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Era dia de hambúrguer e essa era a data preferida de Alessa. Negan tinha essa tradição de sempre quando chegavam no fim do que eles consideravam um mês, ele pedia para a cozinha preparar hambúrgueres para os homens que tinham os cargos mais altos, e Alessa estava entre eles.

Ela estava indo até o seu quarto com o seu prato de hambúrguer quando Dwight a parou. "Preciso que você veja um dos prisioneiros", ele falou. Alessa sabia que não era apenas um dos prisioneiros, era O Daryl. A mulher já havia notado que quando era o salvador de rosto queimado que a chamava, era para cuidar do Dixon.

Se fosse qualquer outro prisioneiro, Less falaria que iria depois de comer o hambúrguer. Mas era o Daryl. Depois da última briga que os dois tiveram, Alessa saiu de perto dele mais confusa do que brava.

"Princesinha da Geórgia", foi o que ele usou para tentar ofender ela. "Mas como ele poderia saber que eu era da Geórgia?", foi o que Less pensou todas as noites desde a última briga. Eles estavam a quase seiscentas milhas de distância da Geórgia e era impossível ele saber isso só pelo sotaque que a mulher carregava. Seria um chute de muita sorte para ele ter simplesmente acertado ao acaso.

Então Less foi fundo em suas lembranças, até que chegou naquelas que ela sentia vergonha o suficiente para que seu cérebro apenas fingisse que elas não existiam. Ele era O Daryl Dixon, o caipira babaca que ajudou ela com um pneu furado e salvou ela de um troglodita idiota para logo em seguida tratar ela como se ela fosse uma maluca que estava perseguindo ele na rua.

-Vou guardar isso aqui e já vou- ela apontou para o próprio prato e o loiro acenou concordando.

Alessa abriu a porta do seu quarto e colocou o prato em cima do primeiro móvel que viu. Ela acompanhou o salvador até a cela, apesar de não precisar que ele a guiasse porquê ela já havia decorado aquele caminho. Conforme eles se aproximavam, uma música se tornava mais e mais alta.

We're on easy street
And it feels so sweet
'Cause the world is 'bout a treat
When you're on easy street

Less sentiu que poderia enlouquecer se ouvisse aquilo por mais de dois minutos. Quando os dois pararam em frente a porta da cela, a mulher viu que era dali que aquela música infernal estava vindo.

O loiro abriu a porta e Less se obrigou a levar os seus olhos para longe quando viu o estado em que o prisioneiro estava. Daryl estava nu encolhido no canto da cela enquanto suas mãos cobriam seus ouvidos na tentativa de diminuir a música que parecia estar tocando ali já fazia horas. Ele estava imundo e tinha machucados por todo o corpo.

A cela fedia mais do que qualquer outra cela que Less já visitou no Santuário, aquele odor era pior do que o cheiro dos mortos que caminhavam lá fora. Alessa sentiu algo subir no fundo da sua garganta, mas se obrigou a engolir antes que chegasse ao topo.

-Que merda, seu idiota!- ela se virou para Dwight fazendo ele dar um pulo de susto para trás- vá pegar uma roupa para ele!

-Mas...- o loiro tentou argumentar, mas Less não permitiu que ele concluísse:

-Não estou pedindo, estou mandando! Se ele não vestir algo nessa cela fria ele vai morrer, e se esse for o objetivo de vocês idiotas é melhor que vocês usem suas armas nele logo ao invés de ficar gastando o meu tempo.

Dwight pareceu contrariado, mas ao invés de tentar argumentar, ele apenas abaixou a cabeça e começou a sair. Less o segurou pelo braço antes que ele pudesse ir muito longe, ela ainda não tinha terminado de dar as suas ordens:

-Está esperando o que para tirar essa música? A não ser que você queira que eu enlouqueça junto com o prisioneiro.

Less jurou ouvir o loiro resmungar algo enquanto desconectava os fios da caixinha de som da cela, mas decidiu não comentar nada. Quando o som ficou mudo e um silêncio imperioso apossou-se do lugar, ela viu Daryl tirar as mãos dos ouvidos lentamente e levar elas até os próprios joelhos os puxando mais para si.

Destinos Cruzados | Daryl Dixon | The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora