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Alessa foi até a sacada do pátio do Santuário e se escorou no parapeito que tinha lá. Ela puxou um cigarro e segurou ele entre os seus lábios, era o seu primeiro do dia. A mulher apalpou os seus bolsos do jaleco procurando por seu isqueiro enquanto observava alguns salvadores levarem um prisioneiro para a parte externa da fábrica.

Os homens começaram a espancar o prisioneiro e Less já sabia o que aquilo significava. Trabalho. Ela rolou os olhos para trás e desistiu de acender o cigarro, ela não ficaria ali para ver aquela barbaridade. "Merda", ela pensou enquanto se dirigia até o seu consultório.

Ela arrumou tudo para receber o prisioneiro ferido. Quando finalmente sentou para esperar pelos homens, ela sentiu algo no bolso traseiro de sua calça. Era o isqueiro fujão. Ela puxou o objeto do seu bolso e pegou outra vez o cigarro que agora estava com a ponta pintada com o seu batom vermelho.

Less acendeu o cigarro ali mesmo no consultório. Ninguém se importava com nada lá dentro da fábrica, então ela não dava a mínima também para fumar lá dentro. Alguns toques na porta chamaram a atenção dela. Sem se incomodar em levantar, ela pediu para que entrassem. Como ela previu, o prisioneiro que estava lá fora e um salvador de cabelos loiros com uma cicatriz de queimadura no rosto entraram.

-Senta- ela pediu para o prisioneiro ferido sem se importar em olhar para o seu rosto.

-Eu tenho que fazer uma coisa, mas já volto para pegar ele- o salvador falou chamando a atenção da Alessa.

-Tudo bem, só tire as algemas dele antes- ela pediu e o loiro riu achando aquilo ridículo- ele não vai fugir- ela tentou convencer o homem, mas ele parecia irredutível- você vai fugir?- ela se virou para o prisioneiro e olhou pela primeira vez nos olhos dele enquanto ele negava com a cabeça- viu? Pode tirar- ela ordenou dando mais um trago no seu cigarro.

-Está bem- o salvador cedeu- mas você sabe o que fazer caso ele tente alguma coisa- o loiro falou em um tom ameaçador enquanto tirava as algemas do prisioneiro.

"Não, eu não sei o que fazer", Less pensou com um sorriso discreto no rosto enquanto preparava a injeção com os remédios para o homem ferido. O salvador saiu da sala e ela se virou na direção do prisioneiro.

-Qual o seu nome?- ela perguntou parada de frente para ele, mas ele não respondeu- eu preciso te chamar de alguma coisa- ela insistiu.

-Daryl...- ele finalmente respondeu com a voz rouca e baixa- Daryl Dixon.

-Certo, Daryl Dixon, o meu nome é Alessa Park- ela se apresentou- você consegue levantar os braços?- ela perguntou.

O homem tentou fazer o movimento que ela falou. Ele resmungou um "sim" enquanto abaixava os braços.

-Ótimo, sinal que não estão deslocados- ela falou eliminando a distância que ainda tinha entre os dois- com licença- ela pediu quando começou a apalpar as costelas do Dixon.

Ela sentiu quando os músculos do homem se enrijeceram com o seu toque e deu uma risada daquelas que sai o arzinho pelo nariz. Daryl tentava evitar o contato visual com ela, mas vez ou outra seus olhos escapavam para ela.

Less sentia quando os olhos dele a fitavam. Ela não ligou, até achou fofa a timidez dele. Era melhor isso do que os olhares indiscretos e indecentes dos outros homens ali do Santuário.

Alessa só não sabia que o prisioneiro escondia algo por trás desses olhos. Os olhares do Dixon o relembravam da garota que ele conheceu há quase uma década atrás. Less não se lembrava dele, mas Daryl se lembrava muito bem da primeira vez que ele a viu quando o mundo ainda era vivo.

-Você fuma, Dixon?- ela perguntou arrancando ele de seus pensamentos e memórias.

Ele juntou as sobrancelhas confuso, mas balançou a cabeça respondendo que sim. Ela pegou o cigarro dos seus lábios e estendeu na direção dele. Daryl exitou olhando para o cigarro com a ponta pintada de batom, mas o pegou e o levou até a sua boca, dando um longo trago.

Destinos Cruzados | Daryl Dixon | The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora