CAPÍTULO 13

13 4 6
                                    

Acordo bem cedo e começo a vestir as roupas de treinamento, com a sensação de já estar me habituando a elas. Agora que sei me vestir sozinha, Roseta não precisa vir ao meu quarto, e fico aliviada por isso.

Tomo uma caneca bem quente de leite que Melissa trouxe, e parto rumo a arena.

- Vejo que hoje está mais confiante! - comenta o comandante Heitor que acaba de afiar uma espada quando me vê chegar.

"Hoje quero dar o melhor de mim." Penso enquanto pego uma espada de madeira, mas Heitor afasta minha mão.

- Hoje vamos treinar com uma espada real, Aurora. Amíce já está à sua espera.

- Mas eu só treinei com espada de madeira uma vez!

- Vai dar tudo certo, Aurora! - Eduard coloca uma mão por trás do meu ombro sem que eu perceba sua chegada.

- Você tem o hábito de assustar as pessoas assim? - pergunto.

- Não. Mas em um combate você precisa saber surpreender o adversário. - Eduard parece mais relaxado e flexível, embora ainda mantenha as mesmas expressões sérias no rosto.

Vou até Amíce para começar o meu treinamento. É impressionante como ela me lembra Bella. Não me sinto segura o suficiente para treinar com uma espada de metal, ainda mais uma espada que pode cortar um membro meu se eu a manejar de maneira imprudente. Contudo, não quero demonstrar medo, mas acho que Amíce viu um certo receio estampado em meu rosto.

- Não precisa ficar com medo, Aurora, é só segurar firme o pomo da espada com as duas mãos. Confie em seus movimentos - ela diz.

Amíce se coloca em posição de ataque e, então, começamos. A cada golpe que consigo repelir, sinto minha confiança aumentar. É como se eu conseguisse prever cada movimento dela.

- Ótimo, Aurora! Você conseguiu se defender muito bem! Agora, eu vou me defender e você vai me atacar. - Amíce deixa a espada num canto e pega um escudo de madeira, que por sinal, parece bem pesado.

Mantenho minha postura aberta em um ângulo de 45°, com o pé esquerdo na frente do direito, a fim de encontrar equilíbrio, e começo com golpes de cima para baixo, e de baixo para cima. Conforme treino com Amíce, as lembranças da morte do meu pai me inundam. Sinto uma raiva interior que parece estar guardada há anos. Raiva por ter perdido o meu pai tão cedo, e por não ter vingado a morte dele. Raiva por ter me esquecido de tudo que realmente importa para mim, mesmo sabendo que isso foi para o meu bem. Estou cheia de uma raiva que antes não sabia que poderia sentir, então, ataco Amíce com mais veemência e dou tudo de mim. De repente, ouço uma voz longe que grita meu nome, é quase inaudível diante dos pensamentos que me inundam.

- Aurora! Pare! Vai matá-la - Eduard grita, se coloca entre mim e Amíce e bloqueia meu último golpe com a espada.

Quando desperto do meu devaneio, vejo que Amíce está no chão, com o escudo totalmente destruído.

- Eu... Eu não sei o que houve... Me desculpe! - Fico atônita ao perceber que fiz aquilo, olho para as minhas mãos trêmulas, sem acreditar.

- Você se machucou, Amíce? - Pergunto, levantando minha mais nova amiga do chão.

- Tudo bem, Aurora. Mas que diabos estava pensando? Há um minuto você estava totalmente insegura no treinamento e agora olha para você! Mais um pouco e teria decepado minha cabeça!

- Eu não sei o que aconteceu. Eu só senti muita raiva enquanto lembrava do dia em que meu pai morreu.

Olho para o lado e vejo o comandante Heitor vindo em nossa direção, totalmente confuso com o que acabou de ver.

IerousalimOnde histórias criam vida. Descubra agora