Capítulo 14: A Arrecadação

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- Tem a certeza de que isto é uma boa ideia? – perguntou Zelina, bastante incerta.

- Vale a pena tentar – disse Celine, com bastante mais confiança. – Não podemos deixar as coisas como estão. Aqueles três têm de se entender e visto que não parecem conseguir fazê-lo de uma forma normal... talvez assim resulte.

- Não concordo. Acho até que pode ser perigoso. Podem matar-se.

- Oh, Zelina, claro que não – disse Celine, rindo-se. – Agora, vamos fazer conforme combinámos. Eu vou falar com o Cole e o Ford e você vai chamar o Ryker. Não podemos falhar, senão eles vão perceber e o nosso plano vai por água abaixo.

- Está bem, eu faço o que me diz, mas se isto correr mal, fique bem claro que é o seu plano e não o nosso plano – avisou a governanta.

As duas mulheres, que estavam num dos corredores da mansão Sanderson, separaram-se, cada uma indo para um lado. Celine fez o seu caminho até ao escritório de Cole. Ele ficara a trabalhar lá e Celine vira Ford entrara no escritório pouco antes, portanto tinha os dois onde os queria. Celine ficara a pensar de noite no que poderia fazer. Isto porque ao jantar do dia anterior gerara-se uma discussão da qual ela não gostara nada. Ryker aparecera, Cole ficara aborrecido, dizendo-lhe que não podia comer com eles. Ford tentara inicialmente minimizar a situação, mas acabara por se aborrecer com Ryker e até com Cole, pela forma como ele falara.

No final de contas, Ryker fora embora, bufando contra os dois irmãos, Cole passara o resto do jantar a reclamar e Ford ficara muito calado. Celine detestara aquilo. Sabia que Cole e Ford fariam as pazes, como acontecia sempre, mas em relação a Ryker, a situação era diferente. E ela estava farta disso. Não queria confusões na sua casa, portanto tivera uma ideia. Era simples e podia não resultar, mas por vezes os planos mais simples tinham sucesso. Bateu à porta do escritório e a voz de Cole mandou entrar. Ela assim fez. Cole estava sentado atrás da sua secretária e Ford estava de pé.

- Querida, precisas de alguma coisa? – perguntou Cole.

- Sim, preciso, da parte de ambos. Tenho estado a pensar que, visto que estamos a pensar seriamente em ter filhos, Cole, precisamos de ter um berço. Lembrei-me que disseste que o berço que tu e os teus irmãos usaram está na arrecadação. Quero vê-lo, para perceber se está em condições.

- Posso pedir a um emprego para o localizar.

- Estamos a falar do futuro berço do nosso filho ou filha, Cole. Não me digas que não te preocupas o suficiente para ires tu próprio à procura dele?

- Ora... é só um objeto, eu posso...

- Não queres ter o trabalho de o ir procurar? Será que vai ser assim quando tivermos um filho também? Ele chora e tu chamas um emprego, em vez de tratares dele? – perguntou Celine. Mostrava-se aborrecida, como não era costume. Era uma farsa, portanto podia exagerar. Viu o marido ficar alarmado. Virou-se para olhar para Ford. – E tu, Ford, concordas com isto?

- Eu... hum... não sei bem o que responder.

- Temos muito tempo para encontrar o berço, Celine.

- Mas eu quero vê-lo hoje. Daqui a uns minutos, portanto quero que vocês os dois o vão procurar. Vá, não fiquem a olhar para mim assim. Estou numa altura complicada do mês e sinceramente não estou com paciência para ser contrariada.

Cole e Ford entreolharam-se e pouco depois estavam a sair do escritório, indicando que iam num instante à arrecadação. Celine sorriu. Não gostava nada de agir daquela forma mandona, a sua personalidade não era assim, mas resultara. Aguardou uns segundos e depois seguiu-os. Esperou que Zelina conseguisse arrastar Ryker até à arrecadação também, muito em breve. A arrecadação ficava para lá da garagem. Era um edifício baixo e poeirento, com algumas janelas pequenas junto ao teto, que serviam para deixar entrar um pouco de luz e não muito mais.

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