• Hate You •

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Eu queria que você tivesse traído a minha confiança
E me contado mentiras e coisas do tipo
Queria que você tivesse beijado alguém que eu conheço
E feito o imperdoável
...
Talvez te odiar seja a única maneira de fazer com que não doa
...
Então, eu vou te odiar, vou te odiar
Te pintar como o vilão que você nunca foi
Vou te culpar por coisas que você não faz
Te odiar é a única maneira de fazer com que não doa
...
Não é a verdade
Não é a solução
Mas te odiar é a única maneira de fazer com que não doa

Suspirei ao ver a minha melhor amiga ser beijada pelo cara -que ela não admite, mas- que é apaixonada.
Suspirei, caindo na arquibancada com um sorriso.
Quando ele segurou o seu rosto e a beijou com tanto amor, com tanta paixão.
Pude sentir o meu coração transbordar de felicidade, porque Temari é a minha melhor amiga, e vê-la sendo feliz é o que eu mais desejo no mundo.
Ela merece ser feliz.

Desviei o olhar com a intenção de dar privacidade a eles, apesar de que eles tinham toda os torcedores de plateia. Estes, que outrora já gritavam devido a vitória de Konoha, agora estavam estourando as gargantas com o beijo na beira do campo.
De fato, momento único. Para eles. Para ela.
Até pra mim.
Quando meus olhos saíram do casal, eles pararam inconscientemente em alguém que me observava.
Apesar de Hyuuga Neji estar cercado pelos outros jogadores de futebol perto de Temari e Shikamaru, ele estava olhando pra mim.
E era como se o olhar daquele par de pérolas me atravessasse.
Soltei o ar pela boca, exposta.
Exposta e desconfortável.
As lembranças da nossa conversa no corredor, quando gritei com ele e admiti a verdade nua e crua que eu evitava dizer, quando descobri que ele não tinha qualquer ideia de que eu era perdidamente apaixonada por ele...
Tudo isso, que veio a tona muito de repente.

Não consegui sustentar o olhar dele por muito tempo e em meio a isso, fui obrigada a desviar.
Acho que foi a pior das minhas escolhas, e olha que eu já fiz muitas escolhas ruins.
Meus olhos pararam no Lee, aquele sorriso brilhante na minha direção, no meio dos torcedores que ocupavam as arquibancadas.
A resposta que ele esperava.
Voltei os olhos para Neji, depois para Lee. Depois para Neji. E então Lee novamente.
A resposta que os dois esperavam.
Engoli a seco e meu peito se apertou, as vozes abafadas. Escolhas e escolhas. Por que preciso tanto ter uma escolha?
A ponta dos meus dedos tremeram e os gritos que antes eram animadores, ficaram insuportáveis.
Me senti mal.
Mal por estar transbordando de sentimentos ruins, mal por querer fugir quando minha melhor amiga está vivendo um dos melhores momentos da vida dela.
Mal por... por ter, de fato, fugido.

Meus pés me desobedeceram e eu passei pelo meio das pessoas que estavam em pé, falando, gritando, gritando, gritando.
Quase consegui decifrar a voz da Ino no meio de todas, mas em vão, já que nenhuma palavra vazia sentido.
Parecia que havia apenas uma luz, algo que me guiava em meio a todas as pessoas.
Fuja. Ela dizia.
Fuja. Insistia.
O que antes eram passos desengonçados tornaram-se rápidos, ágeis, uma corrida. Eu estava fugindo de tudo aquilo, tentando ignorar, como se isso bastasse para toda aquela situação sumir.
Mas eu sabia que não.
Por ora, pelo menos, eu queria descanso. Paz. Um pingo de segundo sem pensar nele. Neles. Nos dois.

Com os pensamentos tão confusos quanto minha visão em meio ao desespero, não percebi quando consegui sair da quadra.
Confusa. Confusa. Confusa.
Eu estava fazendo, sem saber, uma trilha frágil até o pátio da escola, e do pátio para os corredores vazios.
Vazios. Vazios. Vazios.
E então, finalmente, parei.
As vozes desapareceram.
Tudo, tudo havia sumido.
Soltei o ar pela boca e desabei no chão do corredor, meus pés doloridos, meu peito apertado e meu coração acelerado.
E os batimentos só pioraram.
Mesmo parada, mesmo sentada no chão, eles batiam mais rápido. Mais desespero.
Levei a mão ao peito, respirando com muita dificuldade.
Meus olhos transbordando lágrimas que deslizavam pelo meu rosto contra a minha vontade, tudo embaçado, tudo confuso.
As vozes... Os gritos, as risadas. Tudo voltou, de repente.
Como se eu ainda estivesse na quadra. Como se Lee e Neji estivessem na minha frente, exigindo uma resposta, exigindo uma posição que eu ainda não me sentia capaz de ter. Uma decisão.
Mas que decisão?
Se meu coração bate por um, mas não quer que o outro deixe de bater?

Ass: anônimo -Shika•TemaOnde histórias criam vida. Descubra agora