Quinze Dias - Reddie (BL)

Antes

Leiam o livro, ajudem o escritor(Vitor Martins) porque é um livro nacional, e todos nós sabemos que a literatura nacional ta começando a ser valorizada agora

Boa leitura!

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Eu sou um fósforo.

Não literalmente. Eu sou uma pessoa, claramente. Eu quis dizer que sou magrelo, mas de uma forma um pouco engraçadinha. Eu sei que existem pessoas com inseguranças com o corpo que realmente faz com que elas sofram e eu ser magro, com uma aparência quase desnutrida, se quiser minha opinião, não me faz uma dessas pessoas. De qualquer forma, é meio difícil pensar nisso enquanto eu lido com o meu sofrimento. Eu não gosto muito de chamar de sofrimento por que pessoas magras definitivamente não sofrem tanto quanto gordas, por exemplo, mas de qualquer forma, eu não sou satisfeito com meu peso e o pessoal da escola não sabe lidar muito bem com isso sem fazer bullying comigo.

Não irei dizer que a lista de nomes para pessoas magras é muito grande, mas definitivamente não é pequena e nem um pouco criativa. "Anoréxico", "porta prensada", "prancha de surf", "cana-de-açúcar" e "galho pra pegar manga" são só alguns que eu consigo pensar agora. Me chamar de Richie ou Richard nem é tão difícil assim, eu acho.

Desde quando eu consegui pegar o apagador que tinha ficado preso na janela(já que ela tinha tela de metal do lado de fora) para professora na aula de matemática que ninguém mais conseguia, ficaram me chamando de coçador de costas por um semestre inteiro, alguns me chamam até hoje. Umas três semanas depois disso, outro cara fez exatamente a mesma coisa para a professora, dessa de vez a inglês, e ninguém chama ele de algo parecido. É claro que ele é um musculosinho.

Sempre fui magro, raquético se você quiser usar essa palavra, e quando se lida com as pessoas te perguntando praticamente sem parar se você tem comida em casa, você vira um especialista a ignorar comentários. Eu definitivamente não acostumei, até porque, quem se acostumaria com alguém te falando "ei, cana-de-açúcar, você já comeu? Cuidado pra não desmaiar hein?" Praticamente todo santo dia? Ninguém se acostuma com uma merda dessas.

No ano passado, eu comprei uma dessas revistas toscas tipo Capricho que vem com um pôster de boyband. Eu gosto de boybands (infelizmente, eu tenho uma coisa a ver com garotas de 12 anos que começaram a passar pela puberdade e a achar garotos bonitos), porém, esse não foi o motivo de eu comprar essa revista. O motivo foi um comentário no canto da capa; insegurança com o corpo? Fala sério, miga!

Não falava absolutamente nada sobre ser muito magro, apenas sobre ser acima do peso. Tudo bem. Eu tento levar o que disseram sobre pessoas acima do peso. Basicamente, dizia que se você quer ser descolado e ter muitos amigos, mas é acima do peso, tudo o que você precisa fazer é compensar. Simplificando, se você for muito estiloso, ou simpático, ou engraçado, ninguém iria notar que você é gordo. Eu pensei nas minhas compensações, e a única que consigo pensar é que eu tenho um pauz... brincadeira. Eu não encontrei nada.

Quer dizer, eu me considero um cara engraçado. As pessoas me adoram (734 seguidores no meu Twitter comprova isso, aparentemente. Sendo sincero eu fico chocado ao perceber que eu tenho tudo isso de seguidores no Twitter), mas todo mundo consegue ser incrível na internet. O problema é na vida real. Quando se trata de socializar com pessoas de verdade na vida real, eu sou um merda, um cabaço, um tchola, um fedido, um sem amor paterno, como você preferir chamar. Minha simpatia tá igual à nota de R$200,00, sumida. E meu estilo não dá pra falar nada, eu definiria como camiseta de desenho animado, com uma calça desbotada amarrada com um cadarço e um tênis mais fodido que a sua mãe depois de eu comer ela. É meio difícil se vestir bem quando é muito alto para o setor infantil, mas muito magro para o setor masculino de adolescentes ou adultos. É uma merda parecer um bicho-pau humano.