Capítulo 47

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Acordei hoje animadíssima. Faziam seis dias desde que eu tinha descoberto o bebê na minha barriga. Ainda era uma novidade pra mim, mas aos poucos eu tô me acostumando com a ideia.

A primeira coisa que fiz foi correr pro banheiro e vomitar tudo que tinha no meu estômago. Já era rotina e eu não via a hora de passar esse primeiro trimestre que dizem ser o pior. Rafael já tinha se acostumado e enquanto eu estava ajoelhada perto do vaso ele foi tomar banho. Depois que me recuperei, me juntei a ele no banho e saímos colocando uma roupa.

Hoje era a primeira consulta com a médica e Rafael me deixava ainda mais ansiosa perguntando de cinco em cinco minutos algo sobre o bebê, como: será que ele já ouve? será que ele sente o que a mãe sente?

Eu achava graça dessas perguntas e só respondia que iriamos saber tudo hoje. Até me perguntar se tinha problema transar ele perguntou, e eu falei pra ele perguntar da medica.

Fiquei pronta com uma saia jeans, uma camisa regata preta e rasteirinhas no pé porque era o mais confortável.

Passei meu perfume e Rafael tava me olhando.

Aos poucos tenho percebido que Rafael tem me feito mudar de casa. E pra mim realmente não fazia sentido gerar um filho longe do pai, ainda mais estando estando em um relacionamento com ele. Então por isso, sem admitir, eu tenho passado todo meu tempo aqui no apartamento.

- Tá pronta? Ta quase na hora! - Rafa me abraçou por trás.

- Ainda faltam cinquenta minutos meu amor. Não me deixa mais ansiosa.

- Mas vamos logo, se chegarmos cedo vamos ser logo atendidos.

- Tudo bem, vou só beliscar alguma coisa e vamos. - ele assentiu e foi pra sala enquanto eu peguei uma fatia do bolo que dona Jane tinha feito.

- Vai me avisando tudo, minha princesa. Traz fotos do meu netinho pra eu ver. - ela disse e eu sorri concordando. - Quer comer mais alguma coisa?

- Não dona Jane, muito obrigada. Nós vamos trazer sim fotos pra senhora ver. - ela sorriu e voltou a fazer o que estava fazendo.

Vi Rafael pegando a chave do carro e eu me levantei em seguida. Ele dirigiu em direção á clinica renomada e nós descemos. Percebi que a mão dele estava suando quando segurei e ele me olhou.

- Você tá nervoso. Se acalma! - eu falei rindo do nervosismo dele.

- Porra, não dá pra ficar calmo, eu vou ver meu filho, meu pivete. - ele esfregou uma mão na outra. - Você não tá nervosa? - ele perguntou e voltou a segurar minha mão.

- Eu tô mas eu me controlo.

Entramos na clínica e dei meus dados pra realizar o cadastro enquanto Rafael olhava tudo em volta. Tinham grávidas com as barrigas enormes e bebês recém nascidos pra todo lugar que ele olhava.

- Ele é o pai do bebê? - a moça da recepção perguntou e eu concordei. - Me informe seu telefone pra caso de emergência? - ele disse o número e eu o encarei estreitando os olhos e ele deu de ombros. - Só aguardar, Maria Eduarda, a médica vai chamar seu nome.

Agradeci e me sentei em uma das cadeiras.

- Vou lá fora fumar um, mas já volto. - ele beijou minha testa e não deu nem tempo de falar nada, porque ele saiu disparado pro lado de fora.

Eu sabia que o cigarro seria um escape pro nervosismo dele, por isso a pressa. Ele ficou lá fora cerca de dez minutos e a médica me chamou justamente no momento em que ele entrou. Fomos juntos em direção á sala que ela nos direcionou.

- Sejam muito bem vindos. Eu sou a doutora Brenda, irei acompanhar sua gravidez, Maria Eduarda. Me conta como estão sendo esses dias? - ela perguntou e olhou minha ficha. - Você já sabe de quantas semanas está? - eu neguei e ela concordou com a cabeça.

- Esses dias estão sendo péssimos. Essa criança não aceita nada que eu como, tudo eu coloco pra fora, e também estou bem indisposta. Meus seios doem e minha coluna também. Vou no banheiro umas vinte vezes ao dia. Tá difícil.

- É normal no primeiro trimestre. Mas assim que entrar no segundo, normaliza. E como tem sido sua alimentação? Tem tomado alguma vitamina ou algo do tipo? - ela perguntou e eu expliquei detalhadamente.

Rafael ouvia tudo atento, com os braços cruzados e relaxado na cadeira. Acho que ele fumou demais.

- Vocês tem alguma dúvida? - ela perguntou e olhei pra Rafael esperando ele tirar todas as dúvidas.

- Eu tenho algumas. - ele se ajeitou na cadeira. - Pode sexo durante a gravidez? O bebê vai sentir alguma coisa? - a cara nem tremeu pra fazer as perguntas. Eu estava morta de vergonha, mas a doutora pareceu estar acostumada.

- Não tem problema nenhum, contanto que não haja o perigo de se machucar, nem o... exagero nos movimentos, tá tranquilo. E o bebê não sente nada!

- E quando é que ele começa a ouvir?

- A partir da vigésima semana ele consegue ouvir e reconhecer vozes. E também a partir dessa semana que o bebê começa a se mexer.

Depois de pegar todas as informações, ela nos levou a outra sala mais escura, onde tinha uma televisão pequena e uma maca, tinha uma cadeira pra Rafael sentar.

- Pode deitar aí, vamos ver como está o bebê. - ela se sentou na cadeira ao lado da maca e mexeu no computador. Ela pediu que eu abaixasse a saia e levantasse a camisa pra que minha barriga abaixo do umbigo ficasse exposta.

Ela passou um gel e em seguida passou uma maquininha em cima e começou a pressionar sobre minha barriga. Entrelacei meus dedos com Rafael e ele olhava atento cada movimento da  imagem na televisão.

- É um bebê de nove semanas, ou seja, acabou de entrar no terceiro mês, e daqui três semanas finaliza o primeiro trimestre. Ele está medindo 19mm, tem o tamanho de uma cereja. - ri pra Rafael que riu de lado também. - Ele está desenvolvendo bem, está do tamanho ideal. Vou passar algumas vitaminas a mais pra que continue desenvolvendo bem. Querem ouvir o coração?

- Sim! - respondemos juntos.

Em segundos o barulho confuso começou a ser ouvido, mas logo identificamos os batimentos do nosso bebê. A sensação era indescritível. Olhei pra Rafael e ele estava com os olhos fechados ouvindo as batidas. Me emocionei e respirei fundo tendo todos os meus sentidos voltados pra aquele momento.

O CHEFE DO TRÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora