Capitulo 06

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Minha mão que estava colocando teu cabelo pra trás da orelha, pousa na tua bochecha, vejo seus olhos descerem até os meus lábios, e eu umedeço eles na tentativa de te provocar, mas você não cai nessa.

—Desculpa.—você diz se virando sem graça e indo ao controle do barco novamente.

Eu te viro, e te puxo de volta contra o meu corpo, minhas mãos agora estão pousadas na sua cintura, você parece meio confusa.

—Luara—
Eu não sei o que fazer, na verdade eu sei exatamente o que eu quero fazer, por mim eu já tinha me afundado naquele lábios enormes, parecia ser tão macio. Fazia tanto tempo que eu não me sentia assim, desde que vim pra África, não consegui me envolver com ninguém direito.

—Teto, eu não quero confundir as coisas.—digo depois de muito custo.—Trabalho é trabalho, não quero ser antiprofissional.—tento afastar meu corpo.
—Seu trabalho ficou lá, isso aqui não tem nada a ver com ele. Que tal tu se deixar levar por uma noite?.—ele diz olhando no fundo dos meus olhos.

Seus olhos pareciam uma jabuticaba de tão grandes, apesar de fofos eles me intimidavam, seu lábio estava a centímetros do meu, e tudo que eu mais queria era jogar tudo pro ar e te agarrar naquele instante.

—Teto.—respiro fundo.— esse trabalho é muito importante pra mim, eu não quero correr o risco de perder ele, esse dinheiro...você não tem ideia do quão ele vai ajudar por aqui.—digo conseguindo me afastar, virando de costas e indo até a ponta do barco.
—Chega aqui.— ele diz se sentando do meu lado.

Esse jeitinho dele sossegado me deixava tranquila, mesmo em momentos assim. Eu me sento do seu lado.

—Tá ligado a Clara? Que falou contigo mais cedo?.—ele olha pra mim com aqueles olhos lindos.
—Sei.—digo meio sem jeito.
—Ela e o tue namoraram por uma cota, e nunca deixaram de ser sócios mesmo depois que terminaram, eles tem uma relação foda, ela é a mãe do pivetinho dele. Trabalho é trabalho, vida pessoal é vida pessoal, são coisas diferentes.—ele diz abrindo um sorriso, parecia até que ele sabia que aquele sorriso era o que mais me ganhava.
—É complicado.—digo olhando para baixo.
—Eu entendo, fica de boas.—ele diz colocando a mão sobre a minha coxa.

Ele faz um carinho, e eu sinto meus pelos arrepiarem, que merda, ele sorri bobo.

—Tá friozinho? O ventinho?.—ele diz me implicando, com um sorriso malicioso em seu rosto.
—Uhumm.—digo sorrindo de volta.

Ficamos em silêncio observando a vista, os cachinhos dele voavam se bagunçando, os olhos gigantes dele me chamavam a atenção. Credo desde quando a vista linda que eu tava observando era um homem, ele era estranhamente lindo, eu não conseguia tirar meu olhar dele. Até que percebo uma ilha em nossa frente, e volto para o comando do barco.

—Bem vindo a minha casinha atualmente.—digo apontando pra ilha na nossa frente.
—Mo paz.—ele diz em relação a ser no meio do nada.
—Você não tem nem ideia.
—Deve ser uma delícia morar aí, vei.—ele diz me ajudando a parar o barco.
—Não vou mentir, é incrível.—ele desce e me dá a mão para me ajudar a descer.

Já está bem mais escuro, é possível ver, mas com dificuldade, tiro uma lanterna da bolsa e entrego em sua mão. Enquanto caminhamos até a faixa de areia, uma onda quebra fazendo com que molhe até nossa cintura.

—O celular tá no bolso?—pergunto preocupada.
—Tá, mas ele seca.—ele diz calmo como se nada o abalasse.
—Me da aqui, vou colocar na mochila.—ele tira do bolso e me entrega. —tem mais alguma coisa?
—Não, eu não vim preparado pra excursão.—ele ri.

Chego mais perto, coloco a perna por trás da sua e te empurro, saio correndo pra faixa de areia.

—Abestalhada.—ele diz rindo enquanto se levanta encharcado.—tu corre.— ele começa a correr atrás de mim.
—Saiiiiii.—digo gritando chegando na faixa de areia.
—Vem cá.—ele diz me pegando por trás, só da tempo de jogar a bolsa na areia.

Ele me joga em seu ombro e corre até o mar.

—Paraaaaaaa tá geladaaa, eu tava só brincando.—digo numa tentativa falha de convencer ele a não me jogar.
—Eu também.—ele diz me jogando na água.

Levanto passando a mão no rosto, e vejo ele todo bobo parecendo uma criança rindo de mim.

—Oh bixa boba vei.—ele diz jogando água no meu rosto.
—Você tava precisando de um banho.—sorrio chegando mais perto dele.
—Cara, tu fez isso porque tu tá em casa né danada, como que eu fico?.—ele diz me jogando na onda que está atrás de mim.
—Peladooo.—eu grito antes de me afundar na água.
—Esse era seu plano então né.—ele diz enquanto eu subo de volta pra superfície.

Só dou um sorrisinho, e vou caminhando pra fora do mar, ele me segue e a gente entra na trilha pra chegar nos "dormitórios".

—Fica aqui.—digo cochichando apontando pra um banquinho no centro.

Entro na tenda das beliches e pego duas toalhas, uma roupa pra mim, caminho até o fundo dela, e pego uma roupa na pilha de doações pra ele. Saio da tenda e vejo ele parecendo um pintinho molhado.

—Pega.—jogo a toalha.—Vê se serve em ti, não é de marca mas é feita artesanalmente.
—Nossa, é linda.—ele diz tirando a blusa molhada dele e puta que pariu.

Essa sim foi a vista mais linda de hoje, ele tinha diversas tatuagens espalhadas no corpo que eu não tinha notado ainda, ele se seca e veste a blusa, era uma camisa de botão, de maga curta, feita de linho.

—Irada.—ele diz abotoando ela.
—Tem um banheiro ali.—digo vendo ele se levantar para tirar a calça.
—Não era tu que queria ver o tetinho pelado.—ele ri e caminha até onde eu apontei.

Corro pra o outro banheiro também, me seco e me troco. Quando eu saio me deparo com ele todo fofinho com a calça e a camisa de linho que entreguei pra ele.

—Vem, vamo dar uma volta pra você conhecer minha terrinha.—digo cochichando ainda.

Luar // TetoOnde histórias criam vida. Descubra agora