• Minha carta •

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O som da água que caía fortemente do céu foi o meu consolo. Foi ela quem me acompanhou na minha madrugada agoniante, e, meu Deus, longa.
Quando a luz suave e quente do céu adentrou pela janela, eu não tinha dormido nem 2 horas aquela noite. Não consegui.
Não consegui porque meus pensamentos e aquela sensação não me deixaram, não me deixaram fechar os olhos, não me deixaram parar de pensar.
E eu havia me debruçado na janela, encarado as nuvens escuras carregadas de água e pensado "Pensa em mim agora, Anônimo? Não é possível ver a lua. Sua visão está turva. Não dá para saber em qual fase ela está, e, mais, se está lá."
Respirei fundo quando me obriguei a levantar da cama e me arrumar. Minha cabeça rodava a medida em que eu descia as escadas.

Temari: Bom dia. —Foi tudo que eu disse para os meus irmãos que tomavam café na cozinha. Os dois me olharam e Kankuro abria a boca, mas eu sabia o que ele iria dizer. Iria me questionar sobre o comportamento de ontem. Então, não lhe dei a oportunidade de dizer algo, sai rapidamente de casa, batendo a porta atrás de mim.

Peguei o ônibus em silêncio, sentindo uma leve tontura.
Tsc.
Balancei a cabeça ao me sentar, abraçando a minha mochila. Sabia o que estava ali dentro.
A minha carta. Porque era a minha vez de escrever.
Agora os papéis se invertem e é a minha vez de estar desse lado do jogo. Mas, céus, foi tão agoniante aquela sensação pesada que a madrugada me proporcionou e ainda assim ter que escrever. Porque tem coisas que eu quero falar, ganhei exatamente 10 cartas e estaria mentindo se dissesse que não fiquei com vontade de falar algumas coisas diretamente para o Anônimo em algumas vezes.
Assim que entrei na escola, quase cambaleando nos meus pés sabe se lá porque, pude reconhecer minha amiga distante.
Esta, encostada no muro do lado dentro da escola, estava colocando o cabelo atrás da orelha enquanto sorria. Sorria para, ninguém mais ninguém menos do que Rock Lee.
Graças a Deus.
Sorri e me dirigi ao lugar habitual que eu dividia com ela, decidindo que a deixaria bater um papinho. Vai fazer bem.
Senti um nó no estômago quando me apoiei na mesa, ouvindo ele roncar logo depois. Aish.
Meu estômago ronca, mas eu não sinto um longo de fome sequer. Muito pelo contrário.
Tudo que eu era capaz de sentir era a agitação daquele mar de confusão dentro de mim, as ondas que batiam e batiam e batiam contra as rochas do meu coração. A tempestade que ocorria, o tufão.
E eu estava me afogando.
De forma lenta e agoniante. Sentindo cada gota d'água entrar pelo meu nariz e inundar o meu pulmão. Tudo porque eu não era capaz de lidar com simples coisas ocorrendo de diferente na minha vida.
Não era o suficiente. Eu, eu não era o suficiente.
E eu sabia bem disso.
Passar a noite em claro sendo massacrada pelos meus pensamentos e sentimentos não ajudou em nada para por as idéias no lugar, caramba. Parece até que eu estou pior.
Falando em pior...
Uma sombra escura passou por mim e eu ergui a cabeça, vendo Nara e Hyuuga caminhando lado a lado.
Shikamaru passou com aquela cara de sono, sem olhar para mim.
Ah é.
A nossa briga. Nós discutimos, não sei como a situação está agora.
Havia até mesmo esquecido que os dois estavam lá em casa ontem. Já que, depois que entrei no quarto, não saí para nada. Absolutamente nada.
Fiquei trancada lá. Chorando, pensando, escrevendo.
Até que o dia, apesar de nublado, clareasse a escuridão do meu quarto e fizesse levantar. E, então, cá estou eu.
Quebrada, mas estou aqui.

