DEZESSEIS

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Esse capítulo foi superficialmente revisado.

Boa leitura!!!


Acariciei os fios loiros e encaracolados do Guilherme, ele está deitado com a cabeça em meu colo. O óculos de sol cobre seus olhos claros, mas posso sentir seu olhar sobre mim. Uma de suas mãos brinca com os dedos da minha que está em seu peitoral. 

Viemos para a praia na tentativa de desanuviar a mente. Ele não levou prancha de surfe, nem levamos mais ninguém conosco. Queríamos apenas ficar distante do epicentro tóxico que o lugar onde moramos se tornou. Não ver aquelas pessoas apenas por um dia ou dois, já que meu namorado tratou de alugar uma casa de praia para gente. É uma casa simples, mas bem aconchegante. 

Segundo o Guilherme, ele não arranjou uma casa maior porque foi tudo às pressas, mas eu também não faço questão. Pouco importa o tamanho da casa desde que eu esteja com o Guilherme ao meu lado.

Mas eu sei que não estamos aqui apenas para curtir. A prova disso vem quando ele se ergue subitamente, senta na areia e apoia os braços nos joelhos. Seu olhar fica distante por meio minuto até sua voz sair calma e cautelosa:

— Nunca vou me perdoar por ter duvidado de sua fidelidade. 

Passo a mão em seu braço. Confesso que aquilo me machucou bastante, ver ele acreditar em uma mentira como aquela foi como enfiar mil facas em meu peito. E seu tom de voz decepcionado, seu olhar que parecia evitar tudo relacionado a mim, tudo isso causou um sentimento de estranheza. 

Desde que iniciamos o nosso relacionamento, tudo tem estado perfeito, qualquer atrito é resolvido na base do diálogo, mas o que aconteceu ontem foi demais até para mim. Nunca me senti tão emocionalmente exaurido quanto ontem. Eu iria preferir ser atacado pelo Natan várias vezes do que enfrentar o assédio do Murilo, as mentiras da Laís e o olhar desacreditado do meu namorado:

— O que mais me doeu não foi você ter duvidado ou ficado receoso. Eu até entenderia já que era uma foto comprometedora. Porém você acreditou! — afirmei de maneira incisiva, sem esconder minha mágoa. — Foi só a Laís mentir e inventar uma historinha com meu nome, aí você simplesmente ignorou tudo o que sabe sobre mim, como me conhece até mais do que eu mesmo e acreditou. Você duvidou do meu caráter e comprometimento com nosso relacionamento.

— Desculpa! — Pediu com uma voz embargada, me olhando pelo canto do olho.

— Eu já te perdoei, só que isso não me impede de ficar magoado. Passei por tanta coisa ontem e esperava chegar em casa para abraçar meu namorado. E quando chego sou acusado de traição.

— Oxe, amor! Eu não te acusei de nada, eu acreditei, mas eu não fiquei acusando você. — Seu desperto foi palpável.

— Não foi uma acusação com palavras. O seu olhar me acusava, seu jeito e a maneira como se estressou comigo, já deixava bem claro a sua acusação — encaro-o, seus olhos estão ligados aos meus. — Nunca trairia você, Guilherme.

Ficamos em silêncio apenas nos encarando. A trilha sonora é o barulho das ondas se quebrando em si mesmas, de um grupo de crianças brincando de pega-pega areia e uma caixa de som ao longe, tocando um samba.

— Tenho dificuldade em falar sobre mim, tu sabe, né? — Guilherme perguntou e eu afirmei balançando a cabeça. — fico com vergonha de falar essas paradas... Porra, Tiago, eu sou inseguro! Muito inseguro! E eu sei que normalmente, se esperaria que você fosse meio cabreiro em nosso relacionamento, mas é totalmente o contrário. Eu tenho medo. Medo de te perder, medo de que fique enjoado de mim, ou simplesmente medo de te magoar com as coisas que eu falo.

Amor Entre Ondas - Histórias Baianas • Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora