os colocando de lado e escolho um vestido longo soltinho laranja com decote em V na parte da frente e aberto nas costas. Complemento meu visual com um brinco discreto, alguns anéis, uma sandália baixa e no meu rosto uma maquiagem super básica.
Antes de sair de casa coloco ração para a minha gatinha e desço até o estacionamento do meu prédio, logo estou dirigindo rumo ao endereço que Clara me passou, quase não acreditei quando ela me chamou para sair mas trato de me lembrar que isso não era um encontro, só uma noite descontraída entre amigas. Chego no bar e ela ainda não havia chegado, então sento em uma mesa pedindo um drink quando um garçom vem até mim, passando alguns minutos a vejo e meu coração parece dar uma cambalhota dentro do peito enquanto ela caminha até mim.
Minha aluna vestia um macacão vermelho colado, uma sandália alta e seus cabelos estavam soltos, completamente linda. A recebo com um curto abraço fazendo menção para que se sentasse de frente para mim.
- Oi Helena, tô muito atrasada?
- Que nada, eu também acabei de chegar praticamente, ainda estou no primeiro drink. Adorei o ambiente, é bem tranquilo do jeito que eu gosto.
- Ah, que bom que você gostou - diz simpática e chama o garçom pedindo um drink, quando chega ela começa a beber no canudo, tento disfarçar meu olhar que insiste em parar nos seus lábios. No momento seguinte se passam uns três drinks e estamos rindo de alguma história que Clara me contou da sua época de modelo.
- Sabe Clara, eu estou gostando muito de estar aqui com você, de te ver sorrindo. Você é tão interessante.. - quando me dou conta as palavras já saíram pela minha boca, talvez seja o pouco do álcool que consumi me dando coragem.
- Eu também te acho interessante Helena, desde o primeiro momento você me cativou de alguma maneira, depois de tantos anos casada eu estou me descobrindo novamente como mulher e você está fazendo parte disso de certa forma. A sua ajuda e companhia tem me feito muito bem - Clara me confidencia e eu quase tenho um treco ao percebê - la se aproximando invadindo meu espaço pessoal. Sei que talvez ela se arrependa depois mas não recuo, me deixo levar pelo momento, nossos narizes se encaixam quando seus lábios finalmente tocam os meus.
Clara que tem a atitude de intensificar o beijo, pedindo permissão para adentrar sua língua em minha boca enquanto segurava minha nuca, saboreio o gosto de seu beijo como se dependesse daquele contato, sugo seu lábio inferior e sinto Clara suspirar, nos beijávamos com paixão e nos separamos apenas por falta de ar,mas prolonguei nossa proximidade deixando alguns selinhos em sua boca.
- O que foi, porque me olha desse jeito? - pergunto afastando uma mecha de cabelo que cobria um pouco seus olhos.
- Eu tô um pouco envergonhada... te beijar parece que foi a coisa mais certa e mais errada ao mesmo tempo, porque eu gostei muito..
- Eu também gostei Clara, mas eu não devo criar expectativas não é, você se arrependeu porque ainda é casada. - digo em um tom mais sério deduzindo sua próxima fala.
- Não Helena, claro que não me arrependo de ter te beijado, só vamos com calma, eu estou saindo de um casamento de anos, que sempre foi conturbado inclusive. Mas é só questão de tempo para eu me separar, conversei com Ben que é um colega advogado e já dei entrada nos papéis do divórcio, eu sei que é muito cedo para decidir algo mas não quero você fora da minha vida. O Theo me traía com todas as mulheres possíveis, e com a terapia eu me dei conta de que mereço o melhor.
- E você já sabe o que seria esse melhor? - pergunto descarada em tom de flerte.
- Não sei, acho que prefiro manter em segredo até ter certeza - a mulher me responde com a voz num tom provocativo e eu só penso no quanto eu estou ferrada.
E aí, o que me dizem?
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Clarena - Uma paixão sem freios
RomanceNinguém manda no coração, disso a personal trainer Helena Weinberg podia ter certeza.