Capítulo 41

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MARIA EDUARDA. - minutos antes.

- Cala a boca. - gritei com meu pai que de todas as formas xingava Rafael. - Se você quer tanto a cabeça dele, pra que precisa de mim? Você não o conhece, para de falar como se conhecesse.

- Você tem certeza que eu não conheço? - ele riu e olhou o tal Rei, ele foi até uma prateleira do armário próximo de nós e pegou papéis dentro de uma pasta. - Aqui eu tenho alguns documentos que comprovam quem ele é, Maria Eduarda, e que certificam que você não conhece esse cara. Para de ser ingênua, eu não te criei assim. - ele apontou o dedo na minha cara.

Ele estendeu uma pilha de papéis na minha frente e eu peguei ainda o encarando.

- Leia isso e me diga se você realmente o conhece.

Era uma matéria de jornal, de quase dez anos atrás. A foto de Rafael estava estampada nela e em letras grandes em cima da foto estava escrito.

"Jovem é o principal suspeito da morte dos pais no Rio de Janeiro." - franzi o cenho e continuei lendo a matéria.

"Rafael Lima da Costa, 15, é o principal suspeito da morte de Silvia Rodrigues Lima da Costa e José Carlos da Costa Figueiredo que foram encontrados mortos na própria casa, em Realengo, com tiros disparados em todo o corpo. A mulher foi encontrada com marcas de abuso sexual segundo a perícia e o homem com as partes íntimas brutalmente arrancadas."

"Rafael foi encaminhado para delegacia da criança e do adolescente, mas foi liberado por falta de provas. O casal foi encontrado pela irmã de Silvia que relatou ver o menor de idade dentro da casa com o revolver na mão, por volta das dezesseis horas da tarde de sábado."

Outra folha também era um artigo de jornal, de quase cinco anos atrás.

"Casal é encontrado morto e com sinais de tortura em mata no Rio de Janeiro."

"Sem suspeitos, sem provas e sem nenhuma comprovação de quem fez tamanha atrocidade, o casal já de idade avançada foi encontrado na Baixada Fluminense, no bairro Duque de Caxias, onde aparentemente moravam. Não tinham testemunhas no local, já que o crime foi executado de madrugada. A perícia investiga os vizinhos e cada morador perto, para recolher mais informações."

Arregalei meus olhos absorvendo cada informação do que li e engoli em seco olhando novamente meu pai e cerrando os olhos.

- Entende agora que você não conhece ele? - meu pai me perguntou e eu neguei com a cabeça sem querer acreditar. - Ele é o assassino dos próprios pais, Maria. Ele matou os pa...

- Não tinham provas. - eu gritei sentindo minha garganta arder e a sala ficou em silêncio por alguns segundos. - E porque ele não é procurado? Me diz!

- Porque ele pagou um valor alto pra apagar essa história dos tabloides, dos jornais, de todos os lugares.

- Mentiroso, você é um mentiroso. Rafael não faria isso, ele não...

Ouvimos um barulho estranho vindo do corredor e os homens de Rei colocaram a mão na cintura em posição de tirar a arma e atirar, enquanto eu recuei indo pro canto oposto da porta.

Dois dos homens saíram pra ver o que estava acontecendo mas assim que abriram a porta, caíram duros pra trás, baleados e já mortos. Arregalei meus olhos com medo de morrer também.

Rei deu um sorriso sarcástico pra quem estava do outro lado da porta e logo que ele entrou na sala eu o vi, ele rondava os olhos por todos e quando passou os olhos por mim, relaxou os ombros e continuou mirando com a arma pra direção dos homens.

Cauê e Felipe entraram em seguida e me olharam balançando devagar a cabeça como forma de cumprimento.

As armas enormes que eles carregavam parecia nem pesar, eles carregavam com segurança, sabendo exatamente o que estavam fazendo.

- Finalmente chegaram, foram até rápidos. Sejam bem vindos! - meu pai falou com sarcasmo na voz.

- Cala a boca, porra. - Rafael falou e meu pai levantou as mãos em sinal de rendição. - Eu falei que vinha atrás de você.

Rafael olhou pra mesa onde eu estava antes e viu os artigos do jornal com seu nome, ele levantou as sobrancelhas e olhou pro meu pai e pra Rei. Os homens ainda estavam com as armas levantadas e mirada nos meninos.

- Então é assim que vocês vão fazer a lavagem cerebral nela? - Rafa perguntou e riu irônico.

- Eu só mostrei a verdade. - meu pai falou e Rafael negou com a cabeça.

- Eu deveria ter matado você na primeira oportunidade que tive. - ele respondeu pro meu pai que riu.

Em um movimento rápido, Cauê, Felipe e Rafael atiraram nos outros homens, restando só meu pai e Rei na sala.

Agora Cauê e Felipe tinham em mira cada um dos dois e Rafael pegou os jornais, colocou em uma lata de lixo que tinha ali e tirou um isqueiro do bolso, acendendo e jogando ali.

- Eu sei que você se envergonha disso, Rafael. Sei que se envergonha de ter matado meus pais e acabado com a minha vida. - Rei acusou.

- Não me envergonho nem me arrependo de nada na minha vida, Rei. Deveria saber disso. - Rafael falou e se aproximou deles. - Você deve sentir muita falta deles né? Tanto que ainda vem aqui na casa da sua mãe fazer essas reuniões.

Me assustava que em momento algum Rafael negou tudo o que eu tinha lido naqueles jornais. Será que era verdadeiro o que eu tinha lido? Será que mais uma vez ele mentiu pra mim, ou omitiu metade da vida dele?

- Filho da puta. - Rei foi pra cima de Rafael que deu uma coronhada na cabeça dele que recuou.

Meu pai estava com os braços cruzados olhando o relógio como se esperasse alguma coisa acontecer.

Ouvimos barulho de carros do lado de fora e os meninos se olharam estranhando. Rafael olhou pela janela e eram três carros pretos, saíram quatro homens encapuzados de dentro de cada carro. Estavam todos armados e vinham na direção da casa, cada um pra um lado, cercando completamente.

Eles rodearam a casa, e miraram começando a atirar. Eu me assustei e me agachei ali mesmo tampando meus ouvidos pois o barulho era alto demais. Senti o corpo de Rafael em cima do meu, seus braços passaram pela minha cabeça e ele me cercou, usando seu corpo pra me proteger.

- Espera eles recuarem, porra. Depois a gente revida. - Rafael falou pra Cauê que tentou atirar pro lado de fora pela janela.

- Rei e Roberto fugiram, caralho. Começou a troca de tiro e eles sumiram. - Felipe gritou em meio ao barulho.

- Felipe vai atrás deles, Cauê me dá cobertura pra tirar a Maria daqui. - eu só ouvia eles conversando e mantive minha cabeça abaixada, sendo protegida por Rafael.

O CHEFE DO TRÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora