• Cacos de amor •

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"Te ver todos os dias de longe
É uma tortura
Te observo, te admiro
Mas você nunca olha de volta
Estou aqui
E me pergunto
Quando irá perceber?

Olá, Temari.
Hoje faz apenas uma semana desde que lhe entreguei a primeira carta. Queria poder ver a sua reação e como se sente em relação a isso. Queria saber se, se importa ou se age como se fosse um monte de palavras bobas e sem fundamento. Mas não são.
Meu coração é uma junção de cacos, quebrados em tantos pedaços, e te dou um pequeno caco a cada carta.
Será que, no final disso tudo, se houver um final, você estará com todas as partes do meu coração? Iria conseguir juntar as partes e me devolver ele inteiro?
Se sim, por favor, não devolva.
Ele já é seu.
Quando tiver todas as partes, quebre, largue, estraçalhe. Ele é seu. Sempre foi. Acho que sempre vai ser, porque não o quero de volta.
Não faz sentido ter algo para mim que dia após dia após dia anseia apenas por você.
Me desculpe por essas palavras tão melancólicas, as vezes minha mente viaja tão longe nessas palavras que é difícil segurar.
Bem, na próxima sexta, queria propor algo para você. Não sei o que acontecerá até lá, mas gostaria que me respondesse. Te darei um local, e se for da sua vontade, coloque uma carta para mim.
Você pode me achar um doido maníaco, ou não, então, apenas diga o que pensa e o que sente para mim. Compartilho meus pensamentos com você, pensamentos tão profundos, já que ninguém sabe que sou apaixonado por No Sabaku Temari, então, pegue a sua sinceridade e use-a contra mim também. Nem que seja para me xingar.

Boa sorte enquanto junta os cacos do meu coração. Ele é todo seu.

Ass: Anônimo."

Joguei a cabeça para traz, minha cadeira de rodinha se mexendo e batendo contra a cama.
Fechei os olhos, sentindo o coração pulsar.
Tum. Tum. Tum.
Que sentimento é esse?
Irradia no meu coração e me enrola, me amarra. Cacos. Cacos de um coração, ele disse. Partes quebradas.
Que ele está dando a mim.
Não sei o que ele quis dizer exatamente com essas palavras, mas será que tem noção do que elas causam em mim?
Eu vejo minha melhor amiga com um coração estraçalhado, lutando para reconstrui-lo e nem querendo ver a cara da pessoa que o quebrou. E então, o anônimo, diz que ainda assim, mesmo quebrado e ferido, está dando-o a mim. Para quebrar. Mas que fique comigo.
Isso... Isso é...
Passei as mãos pelo rosto.
É confuso. Confuso demais.
Quando estamos machucados, a idéia não é recolher? Reprimir, até que nossas feridas sarem?
Então porque ele, ainda assim, quer me entregar algo que não me pertence, jamais pertenceu?
Sinceramente, acho sim que ele é um maníaco. Mas agora, me sinto Hyuuga Neji, aquele ao qual eu tanto estou julgando. Me sinto ele, responsável por um coração que não é meu.
Li a carta mais três vezes. Ou cinco. Ou sei lá, oito.
Mesmo assim, não conseguia compreender, meu coração se apertava, o nós do meus dedos estavam brancos contra a madeira da minha mesa, que eu apertava e apertava e apertava.
Cacos. Cacos de amor. Cacos de um coração.
E eu aqui crucificando Hyuuga Neji, agora estou na mesma situação que ele. Será que isso muda alguma coisa? É estranho estar desse lado do jogo, é estranho ter a responsabilidade sobre algo que eu não nunca pedi, ou fiz algo para ter. Exatamente como...
Suspirei.
Exatamente como Neji.

Batidas soaram na porta do meu quarto e eu me ergui na cadeira, de pé. A porta foi aberta e cabeça de Gaara surgiu.
Após uma rápida olhada, ele franziu o cenho.

Gaara: Oxi. Que cara é essa aí? Viu um fantasma?

Suspirei, balançando a cabeça e andando até ele.

Temari: Demorou muito para chegar da escola, onde estava? -Um sorrisinho surgiu em seus lábios, nem precisava explicar mais nada.- Saiu com ela?

Abri mais a porta e ele deu um passo para traz, um sorriso tão leve e um tom de rosa nas bochechas.
Segurei o sorriso junto a ele, encostada no batente da porta.

Ass: anônimo -Shika•TemaOnde histórias criam vida. Descubra agora