• Olhos solitários •

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Apertei a alça da minha mochila com força, pendurada sob os dois ombros.
Neji, parado ao meu lado, não olhava para mim. Ele acenava tranquilamente para o amigo, Shikamaru, que se afastava com a minha melhor amiga.
Temari me lançou um sorriso com um piscar de olhos discreto, que me fez ficar meio envergonhada.
Hoje é quinta, estamos parados na frente da escola e eu vou para a casa de Neji para fazer aquele trabalho. Temari, no entanto, está indo para uma sessão de estudos com o quase namorado.
Sessão de estudos, sei.

Neji: Vamos?

Pisquei quando seu rosto estava diante de mim, de repente.

Tenten: Vamos.

Ele sorriu de canto e caminhou ao meu lado em passos lentos, na direção de um dos pontos de ônibus. Eu sabia que a direção da casa dele era totalmente contrária da minha, mas nunca havia ido lá. Isso porque, da última vez que fizemos o trabalho, foi na minha casa.
E a situação toda era muito diferente, aliás. Eu estava morrendo de nervoso e tentei puxar assunto com ele o tempo inteiro, e tudo que recebia era respostas vagas e curtas.
Agora, diante de como estamos agora, não tenho certeza do que deveria esperar. Eu sei que não vai acontecer nada, é claro, bem, eu espero.
Porque, na real, não quero que aconteça mesmo. Não... não agora.
Não tão fácil.
Esperei tanto por ele que quero que ele lute por mim, e como o mesmo disse, me conquistar como realmente mereço.

Tenten: A Hinata vai estar lá, aliás? —Perguntei quando entramos no ônibus, com dificuldade. O veículo estava repleto de alunos da nossa escola, se espremendo entre si.

Neji não me respondeu, já que ficou impossível conversar quando passamos por tanta gente.
Como eu estava na frente, me encolhi e fui passando pelo corredor estreito, até parar em um pequeno vão em frente a janela.
Olhei de relance para trás, procurando pelo Hyuuga por entre as muitas pessoas, o que, adivinhem, foi em vão.
Consegui ver, de leve, o topo da cabeça dele graças a sua altura, mas nada mais.
Com um suspiro, me apoiei contra a janela e fiquei na pontinha do pé, tentando vê-lo claramente. Ô ônibus cheio, meu Deus.

Nossos olhos se encontram por um milésimo de segundo, e eu observei enquanto ele tentava passar pelas pessoas até chegar a mim. Ao mesmo tempo, o ônibus deu partida, e eu senti os corpos das pessoas em volta baterem contra o meu, me arrancando um resmungo.
Um garoto ao meu lado murmurou um "foi mal" de qualquer jeito, mas seu corpo ainda esbarrava no meu enquanto o ônibus corria na pista.
No entanto, aquele par de pérolas surgiu novamente.
Neji apareceu no meio de todos os alunos e com força —e talvez até um pouco bruto— parou diante de mim, com as mãos apoiadas na janela atrás do meu corpo. Me encolhi de forma inconsiente, e pude notar que ninguém mais esbarrava em mim.
Apenas nele.
Um leve sorriso surgiu no canto dos meus lábios.
Ele estava mesmo me protegendo?

Neji: Não vai.

Pisquei com o som da sua voz grave, enquanto ele me olhava. Precisou se aproximar mais quando mais pessoas pareceram subir no ônibus, e mesmo com a diferença de altura, seu rosto estava a centímetros.

Tenten: O quê? —Sussurrei, e achei ter visto ele sorrir.

Neji: A Hinata. —Ah, sim, claro. Sua prima— Ela voltou para a casa do meu tio por causa das aulas, mas quer voltar no final de semana.

Antes que eu pudesse fazer, o motorista fez uma virada brusca, obrigando Neji a apoiar a mão na janela aberta com força, tanto que, apenas virando o rosto, vi os nós dos seus dedos ficarem brancos.
Ele travou o maxilar quando algumas pessoas esbarraram nele, mas seu corpo permaneceu imóvel.
Aproveitei aqueles segundos para apreciar a privilegiada vista que estava diante dos meus olhos.
Enquanto seu rosto estava virado para o lado, seu pescoço tensionado e marcado estava amostra. O cabelo preso em um coque mal feito, que deixava ele ainda mais bonito.
Como pode, meu Deus.
Quando seus olhos encontraram os meus outra vez, eu cocei a garganta a fingi que não estava o admirando.

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⏰ Última atualização: Sep 26 ⏰

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Ass: anônimo -Shika•TemaOnde histórias criam vida. Descubra agora