Capitulo 20

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RAFAEL.

- Rafa... - me recusava a abrir os olhos, meu sono estava bom. - Rafael... Ei, acorda... - a voz doce de Madu me chamava e eu só resmunguei e puxei ela mais pra perto ignorando completamente que ela estava me chamando. Ela riu e me cutucou com o cotovelo.

- O que foi, linda? Vamos dormir... Ainda é cedo.

- O telefone tá tocando, deve ter alguém querendo subir. - estranhei já que tão cedo em uma segunda feira era difícil alguém me procurar.

Dona Jane tinha a chave e acesso ao meu apartamento então não seria ela.

Mesmo contragosto eu levantei e atendi o telefone curioso pra saber quem era.

- Senhor, bom dia! Tem um homem querendo subir, se chama Renato Soares.

Eu soltei uma risada anasalada.

- Não libera, eu vou descer.

Tava demorando pra ele aparecer, Renato fez o esforço de vir até aqui e poupou meu trabalho de ir até ele.

Escovei meus dentes e troquei de roupa rápido e beijei Madu que me olhava sem entender.

- Vou precisar descer pra resolver um negócio, mas já volto. - ela assentiu e fechou os olhos pra dormir mais.

Peguei uma pistola caso ele tentasse alguma gracinha e saí de casa, desci pelo elevador até a entrada, ele estava lá de costa pra mim impaciente porque eu demorei propositalmente.

- A que devo a honra da sua visita, delegado? - soei irônico.

- Seu filho da puta! - gritou e tentou partir pra cima de mim mas foi controlado pelo segurança. - Devolve minha filha, seu vagabundo.

- Vagabundo não cara, eu trabalho. E vou te devolver tua filha pra que? Pra ela virar saco de pancadas de novo? Ela ta bem melhor comigo, acredite.

- Não interessa pra você a forma como eu educo minha filha.

- Educação? Educação vem de exemplo, que exemplo você e sua mulher estão dando pra ela? Me diz!

- Cala a sua boca. Traga Maria Eduarda aqui ou eu volto amanhã mesmo com um mandato pra tirar ela a força de lá. Você não sabe o que eu sou capaz.

- Sim, eu sei do que você é capaz. - eu me aproximei ficando cara a cara e colocando o dedo indicador no peito dele. - Você é capaz de agredir mulher, tua própria filha a troco de sabe Deus o que, é um covarde. Maria Eduarda não vai sair daqui, pode derrubar o prédio, chamar quem quiser, trazer porra de mandato, ela não vai sair daqui enquanto eu estiver aqui.

Ele me olhou com ódio no olhar, só não mais ódio que eu. Mas precisei me controlar porque se eu socasse a cara dele iria perder o controle de tudo, um cara que faz o que eu faço precisa agir como se pisasse em ovos, precisa somar a consequência de tudo.

Ele socou meu peito e saiu de perto, parecia estar se controlando também pra não me socar.

- Eu vou voltar! E você não vai ter escolha a não ser ser entregar a minha filha. - e assim ele me deu as costas e saiu de perto.

- Some daqui, Soares. - falei mais alto quando ele já estava longe.

Observei ele indo embora e subi novamente encontrando com Dona Jane na cozinha, com certeza passou por mim e eu nem vi.

- Bom dia, filho. Estava com saudade. - ela beijou minha bochecha e eu fiz careta.

- Bom dia, dona Jane. Tá melhor? - ela assentiu, parecia meio triste. - O que tá rolando? A senhora tá pra baixo, normalmente fala pelos cotovelos.

- Nada relevante, não se preocupe.

- A senhora pensa que eu engoli essa história de cair da escada? Não mesmo! Eu vou descobrir o que tá acontecendo, na verdade eu já faço uma ideia, mas vou esperar a senhora me falar.

- Deixa isso pra lá, Rafa. Realmente não é relevante!

- Bom dia! - Madu apareceu na sala onde estávamos e Dona Jane a olhou analisando. O cabelo molhado mostrava que tinha acabado de tomar banho e vestia roupas mais confortáveis, um short jeans e uma camiseta branca. Linda.

- Bom dia, o que aconteceu com você menina? - Madu abaixou a cabeça e Dona Jane me olhou com um olhar sugestivo e neguei com a cabeça. - Desculpe a minha intromissão, eu sou a Jane, trabalho com o Rafa há tempos.

- Não tem problema, dona Jane. Eu sou a Maria Eduarda, é um prazer conhecer a senhora.

- Que menina educada, escolheu bem dessa vez Rafael. - vi Maria Eduarda ficar quase roxa e eu ri.

Dona Jane costumava ser espontânea demais, sincera a um nível extremo.

- Bom, eu estava preparando o café, trouxe pão quentinho e vou passar seu café preto. Você gosta de comer o que, pequena? - Madu se sentou do meu lado na mesa e ainda estava tímida.

- Eu não tô com fome, obrigada. - Madu deu um sorrisinho e a mais velha olhou de cara feia com os olhos cerrados. - Mas vou tomar um café preto. - dona Jane soltou uma risada e foi pra cozinha.

- Você tá tensa, relaxa. Você tá em casa. E dona Jane é de casa também, tem bronca não.

Ela assentiu e parecia ainda cansada, na verdade o que estava cansado era seu psicológico e acabava refletindo no físico.

Nessa uma semana que fiquei sem ver ela, percebi que ela havia emagrecido bastante, por ficar sem comer, mas iria garantir que ela voltaria a ser saudável.

- Porque tá me olhando assim? - ela perguntou me tirando da minha linha de raciocínio.

- Assim como?

- Assim, fixo. Como se eu fosse a última coisa que você vai ver. - eu ri.

- Tava só pensando. - agora ela quem me olhava fixamente.

- Aquele cara que tava aqui ontem... - ela começou e eu respirei fundo porque agora teria que contar a verdade e ver na sorte se ela vai ou não querer continuar perto de mim.

Não dava pra mentir, Cauê tava na minha casa, não podia dizer que o cara que drogou ela invadiu meu prédio, comeu pizza na minha sala e eu virei amigo dele.

E eu de certa forma queria abrir o jogo pra ela, colocar as cartas na mesa, esclarecer tudo. E eu faria isso, sem nenhum receio.

O CHEFE DO TRÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora