Dia 13

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Boa leitura!

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Por algum motivo, não consigo dormir direito essa noite. Lá para as três da manhã, acordo inquieto e, com esperança de relaxar, pego O mágico de Oz na mesa de cabeceira e começo a ler com a ajuda da lanterna do celular.

Bem, agora já são seis da manhã e eu acabei de terminar de ler o livro. Acabou que não me ajudou muito. Na real, eu tô meio irritado. Não lembrava de o Mágico ser tão filho da puta assim.

A coragem do Leão esteve sempre dentro dele e isso é fato. Mas em vez de dizer que "A coragem sempre esteve dentro de você, amigo felino", o Mágico deu a ele um líquido verde e agiu como se aquilo fosse uma poção da coragem. O Leão toma, vira o rei da floresta e talvez morre sem nem saber que aquela merda daquela poção era um placebo. Ou seja, o Mágico é um filho da puta.

Eddie está dormindo no colchão ao meu lado, cobertinho todo delicado e roncando baixinho. Eu me questiono quantos litros eu precisaria tomar de uma poção da coragem de verdade para dizer "Eu gosto de você e quero te beijar tanto que a minha boca caia", para de fato o beijar até a minha boca cair se ele dissesse que sente o mesmo.

Minha cabeça parece que vai explodir se eu continuar pensando nisso então, faço o que qualquer pessoa sensata faria se estivesse nessa situação: vou correndo para a minha mãe.

Saio do meu quarto em silêncio para não acordar Eddie e entro lentamente no quarto de minha mãe. Até bato na porta de leve, mas não espero resposta dela.

O quarto ainda está escuro, mesmo que a janela ainda esteja meio aberta. Vou caminhando cuidadosamente em direção a cama de casal ocupada pela metade prestando atenção para não tropeçar em nenhum sapato jogado no chão.

-Mãe? - pergunto baixinho enquanto deitava ao lado dela delicadamente e me cobria com o edredom florido.

-Tá tudo certo querido? - pergunta, ainda meio dormindo enquanto colocava a mão em minha testa. Deve ser o protocolo de emergência das mães, sei lá.

-Tá sim. Tá tudo bem. Só queria ficar com você um pouquinho - aviso e tiro a mão dela delicadamente da minha testa.

 -Faz tempo que você não vem deitar na cama comigo. Da última vez você ainda era pequenininho - ela diz, me puxando para um abraço.

Quando ela me abraça, eu me sinto pequeno de novo. Mas não de uma forma ruim, como quando Henry e Patrick me humilham. Eu me sinto protegido. É um sentimento tão gostoso que eu sinto vontade de chorar que nem bebê. É como se eu pudesse dizer tudo que está me chateando e ela iria me dar um beijinho no topo da cabeça depois dizer está tudo bem. Eu sinto como se pudesse dizer qualquer coisa. Então, sem nem pensar duas vezes, eu digo.

-Acho que estou apaixonado.

-Pelo Eddie, né? - minha mãe rebate sem nem pensar uma vez.

-Tá tão na cara assim é? - pergunto inseguro. 

-Como a pessoa que te colocou no mundo e mora com você já faz dezessete anos, sim. Tá bem na cara - ela diz com um sorriso que me deixava tranquilo.

-Esse é meu medo.

-Medo? - pergunta tranquila.

-Se está tão óbvio assim pra você, imagina para ele? E se ele não fez nada até agora é porque...

-Porque ele é tímido. Ou, porque ele tem medo da mãe dele descobrir. Ou, porque ele se sente intimidado por você ser o menino mais lindo do mundo - me interrompe.

Quinze Dias - Reddie (BL)Onde histórias criam vida. Descubra agora