• Entre Damas e Vagabundos •

• Desgastante •

- Capítulo 21 -

     Em um dos incontáveis recintos que haviam no colégio Ragnarok, estava um casal aproveitando os últimos minutos vagos antes de irem assistir às aulas.

     – Hoje é dia dos namorados. Poderíamos passar um tempo sozinhos, já que antes estávamos ocupados.

     – Temos aulas. Sabe que se sairmos da área da escola com certeza alguém sentirá nossa falta.

     Aqueles eram Hermes e Brunhilde, quem muitos consideravam serem os betas mais conhecidos de todos que frequentavam a instituição.

     – Bem, mas podemos passar alguns minutos na sala de mídia, não? Para compensar o tempo perdido...

     – Sabe que isso não rola. – Por mais que a voz feminina soasse rígida, era nítido que estava prestes a ceder – Mas se ainda estiver no clima, podemos sair nesse fim de semana.

     – Fim de semana? – Perguntou carente. – Vai demorar muito! – Mesmo sem enxergar o que ocorria dentro, pôde quase visualizar um sorriso por parte da mulher.

     Certo, agora Hades tinha certeza de que não estavam cientes de sua presença atrás daquela porta. Fez uma expressão levemente desgostosa antes de bater na porta. Dessa vez entendeu o que Beelzebub sentiu, descrevendo como teve de interromper a conversa dos professores.

     – É tanta coisa para fazer... Abrir inscrições para os jogos escolares, avaliar o teatro de quinta, montar cronograma do baile de sexta, estudar para a semana de provas... Hermes, acho que vou enlouquecer!

     – Vai ficar tudo bem, Hilde. Já fizemos isso ano passado, lembra? Parece muita coisa, mas se fizermos juntos, prometo que passa em um piscar de olhos! – Consolou antes de deixar um selinho em sua testa, movimentos circulares feitos nos ombros contrários buscando relaxamento.

     Céus, sentia como se estivesse em um dos programas rídiculos de câmera escondida que Loki tanto apreciava!

     Anunciou sua chegada com dois toques na porta e esperando um sinal positivo antes de entrar.

     – Bom dia. – Ignorado de imediato pelo casal.

     Era sério que o único sinal de respeito à sua pessoa fosse um afastamento de mãos, sem nem olhar ou dar "bom dia"? À essa altura meio mundo desconfia da suposta inexistência desse relacionamento. Eles, Hermes principalmente, não sabiam que era impossível correr do clube de jornalismo?

     Para seu alívio como um ser quase respeitoso, chegou outro bem mais barulhento para: um, sofrer junto, ou dois, ajudá-lo.

     – Foi mal o atraso, tive que impedir Nostradamus de colocar cartinhas nos armários dos professores. – "Alto e direto" pensou o alfa assistindo ao desenrolar da segunda opção.

     – Qin! Que merda?! Detalhe desnecessário, só pede desculpa pelo atraso!

     Reprimiu Brunhilde, se ocupando em deixar as coisas que não precisaria em seu armário. Hermes, outro espectador, somente soltava uma risadinha sem graça após a segunda interrupção. Sussurrou algo no ouvido de sua namorada e foi respondido com "sexta" antes de sorrir verdadeiramente e ir embora.

     – Quanto mais sabem melhor é; moleque encapetado, precisa de tomar vergonha na cara!

     A única mulher da sala voltou sua atenção ao seu amigo.

     – Primeiro que Michel e vergonha não se misturam, e segundo que isso pode afetar nossa imagem!

     – Meu dia está ótimo, bom dia para vocês também. – Hades, que tinha sido jogado para escanteio há tempos, tentou acompanhar a energia da dupla.