CAPÍTULO 7

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A noite está sendo bastante desconfortável. Enquanto a carruagem segue em movimento, consigo tirar breves cochilos intercalados, mesmo sentada. Depois de muito chacoalhar, acordo com um fino raio de sol que entra pela janela da carruagem e atinge diretamente os meus olhos. Levanto meu rosto e me vejo como objeto do olhar atento de Eduard.

- Enfim, chegamos, Aurora. Hora de acordar - Ele sorri, desconcertado.

Olho pela janela e fico maravilhada com o que vejo. Nunca vi nada igual. Estamos passando por uma ponte de pedras em direção a um imenso castelo. À direita e à esquerda da ponte, há água cristalina como nunca vi antes. Pessoas e animais atravessam a ponte tranquilamente. Certamente este é um reino próspero, julgando pela quantidade de carroças carregadas de frutas, legumes e especiarias aromáticas que passam por nós.

Assim que a carruagem para, Eduard me ajuda a descer. Fico extasiada com tudo ao meu redor. Estamos bem em frente aos portões do palácio, feitos de puro ouro. Sobre os umbrais, há pedras preciosas de diversas cores, e de cada lado do portão, soldados estão em prontidão. Estes parecem diferentes dos outros. São mais altos e estão vestidos com armaduras repletas de ouro e uma espécie de capacete que dificulta ver seus rostos.

- Por que eles são diferentes? Nunca vi soldados trajados assim antes - pergunto a Eduard sem conter minha curiosidade.

- Eles são chamados de Cherouveim. Estão sempre presentes nas audiências diante do rei. São soldados com habilidades de luta inigualáveis. Geralmente, guardam os portões e, em tempos de guerra, são responsáveis por escoltar o rei. Pronta? - Eduard me pergunta, olhando-me com seriedade.

- Acho que sim - respondo, extasiada.

- Abram os portões e avisem ao rei sobre a minha chegada. - Eduard ordena aos soldados com autoridade.

Eduard me conduz a um grande salão. Tudo é amplo e requintado. Há um enorme lustre no centro do salão, com tantas lâmpadas que é difícil contar todas elas.

- Espere aqui, está bem? Vou procurar o vizir do castelo para te acomodar. Deve estar faminta - diz Eduard repleto de razão, colocando a mão sobre meu ombro. Eu realmente estou faminta.

Normalmente, um vizir faz a ligação entre o monarca e seus súditos, então sinto-me honrada em ser recebida por ele. Enquanto Eduard vai falar com o vizir, fico atônita olhando ao redor. Agora, tenho ainda mais certeza de que Ouránios possui riquezas inigualáveis.

Um grupo de mulheres passa por mim. Parecem ser cozinheiras do castelo, carregando jarros e bacias cheias de legumes e verduras frescas, espalhando um aroma delicioso pelo ambiente. Fico admirada com a organização do castelo. Todas estão uniformizadas e não há desordem em lugar algum, pelo menos até onde posso ver.

- Então você é Aurora - diz um senhor de aparência forte.

- Sim, sou eu - respondo, me virando para conhecer o dono da voz que soava atrás de mim.

- Aurora, este é Vicenzo, o vizir do castelo - diz Eduard, me apresentando ao cavalheiro.

- Venha, vou mostrar seus aposentos. Sua bagagem já está lá. Também providenciei algo para comer, imagino que esteja faminta - diz o vizir, fitando meus olhos.

- Obrigada - agradeço, sem saber como me comportar naquele lugar. Tudo ao meu redor parece ser muito bem administrado. Cada pessoa neste castelo parece ter sua função, e eu me sinto como uma peça de xadrez fora do lugar.

- Este é seu aposento, Aurora - diz o homem, apontando para uma porta larga.

Assim que abro a porta, quase deixo meu queixo cair diante de tamanha suntuosidade. No quarto, há uma cama que aparenta ser muito confortável, com muitas almofadas de seda. Os móveis são lindos, possivelmente feitos com madeira da melhor qualidade.

IerousalimOnde histórias criam vida. Descubra agora