Capitulo 7

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RAFAEL DIAS - Terça-feira

Na arte de fingir eu sei bem!

Fingir uma personalidade pra Maria foi fácil, desbloqueei uma nova personalidade simpático e interessado. Mas na verdade era tudo parte do meu plano.

Esperei a mensagem dela ontem mas não recebi porra nenhuma e ignorei isso por um tempo, mas tinha horas que eu parecia um adolescente que espera algo da namoradinha. Que merda.

Minha intenção era só ferrar com o pai dela, e o primeiro golpe seria pegar de volta a mercadoria que ele roubou de mim. Eu faria isso sexta feira, dez homens armados até os dentes metendo o terror na delegacia onde estava a mercadoria. Por isso eu coloco rastreador em tudo, eles nem imaginam o que os espera.

Dona Jane fez meu almoço e esperou que eu almoçasse pra poder ir pra casa dela. Segundo o que ela diz, ela tem medo que eu não coma e passe mal.

Adoro o cuidado que ela tem comigo, como se eu fosse um dos filhos dela, e acredito que é isso que ela quer que eu sinta.

Sinto falta da minha mãe às vezes. Ela não era uma mãe tão presente, mas me dava migalhas de amor quando podia. Já meu pai nunca fez questão de demonstrar o que sentia pelos filhos, por isso não sinto nada de remorço.

- Filho, agora que você comeu eu vou indo. Qualquer coisa me liga ou manda uma mensagem que eu venho correndo.

- Até amanhã, dona Jane. E não se preocupa comigo não, a senhora que me ligue se precisar. - ela beijou minha cabeça e saiu da minha casa me deixando agora sozinho.

Aproveitei meu momento sozinho pra escrever cada detalhe do meu plano no computador, incluindo até me aproximar de Maria Eduarda.

Me aproximar dela na verdade era bônus, pra deixar o pai dela ainda mais puto, mesmo não tendo a intenção de fazer com que ele saiba da minha identidade, mas isso vai ser uma distração.

Comer a filha dele enquanto ele arranca os cabelos tentando descobrir quem roubou a mercadoria.

Ri com meu próprio pensamento e voltei a escrever.

Meu celular apitou mostrando uma notificação na tela, um número desconhecido havia mandado mensagem.

"Oi. 🙃"
"Sou eu, Maria Eduarda."

Soltei uma risada nasal e dei um sorrisinho de lado.

"Oi, Maria Eduarda! Resolveu lembrar de mim?"

Não sei se ser dramático faz parte da minha personalidade com ela, esse foi um teste. Mas será que esses playboyzinhos falam assim?

"Quanto drama! Eu não mandei antes porque estava sem tempo, mas não esqueci!"
"Sobre a nossa saída, pode ser na sexta?"

"Quando você quiser!" - respondi me sentindo um puxa saco.

"Perfeito, na sexta então. Eu escolhi o dia, você escolhe o lugar! 😉"

"Sim senhora, você que manda. Passo pra te pegar?"

Poderia ser uma mensagem com duplo sentido, mas ainda não tá na hora de investir nisso.

"Me diz só o que devo vestir e eu fico pronta às oito."

"Vou ver um lugar legal e te digo."

"Tudo bem, até sexta!"

Reagi com um coração e segui meu dia normalmente pensando onde eu a levaria.

Mandei mensagem pra todos os meus olheiros dentro dos morros para saber como estava o movimento, se todos estavam abastecidos com drogas e armamentos.

Uma mensagem de Felipe chegou perguntando como seria o ataque contra a delegacia, eu respondi que faria uma reunião naquele mesmo dia com todos os que iriam participar, cujo Cauê escolheu a dedo de um a um.

Precisariam ser homens de confiança, , já que era algo que qualquer errinho já nos entregaria.

Me arrumei rápido, coloquei roupas confortáveis por causa do calor que fazia lá fora, peguei uma das minhas motos e dirigi em direção ao morro onde seria a reunião.

Cheguei e fui direto pra boca, já tinham seis caras me esperando e faltavam quatro pra completar o time. Eles foram chegando aos poucos, Cauê foi o ultimo a chegar.

Olhei pra Cauê sinalizando pra ele começar.

- Boa tarde, aí pessoal. Como sabem, fomos roubados esses dias. Nós já localizamos onde está a mercadoria e essa reunião é pra definir como vamos recuperar. - ele começou a falar o plano todo que eu passei pra ele antes da reunião e todos iam concordando conforme ele falava. Ficamos cerca de quinze minutos nessa reunião e assim que acabou todos saíram ficando apenas eu e Cauê na sala.

- Tu vai acompanhar a gente nessa missão? - ele me perguntou.

- Não, tenho outro compromisso. A outra parte do meu plano. - ele me olhou sem entender.

- Desenrola, o que vai fazer? - cruzou os braços.

- Sair com a filha do Soares.

- Ficou maluco porra? - ele me perguntou.

- Não tem risco de ele saber quem eu sou, Cauê. Tá de boa, sei o que tô fazendo.

- Sabe uma porra. Tá usando a menina? Isso é errado, cara. - olhei pra ele e logo ele se arrependeu de ter falado o que era errado.

- Que bom que agora você tem noção do que é certo ou errado, porque dopar alguém é bem certo né? - ele baixou a cabeça. - Dê graças ao cara lá de cima que nada aconteceu com essa menina naquele dia, porque se não estaria eu e você fudido agora.

- Eu já entendi que fiz errado, caralho. - ele sentou no sofá. - Mas papo reto, Rafael, não acho certo usar a menina desse jeito. Vai fazer o que? Ela vai se interessar, se apaixonar, depois vai foder ela e jogar fora? Esse é o seu plano? O que isso vai afetar quem você realmente quer que se afete? - revirei os olhos. - Admite que você achou ela bonita, mas não pode se envolver por que ela é filha de quem é e jamais teria interesse em você. E tá usando essa palhaçada de se vingar do pai dela só como pretexto.

- O que? Agora quem tá maluco é você. - ele me olhou e riu, assentindo com a cabeça devagar.

- Eu te conheço, porra. Sei dos teus corres.

- Eu vou saindo, tenho mais o que fazer.

- Só pensa nisso, Rafinha. Não tem necessidade de foder o psicológico da garota assim. - ele jogou um beijo no ar e eu fui pra casa, realmente pensando no que ele falou. Mas não vou voltar atrás na minha palavra. 

Seria assim que Soares veria que não tem controle de nada na própria vida. 

O CHEFE DO TRÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora