CAPÍTULO 30

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Ao voltar ao centro da floresta, reunimos os soldados que estão em sua plena força para ajudar os que estão mais feridos. Fazemos uma maca para colocar o corpo de Roseta e realizar um funeral digno da guerreira que ela foi quando chegarmos em Ouránios.

No trajeto de volta, Dragomir acorda e se dá conta de que está na garupa do cavalo de Eduard, amordaçado e muito bem amarrado. Esse é o único momento em que vejo desespero no seu olhar. Volto para casa com a égua, agora minha, e todos ficam boquiabertos ao constatar que ela é uma Álogo. No terceiro dia, chegamos a Ouránios, muitos celebram nossa vitória, mas eu não.

— O que te perturba, Aurora? — pergunta Eduard, se aproximando de mim, assim que chegamos aos portões do castelo de Ouránios.

— Eu queria ter salvado ela, Eduard, mas eu não estava lá quando ela precisou — afirmo com lágrimas nos olhos, lembrando das últimas palavras de Roseta.

— É normal que se sinta assim, Aurora, é a primeira pessoa que você perde em batalha.  Todos estamos sentindo, não duvide disso! — diz Eduard, segurando meu rosto com as duas mãos.

— Eu estava me sentindo tão fraca naquela cabana, Eduard. Em muitos momentos pensei que não conseguiria — digo sem olhar nos olhos dele.

— Meu amor, você foi muito forte. Conseguiu sair daquela cabana e matou Apoliom! Você trouxe paz a todos, Aurora. Os poucos Abadons que sobreviveram não são nada sem o mestre que eles tinham. Logo serão extintos — afirma Eduard.

Estou ciente da nossa vitória e da importância que ela tem, mas o luto não me deixa comemorar. A cerimônia de despedida para Roseta acontece no mesmo dia da nossa chegada. A enterramos com suas armas de batalha. Seu pai, que mora não muito longe de Ouránios, está inconsolável. Na ocasião, soube que ela perdeu a mãe anos atrás, vítima de uma febre incomum. Após o funeral, todos se recolhem para descansar, pois no dia seguinte o rei dará um grande banquete para comemorar. Eu, no entanto, só quero descansar e tentar recompor minhas forças para o dia que virá.

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