Boa leitura!
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Acordo bem cedo e preciso de uns quinze minutos só para entender o que está acontecendo. Minhas costas estão doendo, minhas roupas estão suadas, meu hálito parece uma mistura de cerveja e milho-cozido e meu cabelo está grudento, aparentemente, já que eu não consigo levar minha mão até meu cabelo por causa que Eddie está bloqueando o movimento dele. Porque ele está deitado ao meu lado, caso você não tenha entendido.
Sabe tudo o que eu havia dito sobre o Eddie dormir bonitinho? Então, isso não se aplica quando ele passou a noite bebendo. Ele está dormindo de boca aberta, roncando alto e babando na minha camisa. Surpreendentemente, eu não sinto um pingo de nojo.
Com todo o cuidado, eu seguro a cabeça de Eddie e tiro o braço de debaixo dele, me arrasto até o pé da cama e me ponho de pé. Então vem a dor.
Começa nos olhos, sobe até a cabeça e para na nuca. Era uma dor excruciante e latejante. Era como se alguém estivesse tocando bateria na minha cabeça. E sapateando.
Olho o relógio digital na minha escrivaninha. Oito da manhã. Eu vou à cozinha, com toda a descrição dentro de mim, na esperança de achar qualquer coisa na caixa de remédios que faça essa dor do caralho passar. Claro que isso não adiantou de nada. Minha mãe estava na cozinha pintando com um rosto tranquilo.
-Senta - ela diz, com um tom irritadiço, ou decepcionado.
Me sento e me vejo de frente com um copo de água e aspirina.
-Hmnmn - digo, na tentativa de dizer "bom dia".
Minha mãe coloca o pincel que usava num copo de água marrom e limpa as mãos sujas de tinta na barra da camiseta manchada, em seguida, sentando em frente a minha pessoa. Com um olhar severo, ela empurra o copo e o remédio a mim, então o tomo. Só sentir a água fresca descer pela minha garganta já melhora meu em estado em setenta por cento.
-Olha Richard, eu não quero que isso seja um sermão sobre bebida - ela me chamou de "Richard", ela tá furiosa e já apertando o cenho com as pontas dos dedos.
-Quê, como assim? - digo, tentando me fazer de desentendido porque não tinha como eu negar o fato de eu ter bebido ontem a noite.
-Eu sei que você bebeu ontem a noite. Pela hora que você chegou, pelas duzentas tentativas de acertar a chave no buraco da fechadura, pelo seu cheiro, por causa de tudo. Eu só sei.
Sua expressão estava séria, num nível que eu nunca tinha visto anteriormente. Claro que nós já discutimos, nossas opiniões sobre certos assuntos podem ser bem diferentes e gerar conflito, mas ela séria nesse nível eu nunca tinha visto antes. Parecia que ela estava com esse rosto por ser algo extremamente sério e nesse momento eu só queria pedir desculpas para ela, dizer que foram só umas cervejas e que, honestamente, o gosto parece de merda. Mas mantenho meu bico calado, o que faz com que essa seja a semana em que eu mais calei a minha boca da minha vida.
-Você tem quase dezoito anos, já tá grande. Além de que pela lei não seria mais minha responsabilidade, mas também, eu sinto que já te ensinei tudo que eu tinha de ensinar. Porém, pela primeira vez na vida, você me deixou insegura ontem. Não consegui dormir muito bem, matutando se eu sou uma boa mãe ou...
-Você é a melhor mãe que um otário como eu mereço ter. Cê sabe - interrompo. Ouvir um absurdo desses e ficar quieto seria ridículo.
-Shhh. Eu tô falando. Não te eduquei assim - ela diz. Pousando o dedo na minha boca. - Como disse, isso não é um sermão sobre bebida. Até porque, conhecendo você, esse tipo de coisa não faz teu tipo, além de que você me deixa segura. Você não conseguiu nem esconder os rastros de ontem!
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Quinze Dias - Reddie (BL)
FanfictionEram as férias de meio de ano e Richie planejava passa-las inteiras enfiado dentro de casa enquanto colocava suas séries em dia, porém esses planos foram estragados quando seu vizinho de prédio, Eddie, vai passar 15 dias em sua casa devido uma viage...