𝐄𝐍𝐈𝐓𝐄𝐍𝐒𝐈𝐃𝐀; ᴀᴘᴏʟʟᴏ ᴍᴄ

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HÁ ALGUNS DIAS em pequenos momentos onde meu pai estava em casa pude perceber um clima tenso na casa, e com certeza isso foi o que a ausência de um na vida do outro deixou como sequela. Nas últimas semanas minha mente tem sido rodeada de pensamentos intrusivos tentando achar o problema que estava acontecendo, mas hoje enquanto passava pelo corredor em direção ao meu quarto, a voz grossa do meu pai propondo e discutindo o valor da casa com alguém pelo telefone me fez entender o real motivo.

Correndo para meu quarto a única coisa que pairava em minha mente era que eu precisava de um tempo, imersa em minha confusão fui despertada por um som de notificação vindo do celular, levanto da cama indo até o aparelho visualizando uma mensagem de Apollo avisando que estava no portão. Peguei meu tênis nas mãos e caminhei pé por pé até o portão de casa, assim que cheguei tentei o máximo não fazer barulho enquanto passava para o lado de fora e o fechava.

      Deu a louca e quis ficar rebelde?       Apollo me esperava escorado no muro com braços cruzados.

      Cala a boca e vamo' sair daqui primeiro.       Murmurei o puxando pela mão até o mais longe de casa que consegui.

      Eu vim de carro, vai me contar ou não o que aconteceu? 

      Ótimo, aonde tá o carro?

      Na esquina.

Fomos andando em silêncio até o veículo no qual nem questionei quem era o dono, minha cabeça se encontrava em um caos parecendo processar tudo devagar demais. Entramos no carro e o percurso continuou silencioso até a casa do garoto que apenas depois que entramos quebrou o silêncio.

      Chega ai!       Sinalizou com a cabeça para que eu o seguisse até o quarto.       Senta aí e fala logo o que ta acontecendo parça.

      Acho que meu pai vai vender a casa, não acho, tenho certeza.       Me sentei encostada na cabeceira da cama enquanto Rogério continuava de pé.       E eu só fiquei sabendo porque passei perto quando meu pai disse, tipo, ele ia vender sem me contar?

      Talvez ele decidiu a pouco tempo, já conversou com ele?        Neguei notando o garoto passar seu olhar por todo meu rosto como se me analisasse.       Como cê se sente?

      Confusa. 

      Tô ligado.       Se sentou ao meu lado.       Mas cê é maluca de me mandar mensagem essas horas dizendo que alguma coisa deu merda, levei mo' susto idiota!

      Eu sabia que seria mais fácil você responder assim.       Meus lábios se curvaram em um sorriso.       Mas agora você tem minha companhia japa, tá achando ruim?

      Lógico, achei que ia passar mó cota longe de você, tava' ficando feliz já.       Se deitou colocando a cabeça no meu colo soltando um suspiro pesado.       Cê viu que o bob tá planejando fazer uma mansão BDA?

      Meu deus que incrível, e o aldeia cast vai ser lá?!       Trilhei meus dedos por suas bochechas em um ato de carinho.

      Si pá vai ser, eu só escutei os moleque falando sobre isso.       Sorriu.       Essa porra faz casquinha!

      Que bom, a ideia é te perturbar!       Um silêncio se instalou.       Japa?

      Hum?

      Eu atrapalhei seu sono?

      Não, eu já não tava' conseguindo dormir.       Me lançou um olhar breve.       Mas agora o sono tá vindo.

       Vamos dormir então!

Quando criamos um vínculo de amizade, Apollo sempre me acolhia em situações como essa, me fazia companhia quando me sentia sozinha em casa e até mesmo me acolhia quando minhas brigas com meu pai passavam do limite, sempre era ele a quem eu recorria — e ainda recorro — quando as coisas estão difíceis. Dormir juntos nunca foi um problema entre nós, cada um vira para o seu canto com cobertas diferentes e para mim isso é o que a intimidade causa.

      Boa noite Japinha!

      Boa noite Florita.