• Preocupações •

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Meu corpo parecia estar esmagado sob toda a pressão do oceano quando tentei abrir os olhos.
A luz forte da lâmpada me machucou, e eu precisei piscar algumas vezes. Quando me acostumei a claridade, tentei olhar em volta. Eu sabia onde era aquele local.
Me sentei devagar na maca, cercada por cortinas brancas de divisórias. No mínimo barulho que fiz ao me sentar com dificuldade, as cortinas ao meu lado se abriram em um único golpe.
A mulher de cabelos curtos e pretos na altura do ombro me olhou, aquele olhar apreensivo. Os braços que geralmente estavam cruzados, seguravam uma bandeja com alguma coisa parecia com arroz, frango, verduras, maçã e um suco.

Shizune: Oi, No Sabaku. -Ela se aproximou, colocando a bandeja em um suporte ao lado da minha maca, então se sentou próxima a mim.- Como se sente?

A senhorita Shizune, enfermeira geral da enfermaria do colégio.
Mas o que eu estava fazendo ali?
Minhas lembranças pareciam turvas e confusas.

Temari: Meu corpo parece pesado, minha cabeça tá girando... -Fechei os olhos com força, tocando a minha testa.- O que... O que eu estou fazendo aqui, senhorita Shizune?

Ela cruzou os braços, desviando o olhar. Habitual.

Shizune: Houve um tumulto na biblioteca quando falaram que uma garota desmaiou. Mitsashi Tenten e Nara Shikamaru trouxeram você.

Suspirei com força.
Eu desmaiei.
Minhas memórias confusas de repente se encaixaram como um quebra cabeça, me lembro de entrar na biblioteca, do meu corpo pesando, das tonturas... De colocar a minha carta entre os livros e tudo se tornar um mar de escuridão.
A minha carta.
Eu... Eu consegui? Ele recebeu?
Engoli a seco para não demonstrar agitação para a enfermeira que me olhava com aquele olhar. De quem vai me dar um sermão, ou algo do tipo. Kankuro sempre me olha assim.

Shizune: Temari... -Comprimi os lábios.- Quando foi a última vez que você comeu?

Um estalo.
A última vez...
Não me lembro.
Talvez ontem de ontem.
Droga. Droga. Droga.
Meu estômago não parava de roncar hoje de manhã porque tinha 24 horas que eu não comia nada. Porque mesmo após aquele dia estressante e passar a noite chorando, eu não havia comido nada. Nem mesmo uma fruta.
Foi por isso, por isso que Kankuro me olhou daquele jeito de manhã. Por isso meu corpo parecia tão pesado, por isso tantas tonturas.
Que merda.
Olhei para a mulher que ainda esperava uma resposta minha, mas admitir aquilo em voz alta parecia tão difícil.

Temari: Ontem de ontem, eu acho.

Shizune: Pois é. Geralmente as pessoas desmaiam após 72 ou até 48 horas, você ficou cerca de 24 e não resistiu. Sabe o que significa? -Balancei a cabeça lentamente, encolhida.- Que você já não vem comendo bem a muito tempo.

Como desviar o olhar, como fingir que ela não está certa? Porque estava.
E eu sabia muito bem disso.
Pular algumas refeições era tão fácil, o meu corpo não reclamava, então era simples. Bem, até agora.
Precisei desviar os olhos porque não aguentaria receber aquele olhar por mais tempo, e então, quando meus olhos passaram por ela e foram para a visão da enfermaria que a cortina aberta proporcionava, olhei para outra pessoa.
Ele, sentado no banco de espera, os braços cruzados, seu olhar profundo e vidrado nos meus. Não tinha emoção, nenhum resquício. Apenas sério e vazio.
Abri a boca devagar, me lembrando das palavras da enfermeira.
"Mitsashi Tenten e Nara Shikamaru te trouxeram" ele estava ali. E não parecia contente por isso, por sinal.

Shizune: Temari. -Sua voz chamou a minha atenção.- Preciso que fale comigo. Não é saudável você simplesmente parar de comer, desmaiar não é só um dos sintomas. Aconteceu alguma coisa?

Tem acontecido tanta coisa, e está tudo tão entalado na garganta. Mas não sou capaz de dizer, então fica preso alí mesmo.

Temari: Não... Eu só... -Gaguejei, e me odiei por isso.- Só não senti fome.

Ass: anônimo -Shika•TemaOnde histórias criam vida. Descubra agora