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NO OUTRO DIA de manhã acordei me sentando na cama procurando raciocinar minha existência, olhei para o lado notando Apollo que provavelmente já estava acordado há algum tempo mexendo no celular.

      Bom dia!       Murmurei procurando meu celular o encontrando no banco perto da porta, me levantei para buscar sentindo minha cabeça doer.

      Bom dia!       Apontou a câmera do celular para mim enquanto voltava para cama.       Sorri maluca.

      Vai mandar isso para quem Rogério?!

      Jotapê, tamo' conversando sobre uma música nova.

      Não sei como a Kakau não tem ciúmes de vocês.       Revirei os olhos.       Vou tomar um banho, me empresta uma camiseta?

      Pega aí!

Escolhi uma qualquer com uma toalha limpa seguindo para o banheiro na expectativa de não demorar muito no banho, embaixo da água quente tudo veio a tona, minha memória se voltou para o ontem e minha cabeça pareceu doer. Com alguns minutos desliguei a água vestindo a camiseta emprestada de fora do banheiro escutei Apollo na cozinha.

      Sua mãe não tá em casa?       Me encostei na geladeira o vendo pegar algo no armário.

      Não, vamo' comer.       Jogou um pacote de bolacha na mesa.

      Preciso ir embora, cê me leva?

      Espera eu comer.       Implorou.       Rapidao!

      Pode pá, não tô com pressa.       Sorri me sentando na mesa.       Sempre tem alguém conversando no grupo né, parece que ninguém faz nada mano.

Apollo franziu o cenho pegando seu celular provavelmente para ver o que estavam falando, por alguns minutos cada um ficou em seu celular trocando ideia pelo grupo enquanto o garoto comia.

      Você acha que consegue ir?       Colocou o celular na mesa voltando toda sua atenção a mim.

      Não sei, é uma viagem e depende ds reação do meu pai.       Suspirei.      Vou ter que conversar com ele hoje sobre a casa, não tem como evitar e fingir que não está acontecendo.

      Vai ser bom para você tirar esse peso das costas logo.       Disse.        Qualquer coisa me liga, cê sabe, vou ficar atoa o dia todo.

      Pode deixar!       Sorri levando meu olhar ao garoto.       Vamo'?

      Vamo'!

      Vamo'!

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Apollo estacionou o carro um pouco depois da minha casa, antes de descer observei a mesma e percebi que realmente sem diálogo eu não poderia fazer nada e estava decidida entrar e conversar com meu pai.

      Qualquer coisa me liga!       Reforçou

      Tô nervosa.       Fechei os olhos me encolhendo no banco.       Eu sei que vai dar tudo errado.

      Não viaja mano, só fala tudo que tá preso aí e marcha rapidinho cê fala tudo o que quer e talvez ele volte atrás.       Me olhou.       Vai dar tudo certo, relaxa.

      Eu não tenho escolha mesmo.       Observei o garoto ao meu lado, devagar me inclinei para perto do seu rosto e depositei um beijo na bochecha.       Qualquer coisa eu realmente ligo, obrigado por ontem!

Quando me vi fora do veículo caminhei em passos pequenos até o portão passando para o lado de dentro após abrir, no quintal não havia sinal de ninguém e muito menos barulho, mas assim que dentro de casa o vi na sala emerso de mais em seu notebook para notar minha presença. Essa era uma necessidade que eu tinha, eu também vivi nessa casa e tenho direito de opinar sobre o que vai acontecer em relação a mesma.

      Pai?       Meus ombros se inrrigesseram pelo nervosismo.

      Oi?       Respondeu desinteressado na minha presença.

      Quer me contar algo?       Me encostei na parede de frete ao mais velho mas com uma distância considerável.

      Não.

      É sério isso?!       Meus olhos se arregalaram enquanto o encarava incrédula.

Suspirando fechou o notebook o colocando ao seu lado no sofá, ele pareceu pensar as palavras certas para contar.

      Você já sabe.

      Sei.

      Eu vou fazer isso não por você, mas por mim, não aguento mais esses noinhas que ficam rondando por aqui. Não sei se você vai querer se mudar comigo ou se vai viver sua vida depois daqui, mas não tem conversa sobre a venda.       Suas palavras foram firmes como se não se importasse.       A escolha é sua.

      A escolha é minha pai, desde quando?!       Sem perceber me exaltei.       A escolha seria minha se você tivesse conversando comigo antes e visto o que eu pensava sobre isso. É tão difícil agir como pai pelo ou menos uma vez na vida?

      Agir como pai?       Riu irônico.       Desde que percebi minha falha com você eu tento redimir, mas você sempre me afasta!

      Caralho, redimir?!       Levei minha mão a testa desacreditada no que escutei.       Depois que passei toda a minha infância sozinha, tendo o carinho de uma única pessoa que vinha aqui apenas limpar a casa e de quebra ganhava uma criança carente no pé, você ainda me diz isso?

      Já chega!       Gritou me fazendo assustar.       Eu vou vender essa casa e não adianta jogar mais nada na minha cara, tá decidido.

      Você quer ficar longe de mim? Tudo bem.

      Vai fazer o que?

      Vou pro' Rio, só queria que soubesse.       Me esforcei para manter a pose mas pareceu passar em vão.

      Com meu dinheiro você não vai, seu cartão tá cancelado e eu tenho certeza que nenhum dos seus amiguinhos que você encontra escondido vai te bancar.

      Ridículo.       Murmurei.       Sabia que não valia a pena tentar conversar com você.

O caminho da sala até meu quarto pareceu ficar mais longe que o normal, meus olhos pesavam e gotas de lágrimas começavam a cair de pouco em pouco. Quando dentro do cômodo me joguei na cama, passei a madrugada adentro chorando pelo amor que me faltava, mas algo eu tinha certeza, eu não vou viver embaixo do mesmo teto que ele.

𝐄𝐍𝐈𝐓𝐄𝐍𝐒𝐈𝐃𝐀; ᴀᴘᴏʟʟᴏ ᴍᴄOnde histórias criam vida. Descubra agora