CAPITULO 11

14 3 9
                                    

Sigo por um grande corredor com Roseta à minha frente. Ao chegarmos ao pátio exterior do castelo, deparo-me com uma espécie de arena e, para minha surpresa, vejo muitas mulheres treinando com soldados aparentemente mais experientes.

Em Ierousalím, esse tipo de atividade era destinado apenas aos homens. De onde venho, jamais uma mulher usaria trajes masculinos para treinar. Tudo isso é novo para mim, mas sinto-me confiante e animada com o que está por vir. Repentinamente, um homem alto, de cabelos pretos com fios grisalhos e corpo atlético, se aproxima de mim.

- Então é você, a famosa Aurora, filha de Robert? - questiona o senhor, me fitando.

- Sim, sou eu - respondo um pouco tímida diante daquele homem tão sério. - Você conhecia o meu pai?

- Não só conhecia, como lutamos juntos no Vale de Ostá. Você se parece muito com ele, minha jovem. Sou Heitor, comandante dos soldados de Ouránios. Vamos ver se também herdou o talento e disposição do seu pai. Aqui, como pode ver, você vai treinar e fortalecer o seu corpo - explica o comandante enquanto aponta para a arena diante de mim.

- Venha, antes de começar, quero te mostrar algo muito importante.

- E o que seria? - pergunto, curiosa.

- Ora! As armas - responde Heitor, apontando para uma parede de pedra onde um grande mural exibe diversas armas. Eu nunca vi tantas armas em um só lugar! Algumas eu já conhecia de Ierousalím, outras nem sequer sei para que servem.

- Como pode ver, temos machado, espada, arco e flecha, lanças, adagas de todo tipo, e o que chamamos de "estrela da manhã". - Ele aponta para uma esfera de metal maciço com espinhos, presa a um cabo e pendurada por uma corrente. Ao olhar para ela, me assusto. Mal consigo imaginar como usar aquilo.

- Não quero nem imaginar como será a "princesinha" em um campo de batalha - diz Roseta com o mesmo tom irritante de antes. Essa mulher certamente sabe como despertar inimizades, mas não permitirei que ela me intimide.

- Mais respeito, por favor! Não quero desavenças de nenhum tipo durante o treinamento. - O comandante fita seus olhos, embora ela pareça não se importar com suas palavras. Ainda assim, Roseta assente em um tom baixo de submissão e logo se afasta em direção às outras mulheres em treinamento.

- Por que elas estão treinando com espadas de madeira, comandante Heitor? - pergunto curiosa, analisando a cena ao redor.

- Ora... antes de usar uma espada de ferro, é preciso aprender a manejá-la. Todas as espadas de Ouránios são afiadas e, se você souber utilizá-las, cortam com alta precisão. Um movimento errado e você pode decepar o próprio braço - o comandante sorri ao dizer isso, claramente se divertindo com minha expressão de pavor.

Diante disso, sinto uma insegurança ainda maior. Algumas mulheres em Ierousalím praticavam arco e flecha para caçar, mas, sinceramente, nunca me interessei por isso. Não sei manejar espadas e nem utilizar todas aquelas armas.

- Dragomir! Por favor, treine esta jovem. Comece pelas espadas de madeira - grita o comandante, olhando para alguém atrás de mim.

Ao me virar, vejo um jovem rapaz correndo em minha direção. Ele é bonito, com cabelos loiros que chegam até os ombros e um corpo musculoso. Acredito que todos ali tenham músculos, exceto eu. Não me sinto à vontade com a situação, mas evito objeções. Enquanto isso, percebo que o comandante se dirige à lateral da arena, onde terá uma visão melhor do treinamento.

- Meu nome é Dragomir, e o seu?

- Aurora.

- Então vamos começar, Aurora. - Dragomir pega duas espadas de madeira, me entrega uma, e começa a explicar o que fazer com ela.

IerousalimOnde histórias criam vida. Descubra agora