Destino

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— Tanto faz. — O loiro seguiu anotando.

Aypierre observa cautelosamente cada somatória do rapaz, apesar de ele não querer nenhum tipo de ajuda, aqueles números embaraçosos já estavam lhe dando dor de cabeça. Forever realmente era horrível quando o assunto é matemática.

— Me dê isso daqui.

— O que?

— Vamos! Você literalmente não sabe fazer contas básicas.

— Eu não vou te dar minhas anotações!

— Não vai?

— Não vou.

Pierre olha para Forever por um certo tempo, encarando o mesmo. Num gesto rapido, ele tenta tomar as anotações do rapaz, que tentou conter a situação. Ambos brigavam por uma caderneta, feito crianças.

— EI! DEVOLVE! — O loiro exclamava, tentando ao máximo assegurar o caderno sem danificá-lo.

— DEIXA EU FAZER, VOCÊ NÃO SABE!

— EU SEI SIM, CACETE!

O moreno puxou o objeto com força, mas parecia não adiantar. O fisico de Forever era definitivamente mais forte, mas o mesmo persistiu. Depois de muito esforço, conseguiu tomar as anotações da posse do rapaz, logo assegurou a caneta e começou a calcular as coisas da maneira certa. O loiro lhe observava, incrédulo, já estava com raiva de toda aquela situação.

Segundos depois, Aypierre já subtraia e somava, rapidamente, focando toda sua atenção nas contas mal solucionadas ali anotadas. Dando-se de "vencedor" daquela pequena batalha, foi surpreendido pelo candidato, que, tomado pela raiva agiu no calor do momento. Fez a primeira coisa que pensou: pulou no rapaz.

Não era pra ser necessariamente uma situação agressiva, mas foi a única maneira de tirar suas anotações da mão do moreno, sem danificá-las de forma direta. Ele manteu seus olhos fixos no loiro, com uma expressão assustada, afinal, for surpreendido por um "jumpscare" de Forever, qual estava realmente irritado. Tudo que havia naquele caderninho era extremamente confidencial, saber que o mesmo estava nas mãos de alguém não confiável lhe deixava ansioso.

A caderneta foi para longe, caindo sobre os degraus que, minutos antes do ocorrido, os dois permaneciam sentados. Forever estavam em cima do rapaz, com ambos os braços posicionados ao redor da cabeça do moreno, um em cada lado, encurralando ali Aypierre. Corpos próximos, algumas das longas mechas do loiro caia sobre seu rosto, sendo aquele o resultado da trança que a instantes atrás foi bagunçada. Era possivel sentir a respiração ofegante do moreno, juntamente com seu coração acelerado.

Segundos depois, os rapazes percebiam o quão constragedora a situação estava. Ambos coravam, enquanto Forever rapidamente se afastou de Pierre, desculpando-se de maneira desajeitada. Ainda deitado sobre o piso gelado, o moreno encarava o céu, que aos poucos escurecia, refletindo sobre o que acabou de acontecer.

— Puta que pariu... Desculpa Pierre, eu não pensei antes de agir e... — Não completava a frase, apenas olhava para o rapaz, que ainda mantinha seus olhos focados nas estrelas.

Passou seus olhos sobre a escada, avistou a caderneta e a pegou novamente, analisou a conta que ele havia terminado: estava correta. Folheava suas anotações, certificando-se que nenhuma folha amassou ou rasgou. Aypierre retornou a sua postura, ajuntando a caneta Bic azul e entregando-a para Forever.

Assegurou envergonhado, além de sua atitude ter sido infantil, também foi constragedora. Por um momento, todo o arredor foi tomado por um silêncio ensurdecedor, que parecia ecoar sobre toda ilha. Logo, a quietude foi rompida:

— Pensei que você iria me beijar. — Zombou com a cara do loiro, seguido de uma curta risada.

Ele o encarou, um tanto supreso com o comentário. Estava com medo da reação de Aypierre, já aguardando algo negativo vindo do rapaz. Era quase um alívio ver que ele não surtou.

— Não sou idiota a esse nível.

— Ou talvez você seja.

Eles se olharam. Forever estava ficando mais envergonhado a cada segundo, era perceptível. Pierre provocava sabendo disso.

— Eu não sou.

— Não é?

— Definitivamente.

— Pensei que fosse.

— E se eu for? Você se importaria?

— Talvez. — Se levantou, arrumando a gola de sua blusa e corrigindo a postura.

— Você é muito idiota.

— Eu também queria que você fosse. — O moreno riu de maneira sarcástica, virando as costas e se perdendo pela noite.

22:01

Tentava se concentrar em alguma coisa, mas as cenas de horas atrás continuavam a ecoar em sua mente. Primeiro quase beijou Badboy, depois teve um flerte com Aypierre. A que ponto ele havia chegado?

A cada dia parecia ficar mais confuso quando o assunto era amor. Afinal, quem ele tanto buscava? Sabia que iria se arrepender daquelas decisões, mas ele não conseguia mudar. Era como se fosse seu destino ter que passar por tudo aquilo. Seria essa mais uma das lições da vida?

Enquanto se perdia em seus pensamentos, foi interrompido por um leve puxão em seu braço esquerdo. Richarlyson tentava acordar o pai daquela espécie de transe que se mantinha. Ele rapidamente guiou seus olhos para o menor, que lhe mostrou uma plaquinha:

"Pai, tem as coisas pra mim desenhar? :^"

Ah, tem sim filho, vem cá.

Se dirigiu até um pequeno armário que ficava no canto da sala, entregando as coisas necessárias para seu filho.

— Está tudo aqui Richas. Quando quiser e só pegar, nem precisa pedir.

"Pai... posso te pedir outra coisa?"

— Pode sim, aconteceu alguma coisa?

"Você fica o dia inteiro trabalhando, eu não quero te atrapalhar mas... fica comigo?"

— Oh Richarlyson... — Ele fez um leve cafuné no menor, amassando seus cabelinhos crespos — Eu fico sim, vamos nos sentar na mesa.

[...]

"KKKKKKKK, mas foi engraçado, você tinha que ter visto a sua cara!"

— Você só sabe rir das minhas desgraça, né? — Disse em um tom ironico, enquanto ria — Seu safado!

"É pra isso que servem os filhos >:D"

Tenho minhas dúvidas... — Se levantou, checando o relógio. — Já passou da sua hora, vai direto pra cama!

"Ah... Não dá pra eu ficar nem mais um pouquinho? ;("

— Não dá não. Vai dormir menino!

O loiro levou seu filho até o quartinho, se despedindo do menor e indo arrumar as coisas, para também ir deitar. Aqueles momentos, apesar de parecer apenas relações cotidianas de pai e filho, era uma das coisas que Forever mais prezava naquela ilha. Seu filho era um dos poucos que sabia que podia confiar, e faria de tudo por ele. Era naqueles instantes que ele realmente era feliz, os demais problemas desapareciam e lhe restava apenas a euforia. Mas quando iria encontrar uma sensação semelhante no mundo afora?

Deitou-se na cama, já sabendo que aquela seria uma longa noite.

Ilusões (CANCELADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora