Despedida

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Os seus lábios se tocaram, de maneira suave. Apesar do espanto, Philza não recuou. Lentamente, o britânico fechou os seus olhos, aceitando o beijo doce de Forever.

O mundo parecia parar por alguns instantes. Em toda aquela imensa ilha, restavam apenas os dois. O calor guiava seus corpos como nunca antes. Apesar de ser um "amor superficial", o mais velho não se recorda de algo tão profundo. Seu toque, sua pele, seu cabelo: era tudo tão encantador, nem sempre conseguia resistir.

Após alguns segundos, o brasileiro afastou seus lábios, mas ele ainda permanecia perto. Seus olhares estavam completamente conectados, presos um ao outro, numa perfeita mistura de cores complementares. Naquele ponto, ambos se encontravam envergonhados, suas bochechas queimavam, sensação qual se espalhou rapidamente pelo corpo de Phil, numa espécie de arrepeio caloroso.

Se mantinham em silêncio, adimirando entre si seus olhos brilhosos. Depois de um tempo, o mais velho interrompeu, com uma voz fraca:

— Por que você...

— Um beijo de despedida. — O brasileiro arrumou sua postura, ainda com seu olhar ligado ao dele.

Acareciou o rosto de rapaz com a ponta dos dedos. O britânico estava incrédulo, mais confuso do que nunca. Abriu sua boca pra falar algo, mas não tinha palavras pra descrever a situação. Mais uma vez, silêncio. O som das ondas do mar pareciam ecoar em sua mente.

— Foi bom ter sonhos com você. — Forever afirmou. — Agora eu entendo... Muito obrigado por tudo, Philza. Você me ajudou a compreender o que realmente é o amor.

O mesmo deu um pequeno beijo na testa do rapaz, segundos antes de partir. Firmou os dois pés na areia e seguiu em frente, com as mãos no bolso e uma sensação de leveza acompanhada. Ele caminhava com um leve sorriso no rosto, perdendo-se seus pensamentos entre as estrelas.

21:58

Finalmente tomou coragem para encarar a situação, ele precisava falar com seu filho. Não poderia negar: se sentiu um covarde por preferir passar um tempo com o britânico ao invés de vê-lo. Agora não tinha muito mais o que se fazer, estava na entrada do castelo de Cellbit, analisando o enorme edifício que sempre lhe encatava. Aquela áurea sombria, mística e misteriosa que o castelo transmitia sempre chamou sua atenção.

Enfim adentrou, chegando ao local rodeado por partículas roxas da warpstone. Analisava ao seu redor, buscando por alguém, por alguma voz. Passos iam se aproximando, cômodo após cômodo, enfim chegando até o brasileiro: era Cellbit.

— Não acha que está meio atrasado?

Levava em seu olhar um tom sério, talvez um pouco frustado, não necessariamente com o rapaz, mas sim com toda aquela situação. Eles trocaram olhares, em silêncio, enquanto pensava como responder sem gerar mais estresse para ele.

— Tive que resolver algumas coisas. — Afirmou, dando alguns passos a frente e se aproximando de Cellbit. — Onde ele está?

— E essas coisas envolvem o Philza?

Silêncio. Forever não conteve em esboçar em sua face uma expressão de espanto, como ele sabia? Ele abriu a boca para falar algo: nem ele sabia o certo o que seria. Uma explicação? Uma desculpa? Um questionamento? Porém o rapaz a sua frente logo interferiu, sem sequer dar espaço para o loiro.

— Pensei que preferia seu filho do que os seus machos. Mas acho que me enganei.

— Como que você...

— Copacabana é um lugar público, caso você não saiba.

O rapaz foi tomado por um pequeno arrepio, encolhendo-se diante da situação desconfortável. Ele serrou seus lábios, tentando manter contato visual com Celbo, mas era difícil. Suspirou, abaixando um pouco sua cabeça e desviando seus olhos do rapaz, tentando argumentar com uma voz baixa e trêmula:

— Olha Cellbit, eu posso explicar. Eu apenas achei que...

— Não preciso de suas desculpas agora. — Passou por Forever, sem ao menos ligar pra ele. — Depois a gente conversa, vá ver seu filho já que é pra isso que veio. Ele está no quartinho ao final do corredor.

— Obrigado. — Agradeceu de maneira breve, andando o mais rapido possível até Richarlyson.

Conforme se aproximava seus passos diminuiam, ao ponto de ficarem silenciosos. Espiou através da porta semiaberta, o menino permanecia sentado sobre a cama, com as perninhas encolhidas: provalmente recebeu ordens para ir dormir e descansar, mas não conseguiu. Forever sorriu, encostando sobre a madeira e abrindo a porta, ecoando um rangido, enquanto adentrava o quarto de seu filho.

O garoto, ao ver seu pai, ergueu seu olhar e foi correndo até o loiro, abraçando-o fortemente, espontaneamente. Um pouco surpreso pela ação do menor, apenas sorriu, pegando Richarlyson em seu colo e abraçando o garoto firmemente. Um abraço silencioso que transmitia uma sensação de conforto inimaginável, um abraço puro.

O rapaz sentou-se na cama do pequeno, ainda agarrando ele entre os braços, mantendo um pequeno balanço de corpo. Depois de um tempo quebrou aquela quietude, falando em um tom baixo:

— Me desculpe por não vir antes, filho.

O menino concordou com a cabeça, de maneira breve. Provavelmente não queria se soltar daquele abraço para escrever alguma coisa, não tão cedo. O conforto era a única coisa que importava agora.

Demorou um certo tempo para o menor se afastar do pai, já que permaneceram muito tempo colados. Ele sorria, como nunca antes, feliz por ver Forever ali. Escreveu em uma plaquinha, rapidamente, logo virando-a para o maior.

"Ta tudo bem pai, eu sabia que você vinha ;D"

A cada instante o brilho do olhar do brasileiro parecia ascender mais e mais. Era tão bom saber que seu filho lhe entendia, talvez naquela situação fosse o único.

"Naquela hora eu vi que você tava no cantinho, chorando quis ir até você, mas eles me agarravam com tanta força e me faziam tantas perguntas que não tive escolha. Ta bem agora?"

— To sim filho. O Philza me acalmou.

"Ainda ta de namorico com ele pai??? O.o"

— Não... — Suas palavras se mesclaram com uma risada, por algum motivo, o jeito que seu filho falou lhe deixou assim. — Eu não gosto dele, não mais. Finalmente as coisas estão se alinhando.

"Alinhando? Como assim??"

— Você é novo demais pra entender. Mudando de assunto, como tá a perna?

"Doendo. Acho que finalmente sou um manco completo"

Forever riu, fazendo um cafuné no mesmo. Aconchegou novamente seu filho em seus braços, retornando ao mesmo abraço confortável em que permaneciam a segundos atrás.

Ilusões (CANCELADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora