Capítulo 10: A Infiltrada

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Enquanto no interior da mansão a música começava e os três casais finalistas começavam a dançar, cada um dando o seu melhor para conseguir vencer, no exterior, também havia movimento. Audrea fora expulsa da mansão e levada até fora dos portões, como se não passasse de uma convidada indesejada, o que era o caso, mas não na mente dela. Outra pessoa teria ligado ao motorista para a ir buscar e ido embora, mas Audrea não era como as outras pessoas. Afastara-se dos portões, para dar a ilusão de que fora embora. Em vez disso, começara a planear como é que podia voltar a entrar no recinto.

Sabia que não podia simplesmente ir até aos portões e pedir ao porteiro para a deixar entrar. Talvez o conseguisse subornar, mas do que vira do homem, não parecia que conseguisse. Audrea começara a dar a volta ao muro, à procura de alguma forma de entrar. Livrou-se do único sapato que calçava, pois perdera o outro algures no salão, quando a tinham arrastado de lá. Não importava, era melhor andar de pés descalços, andava mais depressa, mas também começara a ficar com eles gelados. Esperara que o muro tivesse algum buraco, mas rapidamente percebera que não. Nem fazia sentido que uma família tão rica tivesse um muro danificado.

Então, chegou junto de uma árvore na rua, que crescera para junto do muro. Calculou mais ou menos o tamanho da árvore e se conseguiria subi-la. Desde que era criança que não subia a uma árvore, mas a necessidade aguçava o engenho, portanto começou a tentar trepar a árvore. Caiu três vezes, rasgou o vestido, magoou os pés e um braço, mas lá conseguiu subir à árvore e passar para cima do muro. E depois, tentara descer de forma graciosa, mas falhara, caindo de forma aparatosa, felizmente sobre um arbusto.

Ficara com o vestido cheio de folhas, depois sujara-o de terra e dera-lhe uma dor de costas que a paralisara durante um minuto. Respirando fundo e apesar de se sentir péssima, não estava disposta a desistir. Começou a caminhar pela propriedade, em direção à mansão. Mancava, disse alguns palavrões, mas persistiu. Não era pessoa de desistir facilmente. Fora escorraçada e agora ali estava ela, de volta, para causar uma cena de todo o tamanho, ainda pior do que antes.

Viu que à porta da mansão estava o segurança que a expulsara, portanto começou a dar a volta à casa. Por essa altura, Tadeo regressara à cozinha. Já não havia muitas pessoas por ali, algumas tinham ido assistir ao concurso, mas ele não estava interessado. Ver Ryker a dançar com a secretária deixava-o zangado e ciumento. Era mais uma discrepância entre classes. Ele estava a servir, enquanto Ryker se podia divertir no baile. Não era justo, ainda para demais depois de Ryker perder todo o dinheiro que podiam ganhar.

Aquela noite não estava a sair nada como Tadeo planeara. O seu plano de roubar carteiras também não resultara, portanto estava tão pobre como antes. Foi ao olhar para a porta da cozinha que viu um rosto a espreitar e reconheceu-o. Audrea recuou, encostando-se à parede e esperando que não a tivessem visto, mas pouco depois Tadeo abriu a porta, saindo para o exterior. Fechou a porta, olhou à sua volta e avistou a mulher. Estava com péssimo aspeto.

- Nem queria acreditar que era você – disse ele, olhando-a. – Como é que conseguiu entrar aqui novamente? Pensei que a tinham mandado embora.

- Mandaram, mas eu voltei. E agora, vai chamar o segurança para me mandar embora outra vez? – perguntou Audrea, em tom desafiador.

- Isso depende. Depreendo que deve querer entrar na mansão outra vez, não é? Vai querer fazer alguma coisa para se vingar – disse Tadeo. Audrea cruzou os braços, não respondendo. – Está bem, não diga, mas sei que assim é. Ora bem, eu não tenho realmente interesse em escândalos, mas também não posso fingir que não a vi. Quer dizer, posso... por um preço.

- Ah, então é assim – disse Audrea. Suspirou e mexeu na sua bolsa, que mantivera sempre junto de si, apesar de todos os problemas. Tirou a carteira e passou uma nota a Tadeo. Ele olhou para a nota com atenção. – Pronto, agora mantenha a boca calada.

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