Capítulo 7: Confusão no Baile

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Brendan sentia-se stressado. Afinal de contas, era sobre ele que recaía a hierarquia da comida do baile. Ele era o chef e era o chefe de todos. Coordenara as coisas, dera ordens, ajudara a preparar a comida. Agora a cozinha estava muito menos movimentada do que antes. Os empregados que tinham as funções de servir comida e bebida estavam ocupados maioritariamente no salão e apenas vinham à cozinha para vir buscar mais comida ou bebida, antes de saírem novamente.

Brendan, o seu assistente e outros dois empregados estavam a terminar de fazer os últimos aperitivos e mini sanduiches, antes de poderem dar por terminada a preparação da comida e passarem à limpeza do espaço. Ainda assim, Brendan estava stressado. Até ao momento, parecia estar tudo a correr bem, mas tinha receio de receber algum tipo de reclamação. Além de que só ficaria efetivamente calmo depois do baile ter mesmo terminado. Era o primeiro evento importante para o qual cozinhara, ali na mansão, pelo que tinha de mostrar que podiam confiar nele.

- Devemos fazer mais mini sandes? – perguntou o ajudante de Brendan.

- Penso que não deve ser necessário – respondeu Brendan. – E se for, poderemos fazê-las rapidamente. Não vale a pena estarmos a fazer demasiada comida, que acabará por não ser consumida.

- Podia ser que ficasse depois para nós provarmos.

- Isso já não nos compete a nós decidir – indicou Brendan, mas era verdade que no meio de tanta comida que fora preparada, seria bom eles poderem comer alguma para eles próprios. Por essa altura, Tadeo entrou na cozinha, com uma travessa vazia numa das mãos. – Tadeo, podes levar aquela travessa ali, por favor. As coisas estão a correr bem?

- Sim, até ver há muitas pessoas a comer e a beber – respondeu Tadeo, aproximando-se de uma bancada, onde estava pousada uma travessa com canapés. – Mas é só o que sabem fazer, obviamente. Havias de ver alguns daqueles homens e mulheres, gordos, vê-se que não fazem nada, nem querem fazer. Esses só vieram mesmo para comer e beber, porque duvido que vão dar sequer um pé de dança. Exercício físico é algo que devem desconhecer.

- Não devias falar assim dos convidados dos patrões – disse Brendan. – Se alguém lhes for dizer que disseste isso, podes meter-te em problemas.

- Até parece que estou a dizer alguma mentira. Uns com tanto, outros com tão pouco. A vida é realmente injusta. Pelo mundo, há pessoas a morrer de fome e aqui, há pessoas a empanturrar-se, tanto que ainda saem daqui a rebolar. E há uma mulher, que apareceu com uma mala bastante grande ao ombro. Vi-a aproximar-se mais do que uma vez das duas mesas de comida que estão no salão, para quem se quiser servir por si mesmo. Parece-me que ela anda a pôr comida dentro da mala, para levar para casa.

- Não estou a ver que algum convidado fizesse isso – indicou Brendan. De seguida, deu uma ordem ao seu ajudante, que se afastou.

- Pois é o que te estou a dizer e não tenho interesse nenhum em estar para aqui a inventar algo assim. Aquela está a usar um vestido que tem ar de já não ser novo. Se queres que te diga, o que acho é que ela já viu melhores dias, mas ainda assim veio ao baile, para mostrar que é uma destas pessoas ricas, mesmo que agora possa não ter onde cair morta. E assim, leva alguma comida com ela – disse Tadeo, sorrindo ao imaginar a situação. – Pois é, algumas destas pessoas podem não ser aquilo que se pensa, mas dão ares de serem melhores do que os outros.

- Vais ficar aqui a conversar ou levar a travessa para dentro?

- Já vou, já vou. Já agora, as pessoas parecem estar a dizer bastante bem da comida – disse Tadeo. Brendan olhou-o com atenção e depois sorriu. – Ouviu as pessoas a comentarem, entre si. Ninguém me disse nada diretamente. Devem pensar que não se pode dirigir a palavra aos empregados, como se não fôssemos humanos e não tivéssemos qualquer tipo de importância. Talvez te chamem para ires receber elogios pela comida.

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