-Grave. Muito grave.
O meu coração parou por uns segundos. Sustive a respiração. Comecei a ver tudo desfocado numa milésima de segundo.
-Harry...eu...eu...
-Eu sei, eu sei. Mas agora temos de ir.
Apenas consegui começar a andar, seguindo-o. Ainda não sentia o coração a bater e respirar tornava-se cada vez mais uma tarefa difícil. A Agnes e o Niall estavam mesmo no hospital.
-Mais rápido Daise. - pediu o Harry.
Entrei no carro com o Harry e fechei a porta, ainda em choque. Ele iniciou uma condução rápida e atribulada.
-Vai ficar tudo bem. - colocou a sua mão em cima da minha coxa, um gesto que me reconfortou minimamente.
-Harry, abranda por favor. - pedi conseguindo finalmente verbalizar alguma coisa.
-Está tudo sob controlo.
Chegamos ao hospital, estava cheio de pessoas, gritos de bebés, lamurias, queixas e choros. Odiava hospitais desde que me podia lembrar.
Eu e o Harry aproximamos-nos da receção.
-Boa tarde. Dois amigos nossos deram entrada aqui ontem à noite. Niall Horan e... - foi interrompido pela recepcionista.
-O loirinho giro e a namorada estão no piso cinco, quarto 222. - que bela recepcionista, pensei sarcasticamente.
Andamos rapidamente até ao primeiro elevador que encontramos. Demorou uns segundos e assim que chegou entramos e o Harry clicou no botão 5. Estávamos os dois sozinhos. O silêncio mantinha-se entre nós. Assim que as portas do elevador abriram, corremos para o quarto 222. Nesse quarto haviam 4 camas, apenas 2 ocupadas: Niall e Agnes.
Uma enfermeira analisava Agnes cuidadosamente.
-Desculpe, podemos entrar? - perguntei.
-São familiares? - sabia que se disséssemos que éramos amigos, não nos deixaria entrar.
-Sim. Primos direitos do Niall. - mentiu Harry. A enfermeira acenou.
-Como estão eles? - perguntei dando a mão a Agnes.
-O Sr. Niall está num estado grave, mas não de risco. Tem a perna esquerda fraturada, um traumatismo craniano e alguns hematomas. A Sra. Agnes chegou cá com uma hemorragia interna, pensamos que não iria aguentar, mas aguentou. Fraturou 2 costelas.
Ambos estavam muito quietos, pálidos e com inúmeros hematomas roxos nas partes do corpo que eram visíveis: a cara, o pescoço e os pulsos. O resto de ambos os corpos estava tapado com um bata verde e um lençol branco com um coberta bêje por cima.
Não me consegui conter mais e comecei a chorar. Levei as mãos à cara de modo a evitar os meus habituais soluços. Senti o olhar de Harry em mim.
Abraça-me, por favor Harry, pensei.
Harry avançou alguns passos na minha direção e abraçou-me contra o seu peito, enquanto me fazia festas no cabelo e me dava beijos na testa.
As lágrimas corriam-me pela cara abaixo e eu só pensava no que seria de mim sem eles os dois.
-Eles vão ficar bem, certo enfermeira? - perguntou o Harry sem me largar.
-Vão. Mas não tão cedo. Vou vos deixar uns minutos a sós. - sorriu escassamente e saiu do quarto.
-Desculpa. - consegui dizer ao Harry. Por tudo o que se tinha passado, eu devia-lhe um pedido de desculpas.
-A culpa não é tua bebé, eu sei como é que é o meu irmão.
-Mas eu gosto é de ti Harry, não dele. Tu sabes Harry.
Instalou-se silêncio por um momento.
-Não penses nisso agora.
E ficamos assim abraçados por uma eternidade. E eu podia ficar assim para sempre.
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