QUINZE

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Capítulo revisado superficialmente.

Boa leitura!!!


Mesmo com minhas tentativas de retornar a ligação, ninguém atendeu do outro lado. Tive que contentar-me com a voz eletrônica dizendo que a ligação não havia sido atendida.

E com isso, metade do mês se passou, e eu só conseguia me dividir entre trabalho, estudo, pensar na ligação e o Guilherme. O último eu tenho prazer de pensar.

Mas não posso sentir e falar que estamos tão próximos. A cada dia nossas obrigações insistem em nos afastar cada vez mais, ao ponto dele entrar no quarto apenas para dormir e quando eu acordo pela manhã, apenas deixo um beijo em sua testa e vou para o trabalho. Passei a acordar muito mais cedo que ele depois que Murilo foi reclamar para o pai sobre meu suposto "corpo mole", assim comecei a trabalhar como um condenado para aprovar o contrário.

As investidas desse ser maligno em forma de gente, estão se tornando cada vez mais insuportáveis, ao ponto de eu não conseguir estudar o suficiente para o ENEM, nem me concentrar na escola para resolver simples atividades. Também estou irritadiço e assumo isso, e não estou disposto a contar mesmo que o Guilherme me implore. E ele me implorou. Disse que estou deixando-o de fora dos meus problemas e da minha vida, que um relacionamento não é assim.

Só não quero envolver ele em mais problemas do que ele já se envolve normalmente. Mesmo assim ele não aceitou minhas desculpas e tentativas de esquivar a sua atenção. Até o ponto em que tivemos uma leve discussão, qual o Renato interviu para o Guilherme não falar besteira:

- Por que ele não entende que posso resolver meus problemas? Posso lidar com as dificuldades da vida adulta sem que ele fique me rodeando!

Lúcio me olhou de maneira tediosa, a cabeça descansando na mão erguida:

- Pode mesmo?

- O que quer dizer com isso, Lúcio? Que sou incapaz?! - me inclino em sua direção, o inquirindo

Suas sobrancelhas bem feitas de ergueram em dois arcos distantes dos olhos, revelando uma surpresa esquisita:

- Sim... E não... Você está uma pilha, a um passo de surtar. Veado, você pode não ser incapaz, mas ninguém aguenta tanta carga assim sozinho - falou me fazendo relaxar um pouco. - Desde que começou a trabalhar naquele lugar, o Murilo vem assediando de várias formas você, abusando do poder e tirando sua sanidade. Isso está te destruindo. Olha, há males que vem para o bem, mas tem uns que só vem para te destruir mesmo.

- Acha que devo sair daquele trabalho?

- Não vou dizer o que deve fazer, afinal é a sua vida. Se acha que pode aguentar um pouco mais, e correr o risco de ter um colapso nervoso, fique. Só não é justo você falar que quer o Guilherme em sua vida para todo sempre, mas na hora de falar a verdade para ele, fica fazendo cu doce.

Soltei um suspiro, o Lúcio tem sempre a razão. Às vezes eu queria ser como ele, cheio de experiências e conselhos a dar. Mas falho até em contar ao meu namorado sobre meus problemas:

- Você tem razão - ele me olhou como se fosse óbvio, aquele sorriso presunçoso engraçado de Lúcio. - Apenas quero evitar mais problemas na vida do Guilherme, Lúcio. Ele tem que lidar com a oficina, O Nataniel e o tio Roger, comigo e todas as outras preocupações da vida adulta. E eu sempre adiciono mais problemas na vida dele.

- Aí, se você se enxerga como um problema na vida do seu namorado, quem sou eu para mudar sua opinião sobre si mesmo? Mas pense comigo... Como o Guilherme aguenta todo esse peso na vida dele sem surtar? - dou de ombros. - Ele tem você. Minha deusa! Você já foi mais inteligente... Você é o pilar, a base emocional, o respiro dele em meio a todos os problemas, até eu que não convivo muito com vocês já percebi isso.

Amor Entre Ondas - Histórias Baianas • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora