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Assim que o dia amanheceu, a luz se fez presente em toda sala. Esquecemos de fechar a cortina. Ninguém tinha acordado ainda, então resolvi ir fechar antes que a claridade incomodasse mais alguém.
Me levantei meio tonta e andei com os olhos quase fechados até a cortina e a puxei devagar pra não fazer tanto barulho. Com a sala já escura de novo, volto a me deitar no colchão e sinto Chris passando o braço ao meu redor e afundar seu rosto em meu ombro.
-Quantas horas? -Ele resmunga, baixo.
-Cedo, pode voltar a dormir. -Respondo, colocando meu cabelo pra cima pra não o incomodar.
-Ok, até amanhã amor. -O menino diz, sonolento e volta imediatamente a cair no sono.
É claro que eu não ia conseguir dormir mais depois disso. Sabia que provavelmente tinha saído sem querer, foi atoa, só por causa do sono, ou até mesmo poderia estar sonhando e falou alto, mas ele me chamou de amor. Pela primeira vez.
Fico reflexiva sobre isso por mais algumas horas naquela manhã até Matt acordar e pegar seu celular. Dou um sorriso pro menino e tiro o braço de Chris da minha cintura, me levantando e fazendo um sinal pra que Matt me seguisse.
-Tudo bem? Tá meio cedo ainda. -Ele pergunta, confuso, mexendo o cabelo e bocejando com sono.
-Passei a manhã inteira acordada e acho que estou ficando maluca. -Digo, me apoiando na bancada e colocando minhas mãos em meu rosto.
-O que aconteceu? -Matt me olha, preocupado, e eu me sinto mal por um segundo.
Não era nada demais e eu estava fazendo de uma palavra uma tempestade em copo d'água.
-Ok, eu acordei pra fechar a cortina hoje mais cedo. -Começo a dizer, tirando as mãos do meu rosto e olhando pra baixo.
-E quando me deitei de novo Chris perguntou as horas, falei que era cedo e ele podia voltar a dormir, e aí ele falou "ok, até amanhã amor". -Faço aspas com a mão.
-Ok? -Matt me olha confuso.
-Ele nunca me chamou de amor. -Coloco minha mão em meu braço, meio tímida por ver o quão idiota isso parecia.
-Oh, entendi. -Ele passa a mão pelo cabelo, me olhando compreensivo.
Dou um sorriso sem graça, sem saber o que falar sobre isso.
-Vocês conversaram sobre o que têm depois que a gente voltou da viagem? -Matt pergunta, se apoiando do meu lado na bancada.
-Não. Nós nos falamos todos dias, e até madrugamos alguns dias conversando. Aquele dia no ofurô ele falou que estava apaixonado por mim. A gente se trata como namorados o tempo todo, mas não falamos sobre, só deixamos rolar.
Brinco com meus dedos enquanto falo e o garoto me escuta com atenção.
-Eu gosto muito dele, Matt, muito mesmo. Isso me assusta, sei que ele tem medo de namorar, e não sei o que pensar sobre isso também, apesar de que pra internet toda a gente tem um relacionamento. Na vida real eu nem sei o que a gente é, mas eu tô surtando porque ele disse uma palavra e nem deve se lembrar quando acordar.
