• Entre Damas e Vagabundos •

• Surpresa! •

- Capítulo 15 -

     E mais um dia começava no colégio Ragnarok?

     Não, não era mais um dia no colégio Ragnarok. Em primeiro lugar, era uma quinta-feira, um dia antes de sexta e o dia que, para o segundo ano do ensino médio A, começava com uma aula de inglês com o professor de inglês Arthur Conan Doyle; que embora ensine uma matéria relativamente fácil, parecia sempre arrumar um jeito de transformar o verbo to be em um verdadeiro enigma que transitava do árabe para o latim, isso se não fossem línguas mais fáceis de se aprender nesse contexto. Ah sim, e o resto do dia?

     Bem, em segundo lugar, é que o dia de aula não tinha de fato começado, ainda faltavam em torno de quarenta e cinco minutos para o primeiro sinal bater e nossos queridos protagonistas, como na maioria das vezes, esperavam outros de seus companheiros no estacionamento da escola.

     Por fim, em terceiro lugar... O que diabos aqueles Vagabundos faziam ao lado de "nossas" Damas?!

     Era o que alguns dos próprios integrantes dos Damas se perguntavam, os Smith recém-chegados se encaravam com confusão visível em seus semblantes ao verem Apolo, Poseidon, Hades, Zeus e um quase invisível Beelzebub compartilhando daquele mesmo espaço. Hércules, que veio por puro costume, explicou que Poseidon – por algum motivo que a maioria desconhecia, mas que para Nostradamus era muito suspeito – chegou junto aos Sekis e Hades veio trazendo Beelzebub para conhecer seu colega do trabalho de artes pessoalmente. Apolo e Zeus vieram de penetras, meramente para zoar; ou chavecar, o caso do Olympus mais novo, que decidiu sair e encher o saco de Adamas ao perceber que ninguém cairia em seus encantos.

     Aquilo ainda não explicava o motivo dos alunos do ônibus terem chegado tão cedo, mas assumiram que se tratava de uma das manifestações da "epidemia da quinta-feira", quando muitos faltavam em dias que começavam com aulas chatas, como a própria quinta-feira que apelidava o evento desde o ano passado.

     Grande erro ignorar aquele detalhe numa escola cheia de fofoqueiros.

     Como se fosse para remediar a situação; aqueles que geralmente chegavam primeiro no ponto de encontro, Rasputin e Simo, apareceram pouco depois das Valkyries, faltando vinte minutos para o tilintar do sino. Grigori veio praticamente arrastado pelo finlandês, que quando questionado, respondeu com sinceridade que teve de forçar a vinda do mais velho que queria se esconder no banheiro para matar as duas primeiras aulas de química e matemática. Não iriam mentir, até compreendiam seus motivos, mas sendo alguns dos alunos parte do grêmio estudantil, foram obrigados a repreendê-lo.

     Levou um puxão de orelha dos presentes e logo prestaram atenção na chegada de Nikola, que por mais impressionante que fosse, parecia estar de péssimo humor ao sair do carro de seu irmão. Felizmente, antes que pudessem ficar preocupados, sua expressão se suavizava quando deu de cara com seus amigos, retornando ao Tesla que todos conheciam. Cumprimentou seus amigos com um "bom dia" antes de finalmente perceber os convidados incomuns, olhando para Nostradamus e questionando silenciosamente o motivo de estarem ali.

     O de descendência francesa respondeu com prontidão.

     – Imagino que já conheça os Olympus, sabe, do aquário e do lance do debate... – O castanho assentiu. – Incrível, você lembrou de alguém! Aqueles ali são Apolo e Beelzebub, também estavam no debate, mas só de enfeite. – Uma veia era vista saltando da testa do último mencionado ao ouvir a voz de Nostradamus, pois por experiências anteriores, até o falar daquela criatura já tirava toda a paciência de seu ser.

     – Prazer em conhecê-los. – Tentou ser cordial.

     – Mas você já deveria ter nos conhecido... – Apolo comentou se divertindo com o esforço que o rapaz fazia para processar a informação.