SETE

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Capítulo revisado superficialmente. Pode conter erros!!

Boa leitura!!!!

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Sempre odiei aqueles momentos em que temos de tomar partido de algo. Prefiro muito mais a tranquilidade da neutralidade, o silêncio e a calmaria de apenas permanecer inerte em cima do muro. Observando, como eu sempre fiz. Uma postura muitas vezes considerada covarde. Eu chamo de "preservação de energia e integridade física".

Entretanto, o caso é especial. Ver o Lúcio, pequeno, diminuído em relação àquele homem barbudo, com porte de urso, me fez ter um ímpeto de desafio. Talvez se o Guilherme andar um pouco mais rápido, pode ajudar o Lúcio...

Direciono minha visão para a loja onde o Guilherme adentrou, e não vejo sinal dele. Ainda vai demorar muito para sair.

Por isso, começo a dar meus passos vacilantes em direção a eles. Lúcio parece brigar, soltando seu braço do aperto das mãos grandes do homem. Isso me deixa curioso quanto aos motivos para a situação estar ocorrendo.

Estou a tão pouca distância que ouço a voz de Lúcio de elevar, acima da do outro:

— Eu estou avisando, se não me deixar em paz eu lasco uma garrafa de vidro nessa sua cabeça de ovo! — O berro chamou a atenção de todos na praia, enquanto ele agarrava uma garrafa do chão.

— Se respeite, um monte de criança aqui na praia e você, um cabra macho, usando maiô?!

Recuei um passo, noto a homofobia estampada na face enojado da montanha de músculos:

— Quem não quiser ver, não olhe, meu amor! Mas euzinho, não vou tirar meu maiô caro, por quê isso pode perverter umas pestinhas — seu sorriso foi mais do que irônico. — É até melhor, assim eles crescem já sabendo o que é bom!

— Isso é uma falta de respeito... — Reclamou.

Vi ele bufar como um touro, dando um passo ameaçador em direção a Lúcio e resolvi me interpor, mesmo correndo o risco de levar uma mãozada:

— Senhor, desculpa me meter, mas não tem necessidade de usar a violência.

Seu olhar percorre meu corpo de cima a baixo, escaneando cada parte e então sua voz ríspida, alcança meus ouvidos:

— E quem é você? Mais um desses da paz e amor? — Cruzou os braços sobre os peitorais enormes e estremeci ao imaginar a potência de seu murro.

— Paz e amor, eu não sei, mas não curto violência, senhor. Olha, vamos apenas seguir nossos caminhos. Meu amigo não tem a pretensão de perverter ninguém, apenas se divertir. É para isso que vamos à praia, não é?

— Homens como eu, de bem, trabalhador, vamos à praia para nos divertir. Pessoas dessa espécie do seu amigo aí, só vem a praia para causar e chamar a atenção.

— Se não for para incomodar, eu nem saio de casa, careca! — Berrou Lúcio dando uma gargalhada em seguida.

Contive uma risada, ao notar que o homem é realmente careca:

— Seu veado!

— Moço, calma! Vamos fazer o seguinte — começo a puxar o Lúcio pelo braço. — Nós vamos por aqui e você por aí! Assim não nos encontramos e ninguém se incomoda com a presença um do outro.

Comecei a puxar o Lúcio para mais longe ainda, ouvindo os palavrões do homem. Lúcio deu dedo como resposta, então se virou em minha direção, sua feição ficou enraivecida:

Amor Entre Ondas - Histórias Baianas • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora