𝐄𝐍𝐈𝐓𝐄𝐍𝐒𝐈𝐃𝐀; ᴀᴘᴏʟʟᴏ ᴍᴄ

012

MEUS OLHOS se abriram com dificuldade e a brecha de sol que passava pela cortina deixava evidente que já era de manhã, olhei para o lado, Maria ainda dormia com feição serena. Com pouca vontade me levantei e com meu celular na mão, não pude deixar de suspirar ao ver que ainda são sete horas. Do lado de fora do quarto — silêncio — a galera com certeza vai acordar tarde, o que resta é me distrair com algo.

Descendo devagar degrau por degrau parei em meio a sala passando meus olhos por cada canto do cômodo, soube que não estava sozinha pela porta de vidro que estava levemente aberta. Caminhei até ela e me encostei na batente observando Apollo que se balançava deitado na rede com olhar vago, cocei a garganta na tentativa de demonstrar minha presença. Quando me percebeu se sentou em busca de abrir espaço para que eu me juntasse, sem pensar duas vezes fui em sua direção e assim fiz.

      Bom dia Florinha!       Sorriu.       O que deu pra' você acordar cedo?

      Bom dia japinha! Não sei o que aconteceu, mas odiei acordar cedo, mesmo que sem querer. E Você? Insônia de novo? 

      Não mano, só quis levantar mais cedo.       Esboçou um sorriso fraco.

      Para de migué e não mente para mim Apollo, desenrola aí vai!       O olhei desconfiada.

      Tô falando sério parça, a real é que eu quis mesmo. 

      Eu te conheço muito bem mano, para de evitar.       Sem perceber, escolhi os ombros.       Quero te ajudar, ou ao menos tentar, retribuir tudo o quê você já fez por mim. Eu me importo com você, do mesmo jeito que tu sempre tá presente, eu quero estar também.

De forma lenta a rede se balançava de um lado para outro, minha mente não conseguiu evitar o pensamento de que eu teria dito algo de errado, mas espaireceu quando vi seus lábios se curvarem em um sorriso de canto me fazendo repetir o mesmo ato. Apollo pousou sua cabeça em meu ombro, por certo momento o silêncio reinou entre nós e era audível apenas nossas respirações juntamente com alguns pássaros que estavam por perto. 

      Só desânimo mesmo, cê tá ligado, a cena tem sido só mídia de alguns tempos para cá.

      Cê' não pode deixar isso mexer contigo.       Passei meu braço ao redor de seus ombros.       Só mantém o foco que vai dar tudo certo, você é bom demais para ter medo da mídia.

      É o jeito, não tô pensando em desistir, mas é difícil não desanimar.       Levantou sua cabeça me olhando nos olhos.       Valeu Florinha!

      É serio, eu só quero ser para você o que você é para mim.       Me levantei.       Vamo' fazer um café da manhã responsa para eles? 

      Não acho que seja merecido, mas pode pá!

O deixando para trás corri para a cozinha, a primeira coisa que fiz foi começar a procurar nos armários tudo o que foi comprado ontem. Apollo entrou logo depois se encostou na bancada me vendo abrir várias portas seguidas, o olhei com expressão brava e foi o suficiente para que eu ganhasse ajuda.

Com bastante procura encontrei um saco de pães, peguei ovos na geladeira e os coloquei na bancada ao lado do garoto.

      Pega esses ovos e frita e pode fazer mais de seis, vou partir esses pães e eles se viram depois.       Sem reclamações, rapidamente o pedido foi atendido.

      A madame vai só partir pão?       Ergueu uma sobrancelha.       Pode fazer o café gatinha, aqui não tem empregado não.