• Me afogando •

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Me mexi no sofá, quando coloquei o ponto final na última linha do trabalho de biologia.
Pude deixar um suspiro escapar pelos lábios, que não passaram despercebidos pelo Nara.

Shikamaru: Acabou? —Assinto diante da sua pergunta, grampeando as páginas finais. Igual o nosso último trabalho, eu fiquei com a parte da pesquisa escrita, já que a letra do Nara não era das melhores.

Fazia horas que eu estava na casa dele, o sol estava se pondo. Uma luz laranja invadia a sala e banhava as minhas pernas esticadas no chão. Era... Reconfortante, de alguma maneira.
Shikamaru estava enterrado sob um monte de camadas de papéis, figuras e alguns desenhos impressos. Até que era fácil trabalhar com ele, não falava muito e não questionava. Na real, acho que se eu dissesse que iria jogar o trabalho na privada, ele iria balançar os ombros e dizer "tanto faz."
Mesmo assim, meu coração ainda sentia pontadas sempre que eu me lembrava da situação de Tenten. E, para completar, eu ainda me sentia mal pelo que falei ao Hyuuga mais cedo. Tá, mas fala sério... Ele...
Aish. Ele merece ouvir umas verdades, né?
Não! Que verdades, Temari? Ele é solteiro, não é responsabilidade dele e...
Argh.
Murmurei, enquanto a minha mente travava uma batalha árdua entre razão e emoção.

Shikamaru: Você é barulhenta demais.

Levantei os olhos, pegando-o me observando. Queria bufar, mas isso só mostraria que ele estava certo.

Temari: Você se incomoda demais. —Respondi, baixando meu olhar para as páginas grampeadas. Coloquei todas ao lado do meu corpo.

Shikamaru: É difícil não se incomodar quando você suspira, murmura ou fica bufando perto de mim.

Temari: Os incomodados que se mudem.

Shikamaru: Você está na minha casa.

Temari: Ah... É. —Fechei os olhos por um segundo, percebendo que tinha dado uma bola fora. Surpreendentemente, pude ver ouvir Shikamaru... Rindo. Era a primeira vez que ele estava rindo de algo por minha causa, então fiquei confusa. O olhei, encontrando um sorrisinho no seu rosto.

Eu não estava esperando por aquela reação, então não consegui sustentar o olhar por muito tempo.
Queria bater a minha cabeça contra uma parede, porque percebi que estava ficando meio sem graça. Só um pouco. Estou habituada demais a ter sempre uma boa resposta na ponta da língua, e então, do nada, erro.
E a primeira reação dele diante do meu erro foi rir, mas o que me chocava era que Nara não estava rindo por deboche, ou algo do tipo. Era como se eu apenas tivesse dito algo engraçado e isso arrancasse dele uma risada gostosa.

Shikamaru: Veja só, a imbatível No Sabaku Temari também é um ser humano. —Ele quebrou o nosso contato visual no fim da frase, baixando os olhos para terminar a sua parte com as figuras.

Temari: O quê?

Shikamaru: Um ser humano, No Sabaku. Ser humano, conhece? Homo sapiens, tá ligada?

Revirei os olhos, e todo aquele momento em que achei que Nara pudesse ser algo mais do que um dorminhoco relaxado passou.

Temari: Conheço, mas me surpreende que você conheça. Entende, neandertal?

Ele me olhou, incrédulo, colocando a mão na cabeça. Segurei a risada diante da confusão nos seus olhos, mas o dorminhoco coçou a garganta e voltou aquele olhar tedioso.

Shikamaru: Os homo sapiens e neandertais viveram juntos por um período, sabia? —Baixou mais uma vez o olhar.— Mantiveram relações sociais, como nós. E até... Românticas.

Nara ergueu os olhos, a cabeça ainda baixa.
Senti minha garganta secar diante do que ele disse, não sabia se ficava com vergonha ou se batia nele. Ainda mais porque me olhava, não como provocação, mas como um desafio.
Uma disputa para ver quem mexe mais com o outro, é?
Que saco. Estou perdendo de 2×0.
Apesar de tudo isso, a trama no ar e tensão me apertando, foi ele quem quebrou o nosso olhar. Soltou um suspiro de vitória pelos lábios, terminando, finalmente, o trabalho.
Me mantive calada depois daquilo. Saber que eu não tive nenhuma idéia de resposta para ele estava me deixando maluca. E se eu acertasse um soco nele?

Ass: anônimo -Shika•TemaOnde histórias criam vida. Descubra agora