• Agora não... •

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Suspirei, entrando no meu quarto e fechando a porta.
Eram três horas da tarde e eu havia acabado de me despedir de Nara, que me deixou em casa depois que almoçamos e tomamos sorvete. Foi um dia tranquilo, calmo, com risadas e, bem, alguns beijos.
Claro que dado alguns momentos eu não conseguia esquecer da minha preocupação com a minha melhor amiga, mas estar com Shikamaru... Eu não sei, ele me transmitia uma calma e segurança diferente. Como se estivesse tudo bem em me distrair e aproveitar da sua companhia enquanto ele me faz rir, ficar envergonhada e irritada na mesma intensidade.
Sorri sozinha, me jogando na minha cama. A casa estava um completo silêncio devido a ainda ausência dos meus dois irmãos.
De qualquer forma, era bom.
Era uma das primeiras vezes que eu estava sozinha no meu quarto, sozinha em casa, após todo um dia e ainda assim conseguia sentir uma leveza no coração.
Tudo isso, todas essas coisas... Era diferente de qualquer coisa que eu havia sentido.

Em algum momento após ficar presa em meus pensamentos, optei por tomar um banho. Tenho que confessar que tirar o colar de concha e a blusa que Shikamaru me deu foi um pouco... Ok, doloroso.
Quando estava entrando no meu quarto novamente com a toalha secando meu cabelo, meus pés me desobedeceram e pararam em frente a minha mesinha.
O dia, como eu já disse, havia sido agitado e animado, tranquilo e calmo. Mas ontem também foi. E em meio a tudo isso, eu esqueci...
Esqueci da minha carta.

Larguei a toalha e dei passos curtos até o pedaço de papel lacrado guardado junto as seus outros iguais. Esta, de sexta, eu nem mesmo li. Estava tão ansiosa e nervosa pelo meu encontro que...
O ar escapou da minha boca e meus dedos tremeram quando toquei o papel áspero e o trouxe até mim.
Uma sensação esquisita envolveu meu coração como uma fita macia que me, céus, me sufocava. Apertava, apertava.
E o pedido para que eu rompesse aquele lacre era incessante e por alguma razão, desconfortável.
Leia-me.
Leia-me.
Leia-me.
Mas por que... Eu estava exitando? Por que meus dedos não seguiam meu comando para romper o lacre?
E por aquela sensação preenchia meu ser até a boca do meu estômago, fazendo tudo ali se remexer?
Como se por um segundo, fosse errado estar ali naquela posição. Fosse errado ler uma carta do Anônimo, fosse errado... Sentir qualquer coisa em relação a ele.
Meu olhar correu pelo quarto até a caixinha que guardava o colar em cima da minha cama, e depois passou direto para a caixinha da minha pulseira de rosas.

Engoli a seco, soltando todo o ar pela boca e largando a carta. Me ergui, de pé, frustrada, frustrada.
Queria ler. Mas aquela sensação, o medo... O vermelho que não deixava a minha mente.
Eu não posso me sentir assim, não é? Céus, não é errado com ele?
Pisquei diversas vezes, parando de esfregar minhas mãos nos braços. Parada no meio do quarto, peguei a carta e rompi aquele maldito lacre vermelho sem pensar mais.

"Olhei pra você e sabia
Que é errado gostar
de alguém
Quando a gente nem sabe
O que é
Gostar
-Coisas que guardei pra mim

Olá, Rosa Lua. um tempo que parece que estamos distante, ?
Ah... se você entendesse, se você entendesse...
Sabe o que é engraçado? É que nos últimos dias, tenho notado mais o seu sorriso e alegria genuínos. Mas, ainda assim, nesses momentos em que a felicidade te cerca e você sorri, eu me sinto distante. Como se estivesse a um milhão de passos de você. Como se tudo que tentei para alcançar -se é que é possível alcançar algo na minha posição- estivesse, de repente, indo por água abaixo.
E ao mesmo tempo em que me desespero, me conforto. Os sentimentos confusos se misturam e eu não sei o que fazer.
Sinto que estou na sua frente e ainda assim, a mil passos de você.
Parece que a sua felicidade ao tocar em uma nova carta não é mais tão genuína quanto antes, você... Sua atenção mudou de foco e eu sei disso. Agora me diz, o que faço? O que faço com as palavras que me cercam e sufocam?
O que faço agora que não sou capaz de exigir nada nessa posição porque, por outro lado, as coisas estão dando certo, mas... Mas ainda assim...
Me desculpe. Talvez eu nem te entregue isso, por que você não vai entender.
Não consigo te explicar porque me sinto assim, porque muitos detalhes que não te posso dizer.
A única coisa, Temari, que sou capaz de falar para você, é que está cada dia mais difícil me manter como Anônimo para você. Eu queria encerrar essa carta dizendo quem eu sou e o porquê disso tudo, mas...
Não posso fazer isso.
Não posso fazer isso com você quando finalment-
Me desculpe.

Ass: anônimo -Shika•TemaOnde histórias criam vida. Descubra agora