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Acordar naquela manhã foi um enorme desafio para Alessa. A ressaca fazia a cabeça dela pulsar com uma dor irritante e a lembrança vergonhosa de ter sido feita de idiota não ajudava muito com isso.

Less ouviu cinco batidas agressivas em sua porta. Ela massageou as têmporas sentindo que estavam batendo lá dentro do cérebro dela e gritou: "EU JÁ OUVI!", se arrependendo imediatamente porquê o esforço só fez com que a dor piorasse.

Ela jogou o cobertor para o lado e colocou um pé de cada vez no chão frio. Lentamente ela caminhou até a porta e a abriu. Less não conseguiu evitar que seus olhos rolassem para trás quando viu que era um dos homens do Negan.

-O que você quer?- ela perguntou rude tentando afastar a luminosidade dos seus olhos.

-A gente precisa da sua ajuda...- ele parecia afoito- ...na enfermaria.

Less suspirou e concordou com um balançar de cabeça mal-humorado. Ela fechou a porta na cara do Salvador sem dizer mais nada ou esperar que ele diga.

A médica se arrumou o mais rápido que a ressaca a permitiu e saiu em direção a enfermaria. "É bom que eu ganhe algo por essa hora extra", ela resmungava pelos corredores sem se importar com os olhares que a encaravam.

Less abriu a porta de uma vez sem olhar para quem quer que estivesse na maca. Ela passou direto pelas duas pessoas que estavam ali e foi pegar os seus equipamentos. Quando ela se virou novamente e encarou quem estava ali, o ar escapou dos seus pulmões.

-O-o que aconteceu?- ela perguntou alternando o olhar entre o salvador e Daryl que estava mais ferido do que qualquer outra vez que ela o tenha atendido.

De repente, a ressaca não era mais um problema. Less sentiu um arrepio passar pela sua coluna e permanecer ali. Por que? Alessa sabia agora que o que aconteceu na noite anterior com certeza não foi algo sem sentido feito pelo Negan para aumentar o próprio ego dele e muito menos tinha sido uma coincidência. Ela só precisava saber agora se toda essa coisa era uma punição para o Daryl ou para ela.

-Eu não sei, quando a gente foi ver ele de manhã ele já estava assim, ninguém falou nada para a gente- o salvador explicou com os olhos arregalados e Less acreditou nele.

-Você já falou com o Negan sobre isso?- Alessa perguntou sem conseguir sustentar os seus olhos no Dixon por muito tempo e o Salvador balançou a cabeça positivamente- e ele?

-Ele não falou nada, só mandou a gente trazer ele aqui e cuidar para que o prisioneiro não tente nada e não fuja- Alessa soltou uma risada e fechou os olhos sem acreditar.

-E para onde diabos ele iria desse jeito?- ela perguntou empurrando o salvador para se aproximar mais do Dixon- nem acordado ele consegue ficar!

Ela começou a examinar o corpo cheio de feridas e hematomas e um nó se formou na entrada da sua garganta. Dessa vez não parecia apenas tortura, parecia que era algo pessoal, onde não importava se Daryl iria sobreviver ou não.

Less tentou girar o corpo do homem para verificar a parte de trás das suas costelas mas o som de algo metálico a impediu. Seus olhos desceram por todo o braço do Dixon até encontrarem uma algema prendendo ele a maca.

-Mas que merda é essa? Tira isso! Agora!- ela vociferou para o homem que estava no canto da sala, quase invisível.

-E-eu não posso- o medo dele era digno de rir- ordens do chefe.

Alessa sentiu seu corpo esquentar com o ódio. Ela se voltou para o Dixon, fechou os olhos e respirou profundamente apoiada na maca. Less não ia fazer um show agora, ela não ia dar o que o Negan queria. Então ela abriu os olhos e sussurrou para Daryl:

Destinos Cruzados | Daryl Dixon | The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora