• Lua nova •

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Eu achava que Nara Shikamaru já era irritante por si só, mas, ele conseguia ser simplesmente tolerável as vezes. Nós funcionamos até que bem juntos, igual no trabalho escolar. Seguimos a lista e em menos de meia hora estávamos saindo do mercado, com várias sacolas. Chocolates, leite condensado, meu irmão tá querendo ficar com diabetes hoje.
E, outra coisa, depois da minha ligação com Dazai, o dorminhoco ficou mais calado. O que foi bom.
Não sei exatamente a razão do seu silêncio, mas talvez isso tenha deixado tudo mais fácil.

Shikamaru: Estressadinha. —Falei cedo demais. Virei o rosto para ele, estávamos com as muitas sacolas no chão, esperando o ônibus. O céu estava coberto por nuvens escuras, podíamos ouvir o som dos trovões.— Vai cair um pé d'água.

Ele estava certo. Ergui a cabeça.
O som estridente de um trovão soou, e eu respirei fundo.

Temari: É. É hoje que o dilúvio cai.

Shikamaru ponderou, se recostando no muro. Estavamos debaixo do simples abrigo do ponto de ônibus. Parecia que aquele pequeno espaço não aguentaria a chuva junto com o vento. Vento, porque meus cabelos não paravam quietos graças a ele.

Shikamaru: Olha... —Ele estava olhando para o celular antes de erguer a cabeça.— Eu tenho uma idéia, mas você não vai gostar.

Cruzei os braços. Eu sabia que iria odiar, apenas pelo tom de voz dele. Se Shikamaru estava me avisando que eu iria achar ruim, é porque a ideia era horrível.

Temari: Não. Nem pensar. —Bati o pé pela quinta vez, após o Nara me dizer o que tinha em mente.— Eu não vou entrar em um carro com Hyuuga Neji, eu não gosto dele.

Shikamaru bufou, arrastando as mãos no rosto. Eu e ele já estávamos frustrados a quase 5 minutos.
Eu estava sendo firme na minha decisão, e ele estava sendo firme na ideia dele.

Shikamaru: Qual é o seu problema? É só uma carona. Você prefere ficar aqui e se molhar? Vai cair uma tempestade, Temari.

Temari: Eu prefiro. —Apertei a testa. Minha voz firme.— Não vou entrar em um carro com ele, cara! Eu nem mesmo olho no rosto dele direito, vou simplesmente aceitar uma carona?

Shikamaru: Tá de sacanagem que você é orgulhosa nesse nível.

Ele me olhou com o nariz enrugado, e eu juro que iria quebrar a cara dele no soco se não parasse de me olhar daquele jeito.

Temari: É, pois é. Eu sou, Nara.

Shikamaru: Tá certa então. Estamos esperando aqui e nem sinal do ônibus, tá quase caindo uma chuva e você prefere mesmo se molhar com várias sacolas do que quebrar o próprio orgulho?

Nara se aproximou em passos pesados até mim. Minha respiração estava pesada quando ele olhava nos meus olhos e falava aquelas coisas.

Temari: Eu já disse que sim. —Falei, os dentes semi cerrados.— Não dá para entender? Eu nem mesmo falo direito com ele, é totalmente sem noção aceitar uma carona.

Shikamaru: Sem noção é você preferir ser levada pela chuva.

Ri soprado, claramente irritada.
Pressionei a língua contra a bochecha, e, em questão de segundos, alguns pingos leves de água caíram no chão. Seguidos por outros, e outros, até um temporal estar acontecendo.
Meu coração se apertou vendo o mar que caía do céu, nenhum sinal do ônibus, e as sacolas que ainda estavam conosco. O vento parecia cada vez mais forte, constante. Sem contar no ser irritado que me encarava.

Shikamaru: Pronto, tá aí.

Aquele tom alterado quando ele apontou para a rua. Os carros que iam e vinham, a chuva que inundava numa velocidade surreal.
É claro que eu queria estar dentro de um carro, indo para casa em uma segurança. Mas eu não converso com Neji, não tenho um pingo sequer de empatia, tampouco de intimidade. Simplesmente aceitar uma carona me fere demais, é quase como usar uma pessoa, fazer o que eu quero e no outro dia mal olhar na cara. Não consigo fazer isso, mesmo que ele e Shikamaru sejam amigos.
Vai contra os meus princípios.
Bem, mas diante da tempestade que acontecia, do que vale os princípios?

Ass: anônimo -Shika•TemaOnde histórias criam vida. Descubra agora