DEZENOVE

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Esse é um capítulo especial. Vem do ponto de vista só Guilherme.

Foi divertido escrever esse capítulo, me ver dentro da mente do Guilherme, trouxe algumas sensações únicas.

Aproveitem o capítulo, boa leitura!!! Dei uma revisada bem básica nele antes de publicar e pode haver erros. Caso encontre, peço encarecidamente que fale e logo será corrigido.



Guilherme

Caralho, não é possível que quando eu finalmente arranjei coragem para chegar no Tiago, essa merda toda acontece. E tudo culpa do Nataniel, com a mania dele de estragar a vida dos outros por puro prazer.

Ainda vou bater tanto nele... Mesmo que isso deixe meu pingo de gente triste, sei que ele não gosta de brigas, principalmente se me envolver.

Mas vou mandar a real, fiquei assustado quando ouvi o Tiago começar a falar que devíamos terminar o que nem começamos. Foi como sentir uma bala atravessando meu peito, dilacerando tudo da forma mais dolorosa possível. Pensei que ia chorar na frente dele e de quem mais fosse, pouco me importa se eu tivesse que implorar de joelhos para ele.

Se ter o Tiago, significa perder minha dignidade, eu não vou nem titubear em passar pela maior das humilhações. Afinal, não é de qualquer pessoa que estou falando... É do Tiago. Com aquele sorriso contido, cheio daquela aura tímida e iluminada, o seu cheiro de frutas vermelhas do sabonete líquido que eu sempre compro para ele quando vou ao mercado, seus cabelos sedosos que sempre desejei tocar e cheirar.

Estou falando da minha vida. A única pessoa que me fez sorrir depois do falecimento de minha mãe, que com seu jeito meio desconfiado e passivo, ativou aquele meu lado de proteção, há muito desligado. O olhar dele é gentil como o dela era doce e cheio de boas intenções, às vezes até desconfio de que ela algum ser de luz em forma humana.

Me surpreende mais ainda como o Tiago consegue ser sensato, ter razão em muitos de seus posicionamentos mesmo sem ter vivido muito da vida. Esteve preso entres essas paredes por tanto tempo e isso o impediu de crescer, o tornou frágil como papel machê... Ao menos, eu acreditava nisso até começar a enxergar ele de uma maneira nova, totalmente diferente.

Sua aparência física pode ser frágil, mas por dentro ele é uma rocha bruta. Ver o Tiago todos os dias, passando pelo que ele passou e pelo que ele ainda passa, deixou claro o tamanho de sua força psicológica superior a de muitos. Inclusive a minha. Acreditei muito que o Tiago iria precisar de um pilar emocional, alguém para descarregar as energias e os sentimentos negativos do dia a dia. Os papéis se inverteram.

O Tiago se tornou a rocha leve que arranca tudo de ruim que carrego.

Medo... Medo do rumo após essa conversa. Amo o Tiago, mas estou tão assustado e receoso da reação de meu pai que estou quase me escondendo. Enfrentar o tio Roger é fácil, o complicado é bater de frente com seu próprio pai. O homem que mais admiro nesse mundo.

Caralho, descer as escadas nunca foi uma tarefa tão difícil e demorada. A cada degrau, faço uma parada no intuito de refletir, repassar o que direi. Quando uma centelha de coragem incendiou meu corpo, inflei meu peitoral de ar e desci, cada passo titubeante quase escorregando na escada.

O ar da rua acertou meu rosto e eu me estremeci de nervosismo. Fácil é fingir ser o machão na frente do amor de sua vida, mas quando estamos longe de sua vista, a fraquejada é inevitável. E não tem como não ser assim com o Tiago. Não sei se é assim com todos os homens, se isso é uma característica só minha, apenas tenho a necessidade de me provar forte para ele. Ser o protetor.

Amor Entre Ondas - Histórias Baianas • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora