𝐄𝐍𝐈𝐓𝐄𝐍𝐒𝐈𝐃𝐀; ᴀᴘᴏʟʟᴏ ᴍᴄ

016

O som alto invadiu a casa me tirando do sono profundo que eu estava, no mesmo segundo em que me senti viva novamente, lembranças da madrugada vieram à tona.

Eu havia beijado Apollo.

Sorrindo levei os dedos até meus lábios em uma ilusão falsa de sentir o garoto mais uma vez, olhei para o lado e Maria não estava lá. Liguei os prontos, se tem som alto é porquê o resto da gangue chegou.

Rapidamente fiz minhas necessidades e vestindo um biquíni com shorts desci para a cozinha, Lili estava focada enquanto preparava uma batida no liquidificador em cima do balcão. Ao me ver ela abriu um sorriso cúmplice, mas disse simples:

      Dormiu bem Florinha?       Sua atenção voltou a ser o liquidificador.

      Foi um pouco difícil, mas consegui.       Respondi em tom neutro.       Vou dar uma chegada lá fora, beijos!

Do lado de fora, todos se encontravam sentados em cadeiras de plástico debaixo do coqueiro em uma espécie de círculo torto. O primeiro a me notar foi Bob que com um abraço caloroso meu desejou bom dia. Quando estava prestes à cumprimentar os outros, Saboó em um tom super exclamativo me chamou:

      Flô, deixei um pão pronto para você na cozinha!

      Agora até os vizinhos sabe que tem pão preparado de tanto que ce' gritou!       Lili voltou da cozinha com um copo cheio de algo vermelho.

      Obrigado paçoca, pelo pão e pela perca de audição também!       Após minha fala o grupo riu e só então notei Apollo esparramado em uma das cadeiras.

Em um gesto simples me desejou bom dia, mas logo desviou o olhar. Passei por todos da roda os cumprimentando, e durante os poucos minutos todos conversavam — menos Apollo.

      Família, sobrou batida na cozinha!       Lili chamou toda atenção para si.       Quem quiser é só buscar.

      Eu vou buscar meu pão!       Ao me afastar apenas escutei a voz que até então não foi escutada.

      Eu vou buscar batida.

Adentrei a cozinha passando meus olhos por toda bancada a proucura da camida, quando a encontei andei em passos largos até a mesma. Antes que pudesse pega -lá duas mãos rodearam minha cintura e um beijo rápido foi depositado em minha bochecha.

      Achei que não fosse falar comigo.       Me soltei de seu aperto.

      Eu só não sabia o que fazer, se agia assim ou não!       Rapidamente o japa me girou colocando seus braços em cada lado do meu corpo, olhando no fundo dos meus olhos e com seu típico sorriso de canto.

Se ele acha que sabe jogar, eu vou mostrar que eu também sei! Desci meu olhar até sua boca e a cada segundo que se passava eu me aproximava mais e mais. Ao o ver repetindo o ato, antes que nossos lábios se encontrassem me afastei com um sorriso sarcástico .

Antes que a vitória fosse comemorada, em uma velocidade inesperada o garoto se inclinou para frente dando início à um beijo. Um beijo que fluia de forma lenta e torturante. Apollo passava a me pressionar contra a bancada, em um movimento só me depôs na superfície e quando percebeu meu choque, sorriu contra o beijo. Se aproveitando do momento, passou de forma leve suas mãos pela pele exposta em minha coxa, meus pelos se arrepiaram mas o efeito foi o mesmo para ele quando levei minhas unhas até sua nuca.

Em um ato brusco nos afastamos, barulhos de passos vindos da sala eram audíveis, o que fez nos separarmos e proucurar maneiras de disfarçar.

      Lindos, alguém viu o Jota?       Kakau entrou no cômodo com uma feição despreocupada.

      Não Kau, ele não passou por aqui.       Minha resposta foi simples, mas com a mudança de expressão da garota eu gelei totalmente.

      Ô família? O pão não era da Flora e a batida não era do Apollo?       Pareceu analisar nos dois.       Porquê o Apollo ta com o pão e você com a batida?

BURROS!
BURROS!
BURROS!
BURROS!

      Ela não quis o pão, aí eu comi né parça!       Esse Japa é um gênio!

      Fodasse! Se virem o Jota, me avisem.

Kakau saiu despreocupada do cômodo como se realmente não tivesse visto nada, e eu torcia para que realmente não tivesse visto.