capitulo 7

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Yeri pov's

Dormi mal durante a noite e acordei às seis da manhã depois de apenas duas horas de sono e tempo além da conta passado nas redes sociais, um vício do qual não me livro porque sempre me ajuda no trabalho.

Coloco a depilação em dia assim que entro embaixo do chuveiro e sinto meu estômago embrulhado diante do que eu sei que irá acontecer hoje.
Não será sexo, mas com certeza será tão íntimo quanto.

A última vez que deixei alguém se aproximar tanto de mim, ele me deixou com marcas roxas no pescoço e um trauma enorme de me envolver com alguém de novo. Talvez seja por isso que me sinto mais segura com a s/n.

Eu sei que não faço o tipo dele porque sua antiga namorada, Maia, parecia uma modelo com longas pernas, corpo malhado e um cabelo loiro e comprido que dava inveja em qualquer uma, além de ser sofisticada e com certeza não ficar bêbada tão facilmente quanto eu.

S/n também não faz meu tipo. Nunca gostei de pessoas certinhas e organizadas, sempre tive uma queda pelos rebeldes e tatuados. Pensar no meu tipo piora meu estado de nervosismo. Mino era tudo o que eu pensei que queria em um homem e não hesitou em me jogar na rua embaixo de uma chuva torrencial e machucada por dentro e por fora.

Organizo um pouco a bagunça da minha casa com facilidade já que o segundo andar tem apenas uma sala conjunta com a cozinha, um único quarto grande com banheiro e uma pequena área de serviço. A parte que eu mais amo é a ampla varanda aonde posso me deitar e olhar para o céu, ou então ficar pegando um bronzeado de maneira preguiçosa nos dias de verão.

Termino de me arrumar para o trabalho e calço minhas inseparáveis sapatilhas, perdendo tempo a procura do passe de ônibus que ficou dentro da minha calça suja do dia anterior.
Saio de casa e sou saudada por um sol forte e que eu adoro já que inverno é uma espécie de inferno pessoal para mim que sou muito friorenta e quero apenas ficar embaixo das cobertas assistindo a TV.

Assim que desço as escadas, encontro s/n também saindo e imediatamente minhas bochechas esquentam, assim como as dela.

- Bom dia, yeri- ela fala meio sem jeito, abrindo o portão para que eu passe.

- Bom dia, s/n.
Ficamos nos encarando em uma mistura de ansiedade e constrangimento até que resolvemos falar ao mesmo tempo.

- Fala você - ela diz por fim.

- Então... - começo, sem saber direito como escolher as palavras certas. - Eu preciso entregar o primeiro rascunho da reportagem até amanhã.

S/n morde o lábio e ajeita a alça da bolsa.

- Você queria dizer que desistiu? - suponho ao notar seu desconforto.

- Não - ela nega com um suspiro. - Apenas para dizer que as oito horas bato na sua porta, ou você acha que vai ser melhor na minha casa?

- Acho... Acho que na minha casa.

- Certo, então até lá.

Nós duas estamos com tanta pressa para nos livrarmos da conversa constrangedora que nos esbarramos na tentativa de passar pelo portão. Ela me segura pelos ombros e impede que eu caia na calçada.

Ficamos nos encarando por um momento, os intensos olhos castanhos dela focados completamente em meu rosto, fazendo eu descobrir que a bordinha de suas íris são de um tom verde e seus cílios são longos e escuros.

- Tenha um bom dia de trabalho, yeri -s/n diz ao me soltar.

Apenas balanço a cabeça e a observo entrar em seu carro, estacionado do lado de fora da garagem.
Ainda estou nervosa quando começo a andar até o ponto de ônibus e não ajuda nada que eu encontre as mesmas duas senhoras do dia anterior e elas pareçam ainda mais interessadas na minha vida.

(...)

Momo me lança um olhar desconfiado quando eu digo, com uma falsa confiança, que até amanhã ela terá o primeiro rascunho que tanto quer.

- A revista precisa desse patrocínio, yeri - ela fala em um tom mais baixo do que de costume, apesar de só estarmos nós duas na sala do café. - Com qualquer um podendo ser jornalista em posse de um celular com uma boa câmera, nós, os jornalistas de verdade, precisamos nos esforçar em dobro e com a Ilda como colunista da Amor&Sexo, perdemos muito patrocínio nessa área pela maneira fechada dela encarar a sexualidade. Espero que com a sua visão jovem e cheia de vida as coisas melhorem.

Ela me lança um último sorriso antes de sair carregando um copo térmico cheio de café. Momo é meu exemplo, apesar dos surtos ocasionais de mau-humor. Com trinta e seis anos, ela tem uma carreira sólida e é uma mulher linda, sofisticada e cheia de estilo com amigos influentes em todas as áreas. Seu cabelo preto e a pele clara, contrastando com lindos olhos castanhos, lhe dão um falso ar angelical porque quando aquela mulher resolve se colocar na posição de poder é pernas para quem te quero e ganhar a aprovação dela é um marco importantíssimo para minha carreira.

É por isso que quando sento em minha cadeira e começo a pensar sobre o que farei à noite, não me sinto mais envergonhada por ter feito aquele pedido a s/n. Eu quero apenas crescer na vida e provar o meu valor, nem que para isso precise de uma professora de preliminares.

(...)

Estou uma pilha de nervos e a ajuda de seulgi para uma meditação guiada está apenas me deixando mais frustrada por não conseguir esvaziar a mente da forma que ela acha que qualquer um consegue.

- Não dá para ao menos apagar essa vela fedorenta?

Faço a pergunta abrindo apenas um dos olhos. Estou em seu estúdio de pilates, em uma sala reservada, e na posição de lótus tentando acalmar minha mente. Será que seulgi pensa que eu tenho uma deusa interior como a Anastacia de cinquenta tons de cinza?

- Essa vela é ótima.

Apenas bufo e continuo tentando seguir as instruções de meditação, mas depois de trinta minutos desisto e calço meus coturnos, pegando a minha bolsa e percebendo que meditar não é muito a minha praia.

- Vou nessa - digo quando ela se levanta e para na minha frente. Está usando um conjunto de ginástica lilás e com os cabelos loiros presos no alto da cabeça.

- Boa sorte, amiga - seulgi me abraça apertado. - E goze gostoso. Acho que seu humor vai melhorar bastante depois disso.

Olho para ela com desdém e então pego um Uber para casa, mais ansiosa do que nunca para o que vai rolar.

Assim que entro, percebo que o carro de s/n ainda não está na garagem e subo para minha casa.
Vou direto para o banho e tento relaxar embaixo da água morna, pensando na roupa certa para vestir em uma ocasião assim. Lingerie sexy?
Camiseta larga? Pijama de ursinhos?
Acabo optando por um vestidinho de algodão um pouco acima dos joelhos e prendo meus cabelos em um rabo de cavalo frouxo. Ainda estou me olhando no espelho quando ouço uma batida na porta.

Já sei por antecedência que é ela porque tem um interfone que sempre toca na minha cozinha quando é alguém de fora que vem.

Respiro fundo, ajeito os cabelos rebeldes para trás da orelha e olho para a sacola da safadeza uma última vez antes de me dirigir a porta.

A virgin in trouble(imagine yeri)Onde histórias criam vida. Descubra agora