Capítulo 56

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Cheguei no hospital mais próximo de onde nós estávamos e Rafael foi encaminhado rapidamente pra sala de cirurgia, pois suas costelas estavam quebradas e ele estava tendo uma hemorragia interna por conta disso. Aguardei na recepção e andava em círculos preocupada em saber como ele estava.

Uma enfermeira me viu de longe e seu olhar era preocupante. Ela caminhou na minha direção rapidamente e parou do meu lado.

- Senhora, você está sangrando. Precisamos te levar pra emergência.

- Eu... eu tô bem. Você tem noticias do meu marido? É Rafael Dias.

- Nós podemos ter notícias do seu marido enquanto te atendemos na emergência. Por favor, vem comigo. - ela pegou no meu braço e me levou pra emergência.

- Eu estou grávida. - falei quando cheguei na sala de atendimento da triagem e ela olhou pra minha barriga. - Mas eu não sei se meu bebê está vivo. Você consegue ver isso?

- Oh... Claro, claro. Vou fazer os curativos dos seus ferimentos e vou te encaminhar pra uma obstetra. - ela começou a limpar o sangue seco da minha perna e costurou minha ferida que Rei tinha feito com a faca.

Depois de cerca de uma hora, eu estava cheia de curativos e com um acesso no braço pra repor os nutrientes do meu sangue. Pois segundo a enfermeira, eu estava desnutrida e desidratada. Agradeci mentalmente por ela não perguntar o que aconteceu, até porque eu não responderia.

- Vou te levar para a obstetra. Vai dar tudo certo. - ela deu um meio sorriso pra mim e eu retribui.

Ela pediu uma cadeira de rodas pra mim e me levou pra sala da médica. A loira alta já me aguardava na mesa e me pediu para sentar na sua frente.

- Maria Eduarda, certo? - ela perguntou e eu assenti. - O que te traz aqui?

- Eu... passei por alguns traumas. Passei dois dias sem me alimentar direito e sofri um acidente que me fez sangrar e eu tenho quase certeza que perdi meu filho. - ela me olhou tentando disfarçar o susto.

- Você quer que eu busque ajuda? Isso não parece um acidente comum.

- Não, tá tudo bem. Eu só preciso me certificar de que realmente eu... o perdi.

- Tudo bem. Você pode deitar na maca e levantar a camisa. - eu fiz como ela pediu e logo ela veio com a maquininha e o liquido gelado na minha barriga. - Você está com 23 semanas, Maria. Você perdeu muito sangue por conta de uma pré eclâmpsia e o descolamento da placenta, o que pode fazer com que o bebê não receba nutrientes e oxigênio suficientes, mas com as medicações certas ele vai receber. Além de ter também uma ruptura uterina leve, mas que também dá pra tratar. Com muito repouso, você vai conseguir levar a gravidez até o fim, zero esforço mesmo. O seu bebê está bem e está saudável mas os batimentos cardíacos estão fracos. Quer ouvir?

Ele está vivo!

Meu Deus! Eu estava estática com essa nova informação. 

- Você tem certeza? - ela me olhou sem entender e eu me toquei de que ela era a médica aqui e se ela disse então estava certo. - Eu quero ouvir. - ela apertou um botão e eu ouvi o barulho que eu tanto amava e que me dava a certeza de que ele estava ali, não era tão forte como na última consulta, mas eram os batimentos dele.

Meu bebê sobreviveu a tudo isso.

Eu chorei de novo sentindo minha ficha cair de que meu bebê está forte e saudável.

Rafael vai ficar doido quando souber.

- E já dá pra saber o sexo. Você quer saber? - ela perguntou.

- Não, eu quero saber junto com o meu marido. - ela assentiu.

- Eu vou imprimir um papel que usam para chá revelação. Vocês podem ver quando estiverem juntos. E também vou imprimir algumas fotos pra vocês.

- Muito obrigada.

Meu Deus, que sensação incrível.

Eu me sentiria completa assim que Rafael saísse da cirurgia. Já se passaram duas horas desde então e eu não tive nenhuma notícia dele.

Voltei pra recepção e me sentei acariciando minha barriga sabendo que ele estava ali comigo e esteve em todos os últimos momentos. O papel do sexo estava na minha mão dobrado e mesmo ansiosa, eu me segurei pra que Rafael soubesse junto comigo.

- Acompanhantes de Rafael Dias.

- Aqui. - Me levantei devagar e o médico me olhou.

- Me acompanhe por favor. - ele disse e eu o segui até sua sala. - O paciente sofreu algumas complicações durante a cirurgia. Ele teve uma parada cardíaca que durou um minuto e meio, e eu não sei como aconteceu mas repentinamente ele voltou a vida. Eu já tinha dado a hora do óbito, mas esse cara tinha um motivo muito mais forte pra viver.

- Meu Deus.

- Ele teve cinco costelas quebradas e uma delas perfurou o pulmão fazendo com que ele contraísse a hemorragia, mas conseguimos controlar. Ele está em observação agora na UTI, mas está fora de perigo. Nós precisamos induzir um coma pra que o corpo dele descanse, mas em no máximo 48h ele desperta.

- Eu quero vê-lo.

- Claro, ele está no quarto privado. Eu vou te levar lá. - eu assenti e me levantei.

Eu estava toda ralada, toda quebrada, cheia de curativos, mas mesmo assim eu arrumei forças pra andar atrás do médico em direção ao quarto de Rafael. Já estava escurecendo e o hospital estava agitado.

Chegamos em uma ala silenciosa onde só se ouvia os barulhos dos aparelhos. E ao entrar no quarto, Rafael estava sobre a cama e cheio de aparelhos conectados ao seu corpo. O seu rosto estava inchado por causa dos socos e pontapés.

- Ele está com o aparelho de oxigênio porque ainda não tem forças pra respirar sozinho, mas é só por um dia. Eu vou te deixar a sós com ele, mas não pode ficar tanto tempo aqui.

- Obrigada, doutor. - disse ainda olhando pra Rafa e ele saiu.

Me aproximei da maca e toquei sua mão, me aproximei e coloquei sua mão na minha barriga. - Olha lindo, nosso bebê está aqui. Ele sobreviveu a tudo isso e estamos te esperando pra comemorar.

Ele não moveu um músculo sequer. Eu puxei uma cadeira e me sentei ao seu lado.

- Eu te amo tanto, Rafael. - eu deitei minha cabeça sobre a mão dele e chorei baixinho. - Você quase deu sua vida por minha causa. Eu te amo, lindo.

O CHEFE DO TRÁFICOOnde histórias criam vida. Descubra agora