CAPITULO 27

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Perco a consciência várias vezes, não sei se pela grande perda de sangue ou pela falta de alimento. E em um desses momentos, penso estar sonhando ou alucinando, não sei. Vejo uma luz muito forte diante de mim, e as palavras que ecoam dela, são mansas e suaves.

- Você precisa sair, vou te dar força. - A voz sussurra.

Quando retomo a consciência, estou faminta e sedenta por água. Eu não tenho a mínima noção de tempo aqui dentro e não sei por mais quanto tempo vou aguentar. O ar de Kólasi é pesado e fétido, parece que estou em um grande túmulo onde tudo é podridão.

Após horas a fio pendurada como um porco por correntes, um rosto familiar entra na cabana. Ele coloca um odre de água em minha boca e eu sugo todo o líquido intensamente. Em seguida, ele coloca alguns pedaços bolorentos de pão sobre meus lábios, mas não consigo comer, então cuspo no chão.

- Devia agradecer. Tudo que tem nesse lugar está podre ou morrendo - diz Dragomir enquanto colhe as migalhas do chão de terra batida.

- Agradecer? - Sorrio. - Você é um traidor, Dragomir! Como pôde? Eduard confiou em você. Você condenou todos nós, e pelo quê? - questiono, elevando o tom de voz.

- Confiar? Você não sabe nada sobre mim, Aurora! Nunca ninguém me deu a oportunidade de mostrar meu valor em Ouránios. Sempre vivi à sombra do seu querido Eduard. Apoliom me ofereceu tudo que eu sempre quis. Serei o general das suas hostes! - Grita.

- A troco de quê, seu idiota? Não vai sobrar nada para você comandar depois que ele acabar com tudo! - Afirmo.

- Eu não me importo, Aurora - diz Dragomir enquanto gesticula com a palma da mão para cima, dando ênfase às suas palavras. - Nós dois poderíamos formar um par perfeito, mas nem isso você quis! - ele brada, me lançando um olhar furioso. - Toda certinha como seu querido Eduard, cheia de pudores. - Gargalha e. em seguida, vira para sair da cabana. Aproveito para fazer um último pedido.

- Dragomir! - Chamo com a voz trêmula, fazendo-o parar, sem olhar para trás. - Retira essa lança do meu ombro, por favor? Se ainda existe algo de bom em você... Por favor.

- Lamento, Aurora. Você deveria ter pensado antes de rejeitar a proposta de Apoliom - responde secamente e sai batendo a porta.

Toda a chance que, minutos atrás, ponderei dar a Dragomir caso mostrasse um pouco de misericórdia ou arrependimento, se extingue diante da sua atitude. Eu o farei pagar por ter se aliado ao inimigo.

IerousalimOnde histórias criam vida. Descubra agora