Senti minha pressão cair de repente e segurei a cabeça com as mãos, minha visão escura. Céus.
Fiquei sozinha, sentindo aquela tontura até que o sinal batesse. Tenten percebeu a minha existência e se despediu do Lee, me arrastando para a sala junto.
Com tudo que aconteceu, Tenten nem mesmo leu as últimas cartas e acho que sequer se lembra que hoje, hoje é o grande dia. Eu queria estar animada, mas, sinceramente, tô um turbilhão de inseguranças.

Tenten: Ah, o Lee é um amor, mas sei lá, é tão estranho ver o Neji passar por mim... —Ela falava e falava a medida que nós andamos e eu, sentindo o corpo ficando cada vez mais pesado, sentei na minha mesa quando chegamos a sala.— Amiga, você está bem?

Engoli a seco.
Bem?
Eu estou bem?

Tenten: Temari. —Ela falou novamente, e eu olhei para ela.— Você está pálida. O que houve?

Temari: Tive um dia péssimo ontem. Péssimo mesmo.

Suspirei. Minha barriga roncou novamente, que saco.

Tenten: Sei... Quer me dizer?

Balancei a cabeça, em discordância. Até queria, mas não estava com forças nem com paciência para nada. Tenten apenas concordou e me disse que iria esperar para quando eu quisesse falar.
Eu amo a amiga que eu tenho.
O restante dos alunos adentraram a sala, junto com eles o professor e, especificamente, Nara Shikamaru. Que se sentou, me olhando de relance.
Senti uma leve pontada porque, em outras ocasiões, teríamos o "bom dia, neandertal", só que agora, eu ainda estava irritada com ele.
Não. Irritada não era a palavra.
Eu estava... Não sei, incomodada. Talvez depois do meu surto na sua frente, seja desconfortável olhar para ele e agir normalmente.

O que era para ser um olhar de relance se aprofundou quando eu o olhei, e Nara não desviou o olhar.
Seus olhos passaram por todo o meu rosto, antes de se apertarem suavemente e ele ponderar, virando-se para frente.
Eu em.
Passei a aula inteira tentando ignorar a tontura que me irritava e me concentrar na aula, mas todo aquele mal estar se aprofundou quando o sinal bateu. Era o intervalo.
Finalmente, havia chegado a hora. O momento em que eu entregaria aquela carta no local indicado que o anônimo dissera.
Lutei contra o meu corpo pesado para caminhar até a biblioteca, após dizendo para a Tenten me esperar no refeitório.
Pelo horário, o local repleto de livros estava ocupado por algumas pessoas, espalhadas por todos os cantos. Nas mesas, sofás, sentados nos pés das prateleiras.
As palavras do Anônimo surgiram na minha cabeça quando eu caminhava, determinada na minha direção.
"Biblioteca. Na última estante da última fileira, detrás do ultimo livro. Entre o livro e a parede."
Entrei no meio das estantes, passando por todos aqueles livros. Tentei ignorar a sensação do meu corpo pesado e da minha cabeça que rodava e rodava. Eu queria chegar lá, queria que ele soubesse o que eu pensava.

Não sei se eu consegui.
Vi vagamente a visão da minha carta entrando no meio dos livros, mas foi tudo rápido demais, distante demais.
Minhas pernas ficaram bambas e vacilaram, senti quando meu corpo foi de encontro ao chão, quando minha visão escureceu e o meu nome soou, distante.
Então apaguei.

Hey babys!
Capítulo rapidinho, né? Pelo menos consegui postar, vou trabalhar no próximo cap para já.
Agora, me digam, o que acharam?
Uma coisinha, vocês se lembram se o Kankuro teve alguma conversa com a Temari sobre ela viver no quarto e não estar comendo direito? A minha cabeça diz q eu escrevi isso, porém tô com receio de ser loucura minha.

É isso babys,
Até a próxima ❤️

Ass: anônimo -Shika•TemaOnde histórias criam vida. Descubra agora