• Arte de fingir •

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Eu não tenho nada além de sentimentos confusos para lhe oferecer.

Reli o verso de uma das cartas antigas que recebi, meia hora após Dazai deixar a minha casa. É noite. O céu nublado paira acima de nós com nuvens cinzas, pesadas e leves ameaças de chuvas.
Nada além de sentimentos confusos.
Sentimentos confusos.
Soprei o ar, me jogando na minha cama e desejando que toda aquela incerteza me deixasse.
Porque pesava, pesava, pesava.
Era difícil dizer para mim mesma no reflexo do espelho que iria ignorar qualquer merda que poderia estar acontecendo entre mim e Shikamaru, e mesmo assim, ainda não parar de pensar nisso. E é difícil, tão difícil, reler as cartas do Anônimo e sentir um peso.
Não sei por quê.
Mas me parece estranho, tão estranho, aquela sensação curiosa sobre o Nara, e a sensação de conforto, de colo, de... Paz? Que eu sentia ao ler cada carta.
Como dois lados de uma espada. Dois lado de uma moeda.
Dois... Sentimentos.
Difíceis demais para lidar.

Os pensamentos não me deixaram nem mesmo quando saí de casa pela manhã, o início de mais uma segunda feira. As aulas logo estarão se encerrando, as provas estarão aí e até mesmo o baile de formatura.
Esfreguei o cabelo, frustrada. Não quero pensar em absolutamente nada disso, tendo tanta coisa na minha cabeça.
Ao atravessar os portões do colégio, meu celular vibrou no bolso com algumas mensagens de pessoas diferentes.
Li a primeira, de Dazai.

- assustado com a tua história
- mas me conta se receber
uma carta hj
- Temari tem namoradooo
- 😝

Segurei o sorriso momentâneo. Idiota demais.
Mas aquele simples sorriso morreu ao ver a próxima notificação.

- Você comeu?
- Eu falei que ia verificar se estava comendo.

Parei de andar, segurando o celular com mais força do que deveria.
Sério, Shikamaru? Sério mesmo?
Depois de sábado, ele...
Bufei, guardando o celular sem responder a ninguém.
Procurei minha amiga pelo pátio da escola, mas não a encontrei em lugar nenhum. Saco, saco.
Pela total falta de companhia, meus pés resolveram me levar direto até a sala, mesmo faltando alguns minutos para a aula iniciar.

Passei pela porta da sala de aula com a cabeça baixa e os olhos no celular, mandando mensagem para a cabeçuda da minha melhor amiga e saber onde ela se enfiou.

*****: Bom dia, No Sabaku. —Parei de andar quando alguém se pôs a minha frente, então ergui a cabeça. Rock Lee estava parado com aquele sorriso brilhante de todos os dias, quase que ofuscou meus olhos.

Temari: Ah... —Ponderei, colocando o celular no bolso.— Bom dia.

Lee: A Tenten não chegou ainda?

Hum, ele está chamando ela pelo segundo nome? Será que eu perdi alguma coisa?

Temari: Acho que não, também estou esperando por ela.

Ele pressionou os lábios, balançando a cabeça.
Senti alguma coisa queimar na minha nuca, então passei os olhos por Rock Lee e me concentrei no que estava atrás dele.
O Hyuuga, na carteira habitual, o maxilar travado e focado na nossa conversa.
Sorri, de lado.
Babaca demais.
Por falar nisso, não sei o que rolou depois que ele deixou a Tenten em casa no sábado, ela havia mandado mensagem como pedi e disse que chegou bem, mas não deu nenhum detalhe sobre algo em especial.

Lee: Tudo bem, obrigado.

Ele me cumprimentou com a cabeça e foi se sentar, e eu sorri em resposta.
Até abri a boca para falar, sozinha, mas me reprimi imediatamente. Queria dizer "Nossa, como é bom conversar com pessoas educadas."
Admito que queria muito alfinetar Neji, mas, preciso me manter.
Tenten disse que não era necessário esses comportamento e eu vou ouvir ela.
Na medida do possível...
Me sentei no meu lugar, notando a ausência de Shikamaru. Era estranho estar numa sala quase sozinha com o Hyuuga, já que não tínhamos nenhum tipo de intimidade e, até sábado, eu era sempre bem ríspida com ele.
Agradeci aos céus quando Tenten passou pela porta da sala de aula, me arrancando um sorriso genuíno.
Nossos olhos se encontraram e ela caminhou até mim, mas eu não fui a única pessoa que imediatamente a vi.
Rock Lee se levantou com aquele sorriso e se colocou na frente dela. Falou algumas coisas e, em meio aquela conversa, minha amiga desviava o olhar dele para mim algumas vezes.

Ass: anônimo -Shika•TemaOnde histórias criam vida. Descubra agora