Capítulo 2: Reunião de Família

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Celine levantou-se da sua cama, já depois de Cole ter abandonado o quarto, para ir tomar o pequeno-almoço e começar mais um dia de trabalho. Foi até à casa de banho, sentindo-se algo cansada. Olhou-se ao espelho, para o cabelo loiro despenteado e as olheiras que tinha. Não andava a dormir bem e andava preocupada. Não tinha só a ver com o facto de haver tensão acumulada na mansão, desde a chegada de Ryker. Ele não tomava as refeições com os irmãos, mas ele e Cole tinham tido uma discussão bastante feia no dia anterior. E tinham passado apenas três dias desde que Ryker voltara à mansão.

Celine ainda não tinha conseguido falar com ele. Ryker não parecia interessado em falar com ninguém, mas sim em apreciar a mansão. Celine já o observara a nadar na piscina, a jogar ténis e a correr pelo recinto. Portanto, só de se saber que ele andava pela mansão, havia uma tensão no ar. Zelina não parecia afetada, como os outros, talvez por ter conhecido os três irmãos desde que eles eram bebés. Mas o verdadeiro motivo da tensão que Celine sentia era o mesmo que a acompanhava há meses.

Desde que era uma adolescente, Celine tivera o objetivo de ter uma família. Não que não tivesse uma família com pai, mãe e irmãs, pois tinha, mas o relacionamento com eles não era o melhor e queria formar uma família ela própria. A primeira coisa a fazer era encontrar um marido, claro. Sendo adolescente, pensara primeiro num namorado. Alto, bonito, que gostasse dela. Não era demasiado exigente. Os pais tinham dito a todas as filhas que esperavam que elas casassem com alguém com dinheiro. Afinal, a família tinha dinheiro, mas não pensava ter de suportar cada uma das filhas, se elas casassem com falhados sem fundos nenhuns.

Celine secretamente queria alguém de quem gostasse. Mesmo que não fosse um homem rico, não se iria preocupar demasiado. Não tivera muitos namorados e não levara quase nenhum deles para conhecer a sua família. E então, conhecera Cole. Não sabia quem ele era, nem que tinha uma empresa ou que era rico. Ela caíra na rua, tropeçara, nada mais. Ele ia a passar, com o telemóvel colado a uma orelha, mas ao vê-la cair, fora socorrê-la. Ela agradecera, dissera que não se magoara, mas convidara-o para tomar um café. Fora tudo muito natural e em poucos meses tinham-se casado.

A segunda parte de ter uma família, era ter filhos. Só que isso não acontecera. Nos primeiros meses de casamento, nem ela, nem Cole se tinham preocupado muito com isso. Depois, tinham começado a tentar. O problema é que passara mais de um ano e Celine não conseguira engravidar. Cole já falara, ainda que de forma vaga, em consultarem médicos de fertilidade, fazerem exames, mas Celine tinha medo. E se não conseguisse ter filhos? Era algo que queria muito, mesmo muito. Olhando-se ao espelho, Celine pensou que talvez fosse daquela vez. Passou uma mão pela barriga. Estava com a menstruação com três dias de atraso.

- Não quero ter demasiadas esperanças – pensou Celine, abrindo a torneira da água e lavando a cara. Sentiu-se um pouco melhor. – Não quero dizer nada ao Cole, pelo menos enquanto não tiver a certeza se estou realmente grávida.

O marido também queria filhos, já tinham falado disso várias vezes e ele era sempre bom para ela, apoiava-a quando ela estava em baixo e das vezes que chorara, depois de se confirmar que não estava grávida, mais uma vez, lá estava ele, presente, um ombro em que chorar. Mas Celine tinha receio. Sentia que a haver algum problema, seria com ela e que um dia Cole poderia fartar-se. Poderia decidir que estava na altura de encontrar uma mulher que conseguisse dar-lhe filhos. Celine não queria pensar nisso, mas estas ideias infiltravam-se na sua mente.

Tomou um duche, vestiu-se e passou algum tempo a arranjar o cabelo e depois a maquilhar-se. Com a maquilhagem, as olheiras não se notavam, nem o cansaço. Saiu do quarto e foi tomar o pequeno-almoço. Cole já não estava ali, tinha ido trabalhar e não havia sinal de Ford também. Sentada à grande mesa da sala de jantar, Celine sentiu-se muito sozinha. Se ao menos tivesse um bebé, estaria ocupada com outra pessoa. Zelina entrou, perguntando se ela queria café quente, porque o que estava na cafeteira deixada na mesa já devia ter ficado frio.

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