CAPÍTULO 12

16 4 8
                                    

Catarina e Melissa me ajudam com o banho e a me vestir. Aproveito e peço para que uma delas me ajude a chegar ao local onde será o banquete do comandante Heitor. O castelo é enorme e não quero perder tempo procurando o salão.

- Levo a senhorita lá! - diz uma das gêmeas.

- Por favor, me chame de Aurora. - Peço enquanto ajeito o colar em meu pescoço. - A propósito... Gostaria de saber se há alguma forma de me comunicar melhor com vocês. Nunca sei com quem estou falando. - As meninas sorriem com a minha confusão.

- A senhorita pode nos identificar facilmente. Como pode ver, Catarina possui uma marca de queimadura na mão esquerda - diz Melissa, estendendo a mão da irmã na minha direção.

- Nossa! Como aconteceu? - pergunto intrigada e observo com cautela a cicatriz razoável no seu braço. Agora posso identificá-la com mais facilidade.

- Acidente de cozinha, nada muito sério - responde Catarina.

___________________________________________________________________________

Melissa e eu percorremos um grande corredor até chegarmos ao salão espaçoso e bem iluminado. Antes mesmo de entrarmos, já podemos ouvir a música que enche todo o ambiente.

- Não poderei ficar aqui, senhorita... Quer dizer, Aurora. Preciso cumprir outras tarefas com Catarina no castelo - diz Melissa, parando em frente a entrada do salão.

- Tudo bem, obrigada - respondo, me despedindo.

Assim que entro no salão, me deparo com uma grande mesa posta com bastante comida. Muitos soldados estão presentes, alguns riem e conversam num canto, outros parecem embriagados. Vejo Roseta, Amíce e Dragomir, mas não vejo sinal de Eduard. Fico decepcionada por não vê-lo ali. Como ele pode ser capaz de me deixar sozinha logo agora que mais preciso dele? Está claro para mim que ele está me evitando. Acho que ele não se importa tanto assim comigo. Pelo menos não tanto quanto quando éramos crianças.

- Que bom que veio, Aurora! Por um instante achei que não viria, e que a essa hora estaria dormindo. - Amíce vem em minha direção com um sorriso encantador no rosto.

- Bom, eu não poderia recusar o convite de quem tanto me ajudou no treinamento. Muito obrigada pelo que fez hoje, Amíce.

- Você é o tipo de pessoa que faria o mesmo por mim, dá pra ver em seus olhos, Aurora. - Apesar da postura de durona, Amíce é bastante agradável.

- Veja só, a "princesinha" resolveu se juntar aos plebeus! - grita Roseta com um tom sarcástico, vindo em nossa direção com um sorriso.

- Deixa de ser implicante, Roseta. Não tem nada melhor a fazer do que perturbar a garota?

Amíce parece irritada ao ouvir aquela provocação. Não tanto quanto eu, mas simplesmente ignoro seu comentário sarcástico, quando, na verdade, minha vontade é dar a ela a resposta que merece. Não dá para entender por que ela cisma comigo daquele jeito, além disso, o apelido que ela me arrumou é bem irritante.

- Não liga pra ela, Aurora, Roseta é assim, mas, no fundo, é uma boa mulher. Logo se acostuma com sua presença aqui no castelo - diz Amíce, tentando amenizar o clima desconfortável.

- Bebe alguma coisa, "princesinha"? - Roseta me estende uma caneca de cerveja.

- Não, obrigada!

- Tudo bem! - Roseta levanta as mãos em sinal de rendição e se vira na direção aos rapazes que bebem e riem com outras meninas que também treinaram hoje.

- Vamos nos sentar ali? - Amíce aponta para uma mesa com cadeiras a uma certa distância de Roseta e dos rapazes, e em seguida aproveitamos para pegar alguns quitutes da grande mesa do salão. Sinto alívio ao encontrar um lugar para me sentar, pois não quero ficar ali em pé, sendo alvo de olhares e cochichos de todos no ambiente. Enquanto caminho para a mesa, olho ao redor outra vez e nada de Eduard aparecer.

IerousalimOnde histórias criam vida. Descubra agora