Capítulo 17: Espreitadelas e Conversas

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A festa de Mrs. Copperwall era menos pretensiosa do que o baile dos Sanderson. Para começar, a casa de Mrs. Copperwall era bastante mais pequena, ainda que tivesse decoração muito moderna e cara, escolhida por uma profissional. O evento servia não só para convívio dos convidados, mas para formação de laços, profissionais e pessoais e para que pessoas que já não se viam há algum tempo tivessem oportunidade para se rever. Muitos dos convidados eram diferentes daqueles no baile dos Sanderson.

Ainda assim, os três irmãos tinham sido convidados. Ryker já sabia que tinha de ir, não que tivesse grande vontade, mas devido à insistência de Adrienne e ao acordo que tinham. Ford, que não ligava a festas, dera de imediato uma desculpa, para não ter de comparecer. Cole não soubera se iria ao não, mas depois de falar com Celine e tendo em conta o que acontecera com a mãe dela, tinham achado que talvez fosse boa ideia conviverem com outras pessoas.

Haviam muitos empregados a circular com comida e bebida. Havia também música ambiente, mas não demasiado alta que impedisse as pessoas de falarem umas com as outras. Ryker, usando um fato escuro, que acabara por pedir emprestado a Ford, andava por ali a circular. A princípio, Adrienne não saíra do seu lado. Usava um vestido branco e cor-de-rosa, que lhe caía muito bem. O cabelo, arranjado no topo da cabeça, num penteado moderno, chamava a atenção. Estava bonita, Ryker tinha de reconhecer.

Tinham falado com outras pessoas, com Ryker apresentando alguns homens que conhecia e pensava estarem solteiros. Claro que as pessoas pensavam que ele e Adrienne estavam numa relação. A própria Adrienne falara disso. O resultado fora que muitos dos homens, ainda que olhassem para ela de forma apreciadora, não se mostravam mais interessados do que isso. Adrienne afastou-se de Ryker, foi falar com outras pessoas e quando ele estava a beber um pouco de champanhe, num canto, ela regressou.

- Não percebo – disse ela, parecendo aborrecida. – O meu plano não está a funcionar.

- Claro que não está a funcionar – disse Ryker, bebendo um gole de champanhe e rindo de seguida. – Eu também achei que não iria funcionar.

- Mas devia. Será que eu sou assim tão desinteressante?

- Adrienne, sejamos sinceros. Tu és bonita, disso não há dúvida e também me parece que és inteligente, pelo menos para coisas do trabalho, mas a nível sentimental és um zero à esquerda. Não faças essa cara, sabes bem que é verdade. No baile, não conseguiste encontrar um homem que te agradasse e aqui eles não te estão a ligar. E sabes porquê? Porque a tua ideia acabou por ter exatamente o efeito contrário. Esperavas vir comigo à festa, dizeres que eras minha namorada e despertar o interesse nos homens. Iriam querer roubar-te de mim.

- Era essa a ideia, sim.

- O que acontece é que os homens que te quisessem roubar, seriam aqueles que na verdade só queriam dar uma voltinha contigo. Querias realmente uma relação com um homem que te fosse roubar a outro? Confiarias nele, para de futuro não fazer o mesmo com outra pessoa? – perguntou Ryker. Adrienne mordeu o lábio e não lhe respondeu. – Pois bem. Ao dizeres que estavas comprometida, acabaste por afastar aqueles que podiam ser teus pretendentes.

- Não sei se tens razão, mas considerando que está tudo a correr mal... pode ser que tenhas, mas agora não há nada que eu possa fazer. Estou presa nesta mentira da relação.

- Talvez exista algo que se pode fazer – disse Ryker, pensativo, bebendo depois o restante do champanhe. – Se queres que se saiba que estás novamente disponível, isso quer dizer que teremos de acabar tudo, o que por mim é bastante bom. Sejamos sinceros, eu não estou a ganhar grande coisa com isto e como tu viste, para o teu lado também não.

- Ainda agora é a nossa primeira aparição pública. Não podemos simplesmente dizer às pessoas que já acabámos tudo.

- Dizer seria pouco efetivo, mas claro que podemos acabar tudo. Uma discussão no meio da festa, só porque sim, seria de mau gosto, mas se um de nós fosse apanhado a trair o outro e isso se espalhasse, enfim, seria diferente. E obviamente que quando eu digo um de nós, estou a referir-me a mim – disse Ryker. Adrienne franziu o sobrolho. – Os homens ficariam a saber que tu estavas novamente disponível e claro que tu poderias fazer o papel de vítima traída. Pobre mulher bonita, traída pelo namorado.

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