Dia 11

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Boa leitura!

1

O terremoto chega de novo.

Acordo com a minha mãe sacudindo meu ombro. Não são nem oito da manhã e eu já estou irritado. O que deu no pessoal dessa casa para simplesmente decidirem me acordar desse jeito o tempo inteiro?

-Filho, acorda! Hoje tem ONG! Você vai?! Eu não posso perder o ônibus! - ela diz, sem se preocupar em falar baixinho para meus ouvidos receberem a informação de forma mais tranquila.

-Ahn? - essa virou a nova forma oficial de responder quando sou acordado repentinamente.

-Tô indo para ONG! Você vai? - pergunta mais lentamente, como se fosse um robô.

-Vou ficar em casa - decido em dois segundos.

-Tudo bem. Tem comida no congelador. Eddie já tomou café e tá comigo. Se cuida, beijo e tchau - ela diz, dando um beijo na minha testa e não me dando chance de repensar.

Um minuto depois ouço ambos saírem do apartamento e me deixarem sozinho.

Já estou arrependido de ter ficado para trás, mas não tem mais o que eu possa fazer. Vou dormir mais um pouquinho.

2

Acordo algumas horas depois e a primeira coisa que reparo é o silêncio. Esse poderia ser o momento da história que eu digo que conseguia sentir o silêncio. Ou dizer a frase mais cafona de todos os tempos: "O silêncio era ensurdecedor".

Mas o que eu penso na verdade é "Que saudade dessa calma".

Não que Eddie seja barulhento. Ele é relativamente calmo, como eu. Mas é que a presença dele "faz barulho". Não sei explicar. Acho que é porque quando ele está perto eu fico atento, alerta sempre, mesmo enquanto durmo. Durante o sono percebo ele perto, tento me colocar numa posição que mostre o menos possível do meu corpo, metade do meu cérebro fica acordado para me podar se eu estiver fazendo uma posição estranha ou roncando. Eu passei esses dias todos dormindo assim sem perceber que estava dormindo mal. E agora percebo como é bom dormir dando o foda-se para tudo, se eu me descobri durante a noite, se a camiseta subiu e agora oitenta por cento do meu tronco está aparecendo. E claro, sem ter que disfarçar a ereção matinal, porque isso é quase impossível para mim por causa do tamanho, sabe? Enfim...

Dormir bem me fez falta.

E dei toda essa volta só para dizer que, ainda assim, é muito estranho acordar sem ter ele ao meu lado.

Que tipo de zé eu tô me tornando? O tipo de pessoa que critica "O silêncio era ensurdecedor", mas depois diz "A presença dele fazia barulho". É esse tipo.

Isso me assusta porque eu sempre vi o Eddie como uma pessoa totalmente irreal, como as celebridades. Mas agora consigo vê-lo como uma pessoa de verdade. Já o vi chorar. Já o vi gargalhar. A gente já bebeu junto. A gente já dormiu junto. Eu nunca fiz isso com nenhuma celebridade. Eddie é real. E talvez eu esteja, sei lá, apaixonado. Mas não um apaixonado qualquer, um apaixonado de "Eu quero beijar não só hoje, mas para sempre". Esse tipo.

O que as pessoas fazem para ter certeza disso? Tem um teste?

É claro que enquanto eu pensava isso já estava pesquisando no Google "Como saber se eu estou apaixonado?", como o pelo idiota que eu sou. O que eu encontro é o seguinte:

Quinze Dias - Reddie (BL)Onde histórias criam vida. Descubra agora